Presídio Feminino de Segurança Máxima, Chicago.
Dias atuais.
Uma mulher estava em uma cela escura e gélida, sentada em uma cama feita de pedra, tão dura quanto sua alma e coração depois de tantos anos presa naquele lugar como se fosse um animal.
Ela observava incansavelmente uma velha foto rasgada por longos e intermináveis minutos. Parecia que o tempo simplesmente não passava, mas aquela foto lhe dava forças para continuar aguentando firme aquele verdadeiro inferno.
Naquela cela reinava um silêncio perturbador já que a colega de cela da prisioneira estava na enfermaria. Os únicos sons que se ouviam por ali era o da goteira de uma torneira que estava vazando e as batidas do coração da prisioneira em questão, que atendia pelo nome de Anastásia Steele.
Vestida com o uniforme laranja típico de presidiárias, tinha os cabelos longos e lisos, porém descuidados e ressecados pela falta de vaidade. Parecia mais velha do que realmente era e quem a visse de perto, não acreditaria que ainda estava na casa dos trinta anos. Seus belos azuis estavam cobertos por olheiras profundas, pelos mais de dez anos de noites mal dormidas e pesadelos naquela cadeia.
Dez anos.
A única coisa que lhe dava força e instigava a continuar vivendo era justamente aquela foto de um garotinho sorrindo e uma bebê de lindos olhos azuis como os seus, que eram seus tão amados filhos. Ela sabia que hoje em dia, eles já deveriam ser adolescentes e a curiosidade de conhecer seus rostos, suas vozes e personalidades lhe fazia imaginar mil e uma coisas. Mas tudo ficava apenas na imaginação, já que não tinha ideia de quando e se os veria novamente em vida.
Sempre que pensava neles se permitia sorrir, coisa muito rara em um lugar cheio de dor e solidão. Mas Anastasia tinha vivido bons momentos e por isso, gostava de lembrar deles. A infância feliz com seus pais, a adolescência cheia de novas descobertas. A juventude onde conheceu o amor de sua vida, a gravidez, os filhos, as viagens pelo mundo todo.
Estava tudo indo tão bem.
Por quê a vida fez aquilo com ela? Por quê foi acusada de trair e matar o melhor amigo de seu marido? Por que estava presa por um crime que não cometeu? Por quê foi privada de viver ao lado de seus filhos e família? Por quê tudo aquilo tinha que acontecer justamente com ela?
Nunca fez mal a ninguém. Era cristã e sempre tentava fazer o bem ao próximo. Era carinhosa, apaixonada e feliz, mas tudo o que tinha lhe foi arrancado de forma brusca e brutal e as perguntas que se fazia todos os dias talvez nunca fossem respondidas.
Anastásia foi tirada de seus pensamentos quando começou a ouvir passos nos corredores. Foi então que uma mulher de aparência cansada e carrancuda surgiu e começou a desamarrar as correntes e em seguida, abriu o cadeado da cela da mulher.
- Anastásia, visita para você. - A carcereira de pele morena clara e aspecto rude avisou, abrindo a porta.
- Quem é? - A presa perguntou guardando a foto debaixo do travesseiro e indo para fora da cela.
- Sua prima. - Respondeu segurando e apertando o braço da morena, que sentiu uma leve ardência mas não reclamou, pois estava acostumada com a rispidez da carcereira que levou-a até a sala de visitas.
Assim que chegaram no local, onde havia apenas uma mesa e duas cadeiras de tons acinzentados, a funcionária da prisão algemou Anastasia na cadeira e saiu, deixando-a a sós com uma morena de cabelos castanhos, franja reta e olhos claros, que usava um tubinho preto e um casaco comprido da mesma cor.
- Oi Leila. - Anastasia a cumprimentou, tentando esboçar um sorriso de simpatia.
- Annie, tenho uma novidade maravilhosa para você. - A mulher parecia animada, pois dava um sorriso largo e passava o dedo indicador no furinho de seu próprio queixo.
Leila era advogada e prima de Anastásia por parte de mãe e sua amiga desde sempre. Uma mulher solteira e sem filhos, que sempre parecera fiel a prima, lhe defendendo no momento em que quase todos lhe viraram as costas.
- O que houve? - Anastásia perguntou sem tanto entusiasmo. Leila manteve o sorriso, pegou sua bolsa, a abriu e de dentro dela, pegou um documento.
- Aqui está sua ordem de soltura.
Irina conseguiu afrouxar sua pena e amanhã mesmo, você sairá desse lugar! - Ao ouvir isso, Ana sentiu seus olhos começarem a se encher de lágrimas, mas em sua mente aquilo não podia ser verdade.
- Está falando sério, prima?
Tanto tempo atrás das grades fez Anastásia ficar cada vez mais incrédula com relação há sonhos e a liberdade, com certeza era um deles.
- Claro Annie, jamais brincaria com esse tipo de coisa. Você já cumpriu dez anos da sua pena, teve um excelente comportamento durante todos esses anos trabalhando na limpeza dos banheiros daqui. Também já passou por uma avaliação psicológica e os perfiladores constataram que você não representa perigo algum à sociedade portanto, você pode e vai ficar livre. - Explicou esticando sua mão pela mesa em direção a Ana.
- Céus, não consigo acreditar que isso está acontecendo! - A senhorita Steele passou a mão entre seus cabelos bagunçando-os e em seguida, usou a mesma mão para apertar a de Leila, já que a outra estava presa a cadeira. - Não sei nem como te agradecer, jamais pensei que ficaria livre um dia. - A jovem não sabia se ria ou chorava.
- Não fiz nada mais que minha obrigação, sempre tive certeza da sua inocência. Enfim, se prepare pois amanhã você será uma mulher livre. - A morena reforçou a novidade e uma sorridente Anastásia sorriu agradecida para ela.
[...]
No dia seguinte...
O céu estava azul naquela segunda-feira que não tinha nada de pacata. Uma ansiosa Ana andava pelos corredores estreitos da prisão com uma velha calça jeans, camiseta verde, sapatilhas pretas e uma mochila com todos os seus pertences nas costas.
Era um dos dias mais importantes da vida dela, o dia da liberdade.
Conforme os portões se abriam, seu coração se acelerava mais e mais. Sempre imaginou que o dia de sua soltura fosse ser de outro jeito. Que no dia que fosse liberta, toda sua família estaria lhe aguardando. Seu pai, sua mãe, seus filhos e quem sabe, seu ex-marido. Mas quando o último e maior portão se abriu, apenas Leila lhe aguardava parada em frente a um carro preto.
As coisas nunca são como imaginamos e ela estava aprendendo isso há tempos, da pior maneira possível.
- Bem-vinda a liberdade, Annie! - A mulher abriu os braços e Ana correu até ela, abraçando-a fortemente. - Achei melhor não avisar seus pais, por isso eles não estão aqui.
- Ainda bem, pois quero fazer uma surpresa à eles. - A morena se afastou e respirou fundo.
- E o que pretende fazer agora que está livre?
- Ter minha vida de volta. A primeira coisa que farei é voltar para Nova York. - Afirmou decidida.
- Tem certeza? Não é melhor tentar reconstruir sua vida por aqui mesmo? Você ainda é jovem, pode começar de novo. - Leila tentou aconselha-la pois sabia que o que aguardava sua amiga em NY, eram coisas não muito agradáveis.
- Não há como reconstruir minha vida sem meus filhos. Preciso vê-los de novo, ter uma relação de mãe e filha com eles. Deve ter sido tão difícil crescerem sabendo que a mãe estava na cadeia. Quero ser a mãe que eles sempre sonharam em ter, recuperar o tempo perdido. Além do mais, quero provar minha inocência para meu marido. Quer dizer, ex-marido... - Desviou o olhar e mordeu o lábio.
- Ainda ama o Christian, não é? - A advogada questionou vendo o quanto Ana ficou mexida ao falar do ex-esposo.
- Claro que não, não sinto mais nada por ele, nem poderia sentir. - Negou imediatamente tentando parecer convincente. - Quando fui acusada de assassinato, Christian sequer me deu o benefício da dúvida! Pelo contrário, foi o primeiro a me acusar e a única vez que veio me visitar quando estava na prisão foi pra pedir o divórcio! Como posso amar um monstro desses? - Tentou segurar as lágrimas. - Vou provar a todos que me acusaram que estavam errados! Que sou inocente e acima de tudo, juro que vou encontrar o verdadeiro assassino! E Lhe garanto que essa pessoa vai se arrepender amargamente por todo o mal que me fez.Espero que tenham gostado meninas ❤
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A Madrasta
FanfictionDez anos. Já imaginou como seria se você perdesse dez anos da sua vida trancafiada em uma cadeia por um crime que não cometeu? Foi exatamente isso que aconteceu com Anastásia Steele, que tinha uma vida perfeita ao lado do marido, Christian Grey, e...