- chamem a ambulância, rápido!- gritei para Mateus.
- Carol, Carol. fala comigo.- implora Sónia aninhada ao pé da filha.
- mataste a própria filha.- diz Mary na maior das calmas, como se não fosse nenhum espanto.
- o que é que eu fui fazer?- diz Mateus levando as mãos à cabeça.
- Carol, abre os olhos.- digo encostando-a no meu peito.- vá lá, prometeste que morriamos juntos e não estou com vontade de morrer hoje.- as lágrimas começam a escorrer.
- Mateus, liga para a porcaria da ambulância. Faz alguma coisa para salvares a tua filha.
- porque é que ela não acorda?- pergunta Mark em pânico.
Encostei o meu ouvido no coração dela e não conseguia ouvir nada. Peguei no pulso e nenhum batimento. Ela não pode estar morta, não é o que acontece na vida real. Quem realmente merece viver, vive. E ela merece.
Quase 20m depois a ambulância tinha chegado, os paramédicos perguntaram o que se tinha passado e a Sónia explicou tudo no caminho para o hospital mais próximo.
Tudo foi um acidente, se ela não tivesse pegado na arma, a esta hora estaríamos a obrigar a Mary a sair de casa, mas a Carol estava cega e no fundo queria disparar contra aqueles dois criminosos, no entanto sabia perfeitamente que se o fizesse havia consequências a arcar que quase ninguém, no seu perfeito juízo, era capaz de aguentar.
No final de contas sofreu uma sentença ainda pior, disparou contra si própria.
O Mateus estava em choque, já tinha matado várias pessoas (é estranho dizer isto, mas acontece isso quando se trabalha no FBI), e portanto deveria ser normal ver mais uma pessoa a morrer, no entanto era a filha dele e se para mim já está a ser horrível que chegue, imagino para o Mateus e para a Sónia. Bem, nem quero imaginar.
Demos entrada no hospital, deixei os pais da Carol relaxarem, se possível, enquanto eu fazia aquela papelada toda do hospital. As minhas mãos tremiam, mal conseguia ver direito, mas alguém tinha de tratar disto, e o Matt não podia ser porque estava quase a ficar maluco e a Sónia, pobre, só chorava. Sobrou para mim.
Depois de tudo pronto sentei-me finalmente e encolhi-me no banco da sala de espera, o pesadelo ainda agora tinha começado e já estava farto dele.
Quer dizer, logo agora que a minha vida estava mais ou menos, que eu e a Jessica tínhamos começado a namorar, que finalmente eu e a Carol tínhamos falado, a minha vida dá esta volta enorme para me lixar completamente.
- vou lá fora.- aviso Sónia.
Peguei no casaco e fui até à porta de saída, apetecia-me partir esta porcaria toda. Não é justo, simples.
Mas o pior estava para acontecer quando tinha que avisar o Luís de tudo o que se tinha passado nestas últimas horas.
Peguei no tlm da Carol, que. estava no meu bolso, e reparei que tinha duas chamadas dele e uma mensagem: "como está o ambiente por aí?".
Péssimo, era o que me apetecia responder e ia ficar pior quando lhe ligasse. Não demorei muito, e liguei.
- Luís.- disse numa voz fraca.
- Henrique?- ele perguntou curioso.- a Carol?
- eu...ah... nem sei como...
- o que é que aconteceu?- ele interrompeu.- porque é que me estás a ligar?
- ouve, a Mary apareceu lá em casa com o Mark e gerou uma confusão enorme, não posso dar detalhes.- digo aflito.- quer dizer, não é poder, não consigo.