Dizem que ao ser preso os primeiros dias são muito difíceis, mas os de Anastásia estavam se tornando um verdadeiro inferno.
E aquilo era só o começo.
- Quando vou poder sair daqui, Leila? - A morena indagou na primeira visita de sua advogada.
- Olha prima, o delegado pode te manter aqui sem te acusar por setenta e duas horas.
- É, ele me disse. Prima, antes de mais nada quero que saiba que sou inocente e nunca tive nada com teu namorado.
- Ex-namorado. - A morena o corrigiu. - Não se preocupe, acredito na tua inocência. Precisamos focar no que vai acontecer daqui pra frente, você não pode errar em nada.
- Como assim? - A jovem indagou engolindo em seco.
- Você precisa se preparar psicológicamente para esses primeiros dias pois passará por interrogatórios exaustivos, dia e noite, pois o delegado espera que você entre em contradição, enquanto os laudos preliminares da perícia não saem para que assim, ele possa te acusar. É necessário que tente agir com naturalidade porém, que preste muita atenção no que está falando pois tudo que disser pode e vai ser usado contra você, caso se torne ré e vá a julgamento.
- Julgamento? Tem chances que minha filha passe por esse vexame? - Carla questionou horrorizada.
- Infelizmente sim tia. Por isso é necessário que todas as precauções sejam tomadas. De qualquer forma, ficarei ao lado da Annie durante quase todo o tempo para aconselha-la.
- Obrigada Leila, não sei o que seria de mim sem você. - A garota agradeceu apertando a mão da prima. - Alguma notícia do Christian? Ele disse alguma coisa sobre mim?
- Ainda não o vi querida. - Carla respondeu desviando o olhar. - Mas pelo que ouvi dizer, Elena está se aproveitando da situação pra te ferrar com ele.
- Eu já imaginava. - Ana deu de ombros. - Christian deve estar pensando o pior de mim, mas se ele realmente estiver é porque não me ama de verdade. E meus filhos?
- Estão com a vovó Grey. - A mãe da morena pôs a cabeça no ombro da filha. - Eles estão bem, não se preocupe com isso agora.
- Exatamente, foca na sua defesa... Juntas vamos conseguir te tirar daqui. - A advogada garantiu esperançosa.
[...]
- Anastásia, preciso que me diga tudo que aconteceu no dia da morte de Jack Hyde com riqueza de detalhes. - O delegado pediu já na sala de depoimentos.
- Bem, não me lembro de exatamente tudo que fiz, mas passei boa parte do dia com meu esposo, meus amigos, até que Jack deu em cima de mim, no corredor do hotel mais ou menos no começo da noite.
- O que ele fez com você?
- Não tenha vergonha, Ana. Pode responder. - Leila avisou.
- Ele me agarrou a força no corredor e me beijou. E não foi a primeira vez.
- Então vocês tinham um caso? - Rudolf questionou.
- Não ponha palavras na boca da minha cliente, delegado. Ela disse que foi agarrada a força, ou seja, tudo aconteceu contra sua vontade.
- Exatamente. - Ana concordou. - Há anos, Jack dá, quer dizer dava em cima de mim sutilmente e as vezes, de forma explícita e agressiva mesmo, como na nossa viagem a Grécia, em 2005, quando o peguei me observando nua e se masturbando.
- Jack fez isso com você?! Filho da mãe!! - Leila deu um soco na mesa nervosa.
- Controle-se senhorita. - Rudolf a alertou e a loira puxou ar, tentando se acalmar. - E por quê nunca contou isso ao seu marido?
- Foi erro meu, não queria magoa-lo. Sem contar que Christian sempre foi ciumento e possessivo, tinha medo do que ele faria com o amigo se soubesse que fui assediada. Então resolvi me calar, mas jamais pensei que um dia as coisas fossem chegar a esse ponto, se pudesse voltaria no tempo e mudaria tudo isso.
- E ninguém nunca soube do que acontecia entre vocês? Não existe alguém que possa comprovar esta história?
- Infelizmente nunca contei a ninguém sobre mim e Jack. - Olhou para a prima. - Mas a minha palavra deveria bastar, não?
- Estamos em uma delegacia, Anastásia. Aqui o que vale são provas e alibis e até agora a coisa não está muito boa para a senhora. - Rudolf avisou fazendo uma careta. - Continuando, por que foi até o quarto de Jack?
- Porque ele mandou uma mensagem no meu celular marcando um encontro. Isso, meu celular! Tem muitas mensagens do Jack, essas mensagens podem provar minha inocência. - A morena sorriu esperançosa. - Lá mostra claramente que ele estava me assediando.
- Então precisamos achar este celular. Onde está prima? - A morena perguntou se levantando.
- Acho que no meu quarto... No hotel. - Ana sorriu sentindo que sua liberdade estava próxima.
- Então vou pedir para que uma pessoa da minha equipe vá até lá buscar este celular.
- Delegado, posso pedir para uma amiga minha procura-lo para acelerar esse processo. A Mia, irmã do Christian e cunhada da minha cliente. Ela está hospedada lá e é de extrema confiança.
- Pode ser, mas peça que ela pegue o objeto e aguarde até que um policial meu apareça pra buscar, certo?
- Okay senhor. - A morena concordou sorrindo.
~*~
[...]
- Chris está arrasado. Nunca vi meu irmão com um olhar tão perdido, distante. Ele nem quis falar comigo ainda. - Mia desabafou enquanto almoçava com Elena no restaurante do hotel.
- Coitado! Também, não deve ser nada fácil saber que além de ter sido corno, foi...
- Elena, você deve estar muito feliz com o que está acontecendo, não? - A morena sorriu ironicamente. - Pare de colocar lenha na fogueira! Ana presa ou não, continuará sendo a senhora Grey se depender de mim.
- Isso se o Christian não se divorciar dela. E outra, não depende de você. - A loira retrucou tomando um gole de refrigerante quando o celular de Mia tocou.
- Alô? Leila? Como assim celular? Espera, não estou entendendo. O que tem o celular da Ana? Sério? - Sorriu. - Pode deixar, assim que eu terminar de almoçar, irei procura-lo. Beijos! - E desligou.
- O que houve? - Elena questionou vendo que a morena estava praticamente devorando a comida.
- Acho que Anastásia será libertada muito em breve para a sua tristeza, queridinha. - Mia respondeu abrindo um lindo sorriso.
~*~
- Reage Christian! - Elliot exclamou puxando ele da cama pela perna até que o rapaz caísse no chão.
- Merda, me deixa cara. - No chão, ele cobriu a cabeça com o cobertor. - Eu quero dormir e só acordar quando souber o que o delegado vai fazer com minha, com aquela mulher.
- Aquela mulher? Está falando da tua esposa? Que você apenas acha que te traiu? Por que não há provas de que ela realmente tenha feito isso.
- E o beijo que ela deu no Jack? - Ele se levantou jogando o cobertor no chão, com raiva. - Só de imaginar que eles se beijaram, me vem uma raiva aqui dentro, um ódio, uma vontade de... Argh! - Gruniu dando um soco na parede.
- Esse beijo não prova nada. Esqueceu que ela te explicou que era assediada por aquele babaca? - O loiro argumentou sentando-se na cama.
- É fácil falar isso agora que ele está morto, sem poder se defender. Mesmo se ela estivesse falando a verdade, mano. O que a Ana fez foi muito grave. Me esconder uma coisa dessas, isso é falta de confiança e confiança é como cristal, quando quebra não tem mais solução. - Afirmou dando um suspiro triste. - Sei que muitos vão me julgar por minhas atitudes, mas ninguém está se colocando no meu lugar. Eu sou a maior vítima dessa história toda porque acabaram com a minha vida sem que eu sequer pudesse me defender...
~*~
[Nova York]
- Meus queridos... - Elizabeth entrou no quarto de seus bisnetos que dormiam tranquilamente, Theodore na cama e Phoebe no berço. - O que eu mais temia aconteceu. Sempre senti que uma tragédia abateria nossa família novamente, mas nunca pensei que fosse ser tão grave. - A senhorinha caminhou até o berço, cobrindo a garotinha com um cobertor. - Vocês são tão pequenos, não podem ficar sem a mãe. Vou rezar para que tudo fique bem, mas se não ficar, não sei o que será da nossa família. - Desabafou derrubando algumas lágrimas.
~*~
[Chicago]
- Chris! Onde está o celular da sua mulher? - Mia perguntou invadindo o quarto dele.
- Han? - O moreno a olhou espantado.
- Maninha, já falei pra bater na porta do quarto das pessoas antes de entrar. Imagina se eu e o Christian estivéssemos pelados?! - Elliot a repreendeu, mas a chef revirou os olhos.
- Não enche, Elliot. Preciso do celular da Anastásia, dentro dele tem a prova que pode inocenta-la de uma vez por todas. - Ela disse vendo um fio de esperança brotar nos olhos de seu querido irmão.
- Então vamos procurar esse bendito celular. Se a Ana for inocente, vai ser a melhor coisa do mundo pra mim! - Christian exclamou animado.
~*~
- Agora nossa família diminuiu mais uma vez. Sinto tanto a falta do seu irmão. - Steve falou olhando para uma foto do filho.
- Não fique assim, pai. O senhor ainda tem a mim e ao Alec, que vamos te dar muito orgulho. Jack sempre foi burro e olha no que deu? Meteu os pés pelas mãos, a Anastásia a não aguentou e acabou matando ele. - Elena deu de ombros, segurando a mão do pai e se sentando ao seu lado.
- Ainda não estou convencido de que meu filho tenha sido morto por aquela menina. Anastásia é uma mosca morta, não tem perfil para matar alguém a facadas. - O moreno analisou apertando a mão da garota.
- Mas o tio Billy a viu entrar no quarto do meu irmão e todas as pistas apontam para aquela ridícula. E na boa, é muito conveniente para nós que ela tenha o matado ou que pelo menos, todos acreditem nisso.
- Elena... - Steve soltou a mão dela imediatamente e a olhou espantado. - Por acaso sabe de alguma coisa que não sei?
- Não exatamente. Acredito realmente na culpa daquela idiota, porém, dei uma ajudinha para que ela se ferrasse pra valer. - Contou dando um sorriso de canto de boca.
- O que você fez Elena? Filha, seja sincera. Quero que me olhe nos olhos e jure que não matou seu irmão. - Ordenou e a loirinha desviou o olhar, apreensiva.
~*~
- O que você fez antes de ir para a suíte do senhor Jack Hyde? - O delegado questionou na sala do interrogatório.
- Eu fui tomar um ar lá fora e depois passei na cozinha, onde peguei uma faca.
- E por quê pegou a faca? Já estava premeditando matar o Hyde?
- Claro que não delegado! Foi só para me defender caso ele me agarrasse. - Explicou quando o celular da prima tocou e ela afastou-se para atender. - Mas não ia mata-lo, jamais tiraria a vida de um ser humano.
- E o que aconteceu em seguida?
- Fui até o quarto dele. Estranhei que a porta estava entreaberta, mesmo assim entrei. Foi quando encontrei Jack quase morto, moribundo no chão. Tentei pedir ajuda, mas a linha do telefone estava cortada. Gritei, mas ninguém me ouviu. Foi quando ele apontou para a faca e tentou dizer algo. Fui burra ao pegar a mesma em mãos quando Billy entrou no quarto e entendeu tudo errado, me acusando injustamente.
- Não pode ser... - Leila murmurou desligando o telefone.
- O que houve prima? - Ana questionou com as sobrancelhas franzidas.
- Mia não encontrou seu celular. - A advogada respondeu fazendo a morena desabar mais uma vez.
~*~
- Jamais teria coragem de matar o Jack, pai! - Elena negou se levantando e ficando de costas para ele. - Mas fiz sim uma coisa que com certeza prejudicará a Anastásia.
- Do que está falando?
- Durante esses dias fui várias vezes ao quarto do Grey envenena-lo contra a mulher e em uma dessas visitas vi o celular da Anastásia sob o criado-mudo. Como o senhor mesmo disse, ela é uma mosca morta e ta na cara que não teve nenhum caso com teu filho e que o matou tentando se defender ou algo do tipo. Pelo que ouvi dizer, ele a assediava há tempos e fiquei com medo que dentro daquele celular tivesse alguma pista que pudesse acabar atenuando a pena dela.
- Você pegou o celular? - O moreno indagou sorrindo.
- Exatamente. - Ela virou-se para o pai sorrindo de volta. - Peguei o celular quando Christian estava distraído, fui até meu quarto, tirei o chip e cartão de memória dele e os escondi muito bem. Depois destruí o aparelho, tudo usando luvas, é claro. Em seguida saí do hotel e caminhei pelas ruas de Chicago por alguns quarteirões até encontrar uma lixeira onde o joguei fora e neste momento, é provável que o celular esteja em algum lixão.
- Definitivamente te criei maravilhosamente bem, Elena Lincoln. - Steve afirmou e a fez sorrir ainda mais ao ver que mesmo depois de uma maldade, tinha tido a aprovação do pai.
~*~
[...]
Ana continuava trancada na sala de interrogatório.
Cansada e com fome, se recusava a comer. Não era por frescura e sim porque nada realmente conseguia descer para seu estômago. O nervosismo tomava conta de sua mente e o medo de ser presa de vez crescia mais e mais. Andava de um lado para o outro da sala de tempos em tempos, esfregando as mãos nos braços e mordendo os lábios com força, quase arrancando sangue deles.
- Senhora Grey... - O delegado a chamou entrando na sala. - Já se passaram as setenta e duas horas.
- Já? Então posso ir embora? - A garota perguntou esfregando uma mão na outra.
- Não. Decidimos te acusar por homicídio e por isso, você está presa Anastásia, pelo menos até sua advogada conseguir um habeas corpus para te tirar daqui.
[...]
- Leila, você precisa me tirar daqui. - Ana suplicou segurando o choro e se mantendo o mais forte possível, por seus filhos. - Não quero, não posso ficar presa.
- Annie, infelizmente o pedido de liberdade provisória que fiz foi negado.
- COMO É?!
- Também fiquei muito surpresa. Você tem filhos pequenos, residência fixa, pensei que fosse ser liberta. - A abraçou para conforta-la. - Mas vou fazer outro pedido daqui alguns dias. Talvez quando o resultado da perícia sair, você tenha mais sorte e consiga enfim ser solta, mas por enquanto ficará sob custódia nesta delegacia, sem data para sair infelizmente.~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Em breve teremos os capítulos especiais do julgamento da Ana meninas.
Quem ai odeia a Elena, ainda mais depois do que ela aprontou?
Queria agradecer a cada uma das meninas que ainda estão aqui lendo minhas fics, vocês são maravilhosas, sabiam?
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A Madrasta
FanfictionDez anos. Já imaginou como seria se você perdesse dez anos da sua vida trancafiada em uma cadeia por um crime que não cometeu? Foi exatamente isso que aconteceu com Anastásia Steele, que tinha uma vida perfeita ao lado do marido, Christian Grey, e...