Capítulo 24 - Dia D

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Chicago, 2007.

Dias depois...

Durante doze dias Ana ficou presa na delegacia em uma cela individual, apenas por cortesia do delegado e consideração a Carrick pois nem esse direito a presa possuía, já que não tinha ensino superior. Seus dias e noites eram praticamente iguais, exceto pelas visitas que recebia. Mia, Carla, Ray, Grace e Leila foram as únicas pessoas que lhe visitaram durante esse período, mas não era nenhum deles que ela queria receber.
Anastásia ansiava que seu marido lhe visitasse, mas isso não aconteceu.
Cada vez mais confuso Grey  começara a se retrair, se afastando de todos cada dia mais. Tudo que aconteceu ainda doía no fundo de seu coração.  Sentia como se tivesse perdido tudo, e havia perdido mesmo. Perdera sua mulher, assim como seu melhor amigo. De uma forma ou de outra, Jack lhe enganara. Não prestava pois se envolveu com sua esposa mesmo sabendo que ele era completamente fanático por Anastásia..
Abatido, Christian passava seus dias e noites trancados no quarto de outro hotel, já que o de sua família fora esvaziado pela polícia, observando suas fotos com Anastásia e seus filhos. Eles foram uma família feliz ou era tudo uma farsa? Ana o amava de verdade ou realmente tinha lhe traído? Todas as primeiras evidências apontavam para sua culpa mas ele não queria ser injusto, mesmo sabendo que já estava sendo.
Não visitar a garota que tanto amava estava lhe corroendo por dentro, mas a raiva que estava sentindo por uma possível traição lhe impedia de enxergar as coisas com a clareza que devia possuir. E depois de pensar em tudo aquilo decidiu que se Ana fosse julgada culpada, iria terminar de vez com ela, mas se fosse considerada inocente lhe pediria desculpas e lutaria com unhas e dentes por seu perdão.
~*~
[...]
- O que foi princesa? - Ethan perguntou ao entrar no quarto e se deparar com Mia sentada na cama, parada e pensativa. - Está tudo bem? - Aproximou-se preocupado.
- Talvez se eu contasse a polícia que Jack me beijou naquele dia, minha cunhada poderia ser ajudada de alguma forma. - Ela respondeu ainda sem olhar pra ele.
- Já conversamos sobre isso. - A lembrou sentando-se ao seu lado. - Você poderia até contar que Jack te beijou, mas não pode dizer que eu sabia disso caso contrário, capaz de sobrar pra mim a culpa desse crime. E outra, encontrei com Leila e ela me disse que os laudos preliminares da perícia já saíram.
- Sério? E o que dizem esses laudos? - A chef de cozinha indagou curiosa.
~*~
- Apenas as digitais de Isabella estavam na faca que matou Jack, meu filho. No telefone que havia sido cortado não tem digital alguma, além do mais as fitas das câmeras de segurança estavam péssimas e no corredor onde ficava a suíte do seu amigo, elas estavam desligadas. - Carrick contou ao filho antes que ele soubesse por terceiros.
- E o que isto significa? - Christian perguntou coçando sua barba por fazer. - Que Anastásia realmente é culpada?
- Não, até porque sua mulher não passou por nenhum julgamento. Mas a falta de provas que atestem sua inocência nos mostra que vai ser difícil que consiga uma absolvição. - O empresário explicou cruzando os braços. - Christian, está na hora de tomar uma atitude. Precisa decidir se apoiará ou não a Ana  nessa grande jornada.
- Eu já me decidi, pai. - Ele afirmou se levantando da cama. - Não vou apoiar aquela mulher, de uma forma ou de outra fui traído e não vou bancar o corno manso. Ela que se vire sozinha. Eu vou é pensar nos meus filhos e no que direi a eles sobre a mãe. Phoebe e Teddy são muito pequenos para saberem e principalmente, entenderem a verdade.
- Apesar de não ter certeza se você está agindo bem, respeito sua decisão filho e vou te apoiar sempre.
- Obrigado pai. - O rapaz agradeceu o abraçando.
~*~
- Meu habeas corpus foi negado outra vez? Mas que merda! - Ana resmungou batendo com a mão na mesa da sala de visitas. - Como isso é possível Leila?
- Prima, infelizmente o resultado dos laudos agravou a situação te tornando a única suspeita desse crime por causa das digitais na faca. Quem fez aquilo com o desgraçado do James ou limpou muito bem a cena do crime ou usou luvas.
- Sim, mas quem fez isso armou pra mim. Está engasgado até agora na minha garganta o que foi feito do meu celular. Acredito que a mesma pessoa que matou Jack se livrou do celular pois sabia que ele era a prova de que eu não tinha um caso com ele e assim, essa teoria de crime passional iria por água baixo. - A garota raciocinou mordendo o lábio.
- Não necessariamente. Talvez a pessoa que deu sumiço no seu celular o tenha feito por outro motivo. Annie, você é mulher de um dos homens mais cobiçados de Nova York, tem muita gente com inveja de você e da sua posição social.
- Eu sei prima. - Sentou-se de volta na cadeira. - Elena por exemplo, tem uma inveja danada de mim e se beneficia muito com minha prisão, não duvido que tenha sido coisa dela. Enfim, como vai ser daqui pra frente? Vou parar em um presídio? Sinceramente, não sei se aguentaria viver em um lugar desses.
- Precisamos traçar sua linha de defesa pois você já foi indiciada e vai a juri popular. Posso atrasar sua ida ao presídio pelo menos até lá, mas como tinha lhe dito tempos atrás vou ter que deixar seu caso. Mas te deixarei nas mãos da Irina, uma das melhores advogadas que conheço e tenho certeza que ela vai conseguir te tirar daqui.
- Ótimo, mas já tem ideia de qual será minha linha de defesa Leila?
- Não, mas quer um conselho? - A morena questionou e ela assentiu com a cabeça. - Talvez seja melhor se declarar culpada. - Bella arregalou os olhos ao ouvir aquilo. - Sua pena seria pequena se usássemos a teoria de legítima defesa. Que o Jack tentou abusar de você e para se defender, você o esfaqueou.
- Me declarar culpada de um crime que não cometi e deixar o verdadeiro assassino livre por aí? Isso está totalmente fora de cogitação, Leila. Com que cara olharia para meus filhos depois?! Não, isso não aceito.
- Ta bom prima, só quis ajudar. Vou falar com Irina para que apresse seu julgamento para o mais rápido possível, certo? Ei, porque está chorando?
- Christian nunca mais veio me visitar. Queria tanto que ele acreditasse na minha inocência, isso machuca tanto. É tão doloroso saber que o homem que dizia me amar simplesmente não acredita em mim. - Respondeu limpando suas lágrimas.
- Tente entender o lado dele, prima. Seu marido também deve estar sofrendo.
- E o meu lado? Ninguém tenta entender? Quem está privada de liberdade, quem está realmente sofrendo aqui sou eu, não ele. Mas tudo bem, Christian Grey  ainda vai ter o que merece. Pode demorar, mas juro que vai.
~*~
[...]
- Que bom que você deu uma pausa na academia para vir nos visitar, Kate.
Desde que terminou com Elliot a loira se afastou da família Grey, mas diante daquele grave momento que estavam vivendo a garota resolveu visitar a família e ver novamente sua querida afilhada, Phoebe.
- Precisava vê-los, saber como estão depois de toda essa tragédia. - A loira disse segurando as mãos dela.
- Todos já voltamos da viagem, e ontem Jack foi enterrado.  Foi uma cerimônia muito triste, os Hyde estão sofrendo muito com toda essa tragédia. - Ambas se sentaram no sofá da sala. - Apesar de não ir com a cara de nenhum deles me solidarizo com tamanha dor.
- Pior é a Ana que está sendo acusada injustamente de um crime que não cometeu. Fico pensando... O que serão dos filhos dela? Da minha afilhada? Já liguei para ela na cadeia e estou muito triste pelo que está acontecendo com minha amiga. Ah, e o Elliot? Ele está em casa?
- Não, meu filho não voltou aos treinos do time. Fico triste que estejão separados, sinto que ainda se amam, mesmo depois de todo esse tempo.
- Grace, gostaria de não falar sobre esse assunto. - Katherine se esquivou, desviando o olhar. - O problema mesmo é o que está acontecendo com a Ana, ela disse que Irina está tentando adiantar logo esse julgamento e temos que ficar muito atentas para não prejudica-la com nossos depoimentos.
- Só tenho coisas boas para dizer a respeito da minha nora, tenho certeza de sua inocência, mas ao mesmo tempo em que isso me alivia, me assusta.
- Como assim?
- Se Ana é inocente, significa que há um assassino impune entre nós, querida. E se ela for condenada, esse criminoso ainda pode fazer algo contra todos nós. - Deduziu apreensiva.
[...]
Meses depois...

- Papá, quando mamá vai voltar de viagem? Tô com tanta saudade dela. - Teddy perguntou enquanto Christian acariciava os cabelos do filho no quarto de brinquedos da mansão dos Greys.
Sem saber o que fazer, o empresário inventou a primeira mentira das muitas que ainda dominariam sua vida.
Disse para Theodore e Phoebe que Anastásia estava fazendo uma viagem a Europa com a mãe para tratar um pequeno problema de saúde e fazer um curso de piano.
- Eu não sei ainda, filho. Ana está muito ocupada com o curso, mas talvez volte antes do que imaginamos. - Respondeu ao pensar que talvez, sua mulher fosse declarada inocente. - Mas enquanto ela não volta o papai continuará aqui cuidando de você e da Ebe em período integral. Não gosta de ficar com o papai o dia todo?
- Claro que goto. - O garotinho sentou-se no colo do pai. - Mas com a mamá é muito mais legal. - Explicou vendo Christian dar um sorriso triste quando seu celular tocou. - Um momento filho. - A criança saiu de seu colo e o rapaz tirou o celular do bolso e enquanto via Teddy brincar com os vários brinquedos do quarto, ele atendeu o telefone.

Ligação On:

- Pronto?
- Oi senhor Grey, aqui é Irina,  advogada de sua esposa.
- Irina? O que quer? Se é mais um recado da Anastásia para que eu vá visita-la, diga a ela que isso não vai acontecer tão cedo.  Enquanto não souber se ela é inocente ou não, continuarei me recusando a vê-la.
- Olha senhor Grey, não é recado nenhum desta vez. Aliás, minha cliente desistiu de pedir que o senhor a visitasse, ela já entendeu que não vai apoia-la. Só liguei mesmo para avisa-lo que em breve o senhor e todos os envolvidos naquela viagem e as testesmunhas de defesa receberão uma intimação para depor.
- Outra intimação? Já perdi as contas de quantas vezes nesses meses todos tive que viajar para Chicago para dar esses malditos depoimentos ao delegado! 
- Mas agora é diferente. Este será seu último depoimento porque o julgamento da sua esposa foi marcado para quinze de julho e neste dia, provarei a inocência dela para o senhor e todos os que duvidaram dela. - Revelou fazendo o homem engolir em seco.

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No próximo capítulo iniciaremos o julgamento da Ana. Preparadas?

Esse Christian ta bem vacilão, né? Ai, ai...

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