capítulo 2

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LORENA JOHNSON

No começo da semana minha cabeça começou latejando com o barulho do despertador, que me fez levantar no segundo seguinte, lembrando dos próximos passos com as minhas funções, me lembrando que hoje eu deveria tomar posse da supervisão do novo negócio. Eu conheceria o novo investidor que trabalharia nessa área, não pude conhecer ele na festa, pelo belo motivo que também não vi meu pai pelo resto daquela noite. Na segunda nos reunimos e com toda calma, me passou essa nova tarefa, confesso, um desafio, saber atuar em uma empresa solo e fácil, supervisionar e gerir algo no começo? Bem, é como se eu estivesse no meio de um campeonato e meu pai tocasse a bola que me levaria ao gol. E eu tinha que fazer esse gol.
- Bom dia, está maravilhosa – Rafa fala, enquanto passo pela cozinha.
- Bom dia, parece que acordou cedo – Debocho, em forma de falar e indicar o meu descontentamento com a forma que ele burlou a regra da casa. – Como foi com a morena ontem?
- Ela era uma delícia, mas depois ela foi bem cedo pra casa – Ele falou, rindo, enquanto puxei um pouco de suco e tomei, encarando o relógio e vendo que eu tinha um caminho pela frente.
- Sabe as regras Rafael, não traga essas meninas, você ganha bem pra ir para qualquer lugar – Ele se encolhe e assente, entendendo. - Tenho que ir, beijos.
As oito eu estou passando pela portaria do edifício espelhado ao qual meu pai me passou o endereço ontem a noite junto com o relatório, caminhando bem sobre o salto e mantendo a postura, sabendo que ao passar pela porta eu era alguém, era cobrada pelo meu pai para cuidar disso. E isso me deixa no braço direito dele e no coração.
Uma responsabilidade grande.
O porteiro abre a porta e eu dou um sorriso, entrando no saguão e vendo a calmaria, mas na bancada de atendimento, na parede atrás dela eu vejo as letras de inox, vendo o sobrenome e a referência.
Indústrias Crusley.
Por um segundo a imagem do homem e a sensação do beijo me vem a cabeça, fazendo eu ter a sensação que eu devia ter o procurado mais.
Mas se eu fizesse isso eu poderia ser chamada é indicada como uma pessoa louca.
E se fosse, bem, seria louca por ele.
Mas ele nem pra voltar e dar outro beijo? Ah, não pode iludir as pessoas assim, temos expectativas.
Precisei passar pela recepção do saguão e subir para o vigésimo terceiro andar, onde eu encarei mais uma recepção e me aproximei, encarando o olhar em minha direção, que me fez descer o olhar para o crachá de uma mulher.
- Bom dia Jane, eu estou com hora marcada – Puxo o cartão e deslizo pela vidraça do balcão que nos separar.
- Oh, Srta. Johnson, Sr. Crusley já avisou da sua chegada, terceira porta – Eu aceno para ela e me mexo, quando paro de frente para a porta de madeira eu bato duas vezes e a voz surge alta, eu sinto como se fosse um dejavu.
E quando eu abro, eu tenho a surpresa mais filha da mãe, não digo pela visão dos arranhas céus na janela horizontal atrás do homem de terno, muito menos do quadro na parede ao lado.
Em segundos eu me surpreendo com quem está na minha frente.
Ele.
Os olhos azuis se erguem me encarando e aquilo me faz ficar balançada.
E ainda mais quando ele me olha dos pés a cabeça. Da mesma forma que eu o encaro, notando o rosto marcado, relaxado, como se não estivesse acontecendo nada.
- Srta. Johnson. Como é bom rever você – Fico parada, vendo ele abrir um sorriso. Eu sei que é o mesmo sorriso pretensioso de antes. – Não vai me responder? – Pergunta, achando graça e isso me faz acordar.
– Desculpa, não esperava encontrar você – Sinto o nervosismo.
– Você sempre pedido desculpa – Ele se move, ficando de pé e fechando o botão do terno.
A ficha cai quando ele dá a volta na mesa e fica na minha frente, se encostando na mesa e apoiando as mão nas bordas.
– Você sabia quem eu era?
- Sim e estava ansioso por isso.
- Não passou na sua cabeça falar isso? Você conhece meu pai e não pensou em me falar aquele dia depois de sumir?
- Eu sou um cara que faz surpresa, você não?
- Não dessa forma, Manual Crusley – Falo, sabendo que eu estava começando a ser frustrada. - Se gosta de surpresa – Faço uma pausa. - Fez mesmo uma.
- Perfeito, porque agora você está aqui. Temos coisas a tratar.
Fala rápido, abrindo um sorriso que me faz segurar o ar devagar e soltar lentamente, para controlar o nervosismo e a sensação que sinto encarando ele.
- Sabe que o que eu falei ainda está valendo, não sabe?
- Que se refere?
- Gosto da maneira que você pensa antes de falar. Vai ser interessante, sabe que eu quero você pra mim ainda – Soltou uma risada, como se ele tivesse falado uma piada e ao mesmo tempo sinto um formigamento e o arrepio na espinha. É quase como se eu tivesse ficado excitada com isso, quase. - Você é alguém pra se ter muito bem.
Aquilo me desperta e me faz me ver como um objeto, não gosto do rumo disso e eu não sou um objeto, não sou um chaveiro.
- É muita arrogância da sua parte Sr. Crusley, me trata como um objeto – Falo, sem sair da linha.
- Você não é um objeto pra mim, é um mulher. Só estou sendo sincero Lorena, quando digo que quero você pra mim, digo a verdade - Ele se afasta da mesa e caminha pela, sala, passa por mim e antes que eu consiga me virar, eu sinto a respiração dele atrás de mim.
- Você e o investidor, não é?
- Minha família, mas eu represento esse negócio, vamos trabalhar juntos senhorita – A voz dele me causa calafrios pela tonalidade, mas eu fico pronta, sabendo que uma joelhada poderia me livrar dele, talvez o spray de pimenta na bolsa.
A palavra trabalho ecoa na minha cabeça e eu dou um passo para frente, me virando na direção dele e encarando os olhos iluminados e brilhantes, a cor azul, como duas pedras preciosas.
- Sr. Manuel, então vamos começar o trabalho. Podemos começar agora? - Digo, dando um olhar mais duro.
Ele parece entender o que falo, porque se mexe rápido, parece chateado e eu sinto isso pelo suspiro que ele dá, mas, ao mesmo tempo, eu vejo ele puxando uma pilha de papéis e erguendo o olhar.
- Podemos – Eu balanço a cabeça satisfeita. - Isso é trabalho, vamos fazer da melhor forma. Certo? Daqui pra frente vamos no encontrar muito - Eu não preciso citar as coisas, ele me parece um homem esperto e cabeça, embora seja novo de aparência, ele fica firme, não sai da linha nem por um único segundo, aquilo me deixa com receio, como se ele fosse um tipo calculista de homem.
- Exato Lorena, vamos nos encontrar muito, até lá vai pensando no que eu disse – Ele solta uma risada. - Vamos trabalhar juntos.
Possivelmente, ele seja mesmo um homem calculista.

LOUCA POR ELE  | LIVRO 1 (Em Pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora