- como está ela?- pergunta Sónia ao entrar pela ala de espera do hospital.
- agora bem, foi fazer uns exames e acho que vai ficar hospitalizada até recuperar.
- estás bem Luís?- pergunta a minha mãe.
- estou mãe, foi uma semana complicada.
- alguém já te examinou?- pergunta Henrique.- tens uns hematomas feios na cara.
- estou bem.
- de qualquer das maneiras devias ver isso.- insiste a minha mãe.
Decidi ser examinado, apesar de que os hematomas exteriores não eram assim tão maus comparados c a dor que existia dentro de mim.
O enfermeiro tratou das minhas feridas, disse que eu tinha de as desinfetar todos os dias e receitou-me uns medicamentos para as dores.
- já fizeram os exames todos à Carol?
- sim, ela está a descansar. Não tarda nada acorda.- diz ele a sorrir.
- vocês trataram dos papéis da violação dela?- encaro o enfermeiro que pareceu nervoso c a pergunta.
- sim, o culpado vai sofrer o veredicto.
- ele tem que sofrer as consequências, ou então mato-o.
- tu e ela têm uma relação muito forte, não é?- pergunta o enfermeiro a sorrir.
- sim, nós temos os nossos problemas mas somos um par perfeito.- sorri.
Eu expliquei-lhe a minha situação neste momento c a Carol, e de como nos conhecemos e como começamos a andar, e o enfermeiro Miguel muito atento ouvia-me c muita atenção sorrindo de cada detalhe que eu partilhei c aquele mulher.
Saí do consultório onde fui tratado e ao chegar à sala de espera só a Paula estava presente. Cheguei perto dela e perguntei:
- onde estão todos?
- comer, eles estavam esfomeados.
- fizeram bem.- sento-me ao lado.
De repente, a Paula abre os braços e abraça-me forte quase impossibilitando-me de respirar.
- eu pensei que fosse perder-te.
- Paula, ouve lá.- tento falar.
- estava c tantas saudades tuas, não sei quem foi que teve esta idéia parva, mas deixou-me mesmo preocupada.
- agradeço a tua preocupação, mas..- ela interrompe-me.
- sabes Luís, eu pensei que tivesses fugido c ela.
- o que?- saio do abraço dela.- a nossa relação já não ia bem, mas nunca faria isso.
- eu sei, mas a minha cabeça começou a viajar e pronto, pensei coisas.- ela sorri.- o que importa é que estás aqui.
- Paula, precisamos de falar.- digo sinceramente.
- vais ficar c ela, não é?
- passaram-se umas coisas complicadas, e vou aproximar-me dela.- suavizo a verdade.
- eu já sabia.- levanta-se.- aliás, eu já devia saber. Tu sempre gostaste dela, e eu devia ter percebido isso. Primeiro não querias falar sobre o que se tinha passado na esquadra, depois a revista. Acho que no fundo sempre soube.
- sinto muito, mas não podia fingir.- baixo a cabeça.
- vou-me embora.- ela suspira.- já não estou aqui a fazer nada.