- hey.- o Henrique responde depois de tocar duas vezes à porta.- tudo bem?
- preciso de uma opinião feminina.- digo.
- de uma feminina ou para uma feminina?
- as duas.- respondo, um pouco confusa.
- Helena!- ele grita.
- estava a falar de ti parvalhão!- dou-lhe um empurrão contra o peito.
- que se passa?
- podemos ir dar uma volta?- enrolo a ponta do cabelo no indicador.
- claro.- põe a cabeça dentro de casa.- El, vou c a Caro la um sítio e venho já.- põe o braço por cima dos meus ombros.- onde queres ir?
- tanto faz.- encolho os ombros.
Entramos dentro do carro dele e fomos até a um parque, até era agradável àquela hora.
Sentamo-nos num banco de madeira debaixo de uma árvore centenária (li a informação que estava numa placa ao lado da árvore), apertei o meu kispo azul marinho e levei as mãos ao bolso.
O Henrique, como estava ao meu lado, pôs uma das mãos no meu bolso e segurou-me, enquanto que a outra mão foi para o bolso do casaco dele. O meu nariz estava gelado e vermelho, de vez em quando soprava para cima para conseguir aquece-lo, sem efeito.
- então? o que se passa?- ele pergunta finalmente.
- já falaste c a minha mãe?
- já, por causa do baile. mal posso esperar.- ele soa entusiasmado.
- nem sei se vou.
- Oh Carol, nós vamos todos os anos.
- juntos. Agora é diferente.- resmungo.
- não quer dizer nada, vou poder estar contigo na mesma.
- vagamente, eu sei.
- nada de vagamente.- olha-me.- é por isso que querias falar comigo?
- mais ou menos.- encosto a cabeça no ombro dele.
- é por ir c a Helena?
- oh achas? claro que não.- abano a cabeça.- a minha mãe faLuni-me sobre levar o Ayrton.
- e o teu pai?- soa surpreendido.
- ele não vai estar lá. O problema é que eu não quero que o Ayrton vá.
- o que? porque?
- nem sei.- encolho os ombros.
- tu gostas dele?
- claro que sim.
- posso fazer uma pergunta?
- óbvio.- rolo os olhos.
- tem alguma coisa haver c o Luis?- levanto a cabeça para o encarar.
- porque é que supões que é por causa dele?
- por causa da vossa... nem sei o que chamar ao que vocês fazem. os beijos.- aponta-me.
- tem haver c o Luis, mas não é por causa dos beijos. o que temos andado a fazer não me diz nada.
- têm andado a fazer?- realça.
- sim.
- eu pensava que tinha sido só uma vez. vários beijos de uma vez só.- espanta-se.- à quanto tempo isso acontece.
- desde ontem.
- e hoje já se beijaram?
- ele acordou-me c um beijo, for god sake. - rolo os olhos.