Capítulo 33

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Carolpov's:

E mais um dia a caminhar pelas ruas de Nova Iorque sozinha, nos últimos meses os fones têm sido os meus melhores amigos.

Ouvir todas as chamadas de voz que o Luis me mandou é reconfortante porque é da maneira que consigo ouvir a voz dele e fraquejar sem que ninguém saiba.

- hey, é o Luis. como estás? bem, suponho. mas eu estou horrível, fui à cabeleireira e ela apresentou-me uma revista c uma foto nossa do baile a beijarmo-nos. eu estava mesmo a tentar seguir em frente, sabes? mas assim é difícil Carol, lá em casa só me lembro de ti, depois tu esqueceste de jóias cá e eu não quero enviá-las porque quero ficar c elas para mim como recordação, apesar de que naquela casa tudo o que tenho são recordações. Devias estar aqui, o Henrique acordou-me às 07h para ir tomar pequeno-almoço, ele não bate bem. disse que era uma tradição de Porto.comprei-lhe uma prenda, não é grande coisa, mas ele deve gostar. é um lenço cor de vinho e um perfume. Ele tinha me dito que o perfume dele estava a acabar, portanto... espero que não compres igual. isso também não interessa, não estás aqui para entregar. gostava que me atendesses, há coisas que gostava de te contar. em primeiro lugar, eu e a Paula temos saído e a barriga dela já se nota. ela diz que de for menino vai-se chamar Miguel, como eu, mas se for menina vai ser Carolina. espero que seja menino.ainda, já não tenho a consciência tão pesada como tinha à uns tempos atrás, até porque descobri umas coisas. não interessa, esquece. bom, parece que estou mais calmo. Desabafar contigo faz-me bem. estou a sorrir, não te preocupes. então, é isso. até um dia Schnizer.- repito a mensagem de voz

Não sei quantas vezes ouvi a última mensagem dele, mas foram muitas, a ponto de ter decorado.

Tenho tantas saudades do Luis, do Henrique, de todos. Isto aqui é monótono, são pessoas tão diferentes de mim que bebem café a torto e a direito.

A minha mãe e o meu irmão também estão infelizes, mas de vez em quando ainda praticamos algumas tradições britânicas que nos ajudam a ultrapassar o sofrimento.

Mas sinceramente, nem o chá de cá me faz feliz, parece tão estrangeiro.

Que mais posso desejar? o meu pai tenta subornar-me c presentes, estou num prédio de 120 andares c uma vista para a estátua da liberdade, a minha faculdade é das melhores do país, mas o meu desânimo é sempre o mesmo todos os dias.

- cheguei.- digo ao chegar a casa.

- como foi o último dia de aulas filha?- pergunta o meu pai dando-me um beijo na testa.

- normal, foi só uma introdução ao pior verão da minha vida.

- ainda só estás de férias agora, como podes dizer isso?- ri-se.

- não sei pai.- ironizo.- a mãe?

- foi buscar o Chico.

- e tu não trabalhas?

- se não estivesses trancada no quarto 24 horas por dia sabias que hoje é o meu dia de folga.- dá um gole no maldito café.

- se estivesse em Portugal não estava trancada no quarto de certeza. e dá graças pela tua honrada filha não estar no meio daquela selva!

- estou ligeiramente aliviado.- goza e ri-se.

- continua assim pai!- resmungo a caminho do meu quarto.

O telefone da sala começa a tocar, corro até ele e pego. Não corro porque estava entusiasmada mas porque já tocava à algum tempo e o meu pai não tinha designado a ir até ao telefone.

- sim?

- menina Carol?- diz uma voz fina e mexicana do outro lado.

- Sofia!- digo entusiasmada.- meu deus, já não falava consigo à tanto tempo. Tenho tantas saudades. Como está o Toni? E você?

Começamos de novo?Onde histórias criam vida. Descubra agora