Mais uma noite sozinho, começo a pensar se será assim quando as aulas começarem, espero bem que não. é que me sinto muito sozinho.
São quase 22h e nem sequer jantei, devo? Não, estou sem fome. e sem vontade de fazer nada. Só me apetecia ir para casa, pelo menos lá fazia alguma coisa.
Entretanto, a minha prima Isabel liga-me. Eu e ela sempre fomos muito próximos apesar de sermos totalmente diferentes, fisicamente e psicologicamente.
- olá primo. - ela diz toda alegre
- então.
- como vai a faculdade?
- não vai, ela não tem pernas.
- oh, tu entendeste. - ri-se.
- vai bem. estás-me a ligar porque? não devias estar a dormir?
- Luis, a sério. estás a falar comigo, Isabel.
- ah, desculpa. Esqueci-me que és uma rebelde. - riu-me de gozar com ela.
- sou uma rebelde porque a santidade da minha mãe assim o faz.
- não fales assim da minha mãe.
- nem sabes da última. inscreveu-me num convento.
- estás a gozar, certo?
- não. é claro que não vou.
- não acredito. - mato-me a rir.
- ela está passada da cabeça.
- oh meu deus.
- deixa-me viver contigo Luis, não aguento muito mais isto.
- não vais querer viver comigo. - desanimo.
- que se passa?
- nada, esquece.
- Luis, eu conheço-te. Podes começar a falar.
- não é nada, a sério. - mudo de assunto.- então o que disseste à tua mãe sobre o convento?
- disse que saía de casa se ela não remove-se a inscrição.
- ui, e ela?
- não removeu, passado um mês.
- e continuas aí?
- não, estou neste momento a chegar a Lisboa.
- o que? Isa, volta imediatamente para casa.
- Nem penses, nunca mais ponho os pés lá. Apesar disso, já tenho casa e trabalho.
- tens? como assim?
- dei-lhe um mês para remover a inscrição. Sabia que ela não ia remover portanto, falei c uns contactos e tenho trabalho e casa.
- Vais trabalhar em que?
- escritório.
- e a universidade?
- vou ver se me inscrevo na tua. depois faço-a à noite.
- não podes fazer isso, volta para trás.
- oh, cala-te. Queres ir tu para o convento, na minha vez?
- oh.
- bem me parecia.
- queres que passe pelo teu dormitório e vens conhecer a minha casa.
- Não, diz-me onde é. eu vou lá ter. Aqui também não se faz nada.