- desculpa Lúcia, tenho de ir.- enxugo as lágrimas.
- o que é que se passou?
- nada, parabéns. desculpa.
Saio de perto da Lúcia e dirigi-me até à saída. Quase que corri para o meu carro, mas atrás de mim ouvia os berros do Luís.
- Carol, espera.
Entrei no carro e ao pôr o cinto o Luís aproxima-se de mim.
- não vás, ouve-me.
Não ligo ao que ele diz e sigo caminho. As lágrimas escorrem pela cara e espero que não tenha muito trânsito porque não estou em condições para conduzir, mas aqui não fico.
O que é que eu fui fazer? Não tinha nada que vir ter c ele, só fui arranjar problemas para mim mesma.
Se não consigo lembrar-me, não me lembro! acabou para mim.
Cheguei a casa mais calma, era quase hora de almoço mas tinha pouco apetite. Saí do carro e fui para o meu quarto, o Henrique já não estava na cama e pelo barulho do exterior percebi que ele estava c o Chico na piscina. Desci e sentei-me numa das espreguiçadeiras.
- onde foste?- pergunta Henrique.
- tratar da minha amnésia.
- o que?- ele arqueia a sobrancelha.
- nada, esquece.- abraço o Chico que se tinha sentado no meu colo.- quero esclarecer uma coisa.
- diz então.
- nunca desenvolvi qualquer sentimento por ti para além de seres quase como meu irmão.
- eu sei...- diz ele desanimado.- mesmo!
- porque é que disseste que o Luís era o amor da tua vida e tu nunca pudeste ser?
- porque era claro que naquela altura eu gostava de ti.- ele admite.- quer dizer, foste o meu primeiro beijo depois perdemos a virgindade juntos. baralhou-me o sistema todo.
- ainda sentes isso?
- não, mas deixa-me chateado o facto do Luís que não fez metade do que eu fiz ter mais importância do que eu, só isso.
- ele não tem mais importância, tu vais ser sempre o meu melhor amigo!
- eu sei disso.
- se te deixa mais descansado, antes disso tudo acontecer, muito antes de namorar c o Mark, eu também pensei que gostava de ti.
- sinto-me aliviado.- ele sorri.
- mas não nos desculpa do que fizemos.- esclareço.- a sério, foi mesmo mau.
- pois foi, e depois andavamos estranhos um c o outro.
- era a culpa, e a vergonha.
- acho que naquela altura o que mais nos preocupou foi o facto de a nossa amizade mudar.
- enfim, um ato inconsciente.
- apesar de que os bêbados têm coragem para fazer aquilo que os sóbrios não têm.- ele gargalha.
- cala-te Henrique.- sorri.
- o que é que vocês fizeram?- pergunta Chico.
- ah...- fico pensativa enquanto o Henrique aprecia a situação animado.- saltamos de paraquedas.
- bêbados?- ele soa incrédulo.
- não Chico, a mana não bebe.
- que ideia.- ironiza Henrique.