Capítulo 25-Julgamento - Parte I

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Capítulo 25 - Julgamento - Parte I

15 de julho, Chicago.

Todos estavam reunidos no tribunal, preparando-se para dar início ao julgamento que mudaria completamente a vida de Anastásia Grey, para o bem ou para o mal. O juiz, Patrick, já estava há postos assim como os sete jurados, a promotora Hilary Strauss, o advogado de acusação Phillip Brawn e a advogada de defesa da ré, Irina. 
- Senhoras e senhores, está aberta a primeira sessão que dará início ao julgamento da ré Anastásia Rose Steele Grey, acusada de homicídio qualificado por motivo fútil  contra a vítima Jack Hyde, assassinado em janeiro deste ano, aos vinte e cinco anos. - O juiz falou batendo um martelo duas vezes sob a mesa. - Podem sentar-se. - Ordenou e todos obedeceram.
Os Lincolns estavam presentes na primeira fila ansiosos por uma possível condenação da acusada. Já a família Steele  queriam sua absolvição e Carla  não parava de rezar por isso, com um terço nas mãos. Os Greys estavam divididos, mas a maioria queria também que a jovem fosse liberta para que talvez, ambos conseguissem voltar a ser uma família feliz, como foram algum dia.  
Anastásia estava sentada do lado esquerdo do tribunal ao lado de sua advogada e do outro lado estava a família Grey, inclusive Christian.
Quando a morena olhou para o marido viu raiva em seu olhar.
Christian parecia cansado, tenso, confuso, mas mesmo estando com muita mágoa, no fundo queria que Ana fosse declarada inocente. Mesmo que nunca mais voltassem a ficar juntos, não queria que ela passasse a vida inteira em um presídio.
- Como a ré se declara perante a acusação diante do tribunal? - Patrick perguntou e já em pé, Anastásia olhou para Irina que fez sinal de positivo com a cabeça, para que ela respondesse.
- Me declaro inocente,  meritíssimo. - Ela afirmou engolindo em seco.
- Cara de pau! - Elena a xingou em voz alta.
- Assassina! - Steve gritou revoltado.
- Ei, não fale assim da minha fillha, seu desgraçado! - Ray  rosnou nervoso quase indo para cima do pai da vítima, mas fora contido por Leila.
- Calma tio... - A morena pediu.
- Ordem no tribunal. - O juiz mandou batendo seu martelinho na mesa e todos se calaram por respeito à ele e se sentaram.
Após a promotoria e a defesa fazerem uma rápida  apresentação do caso, a primeira testemunha de acusação entrou no local.
Era Mia, que antes de sentar-se onde os depoentes ficavam, teve que fazer seu juramento.
- Senhora Mia Grey Kavanagh,  jura dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade neste tribunal, sabendo   que omitir informações é crime?
- Sim, eu juro. - Ela afirmou com a mão direita erguida.
- Pode sentar-se. - O juiz ordenou e a morena assim o fez. - Com a palavra, a acusação.
- Obrigada meritíssimo. - Hilary foi até o centro do tribunal. - Senhora Kananagh, é verdade que horas antes do homicídio do Hyde, a senhora viu a acusada em momentos íntimos com a vítima desse crime cruel? Se sim, como foi?
- Vi Jack e Ana se beijando no corredor do hotel da minha família sim, mas quem garante que ele não a beijou a força, já que é algo do feitio dele? 
- Por acaso a vítima já te beijou a força ou a senhora o viu tendo esse tipo de atitude lamentável com alguma mulher para estar afirmando uma coisa dessas?
- Protesto meritíssimo! - Irina interviu. - A promotoria está constrangendo a testemunha.
- Protesto negado. - Patrick negou o pedido e a advogada de defesa revirou os olhos. - Responda a pergunta da promotoria, senhora. - Ordenou e Mia olhou para Ethan. 
Disfarçadamente o loiro fez sinal de negativo com a cabeça para que a esposa não dissesse nada sobre o dia em que Jack lhe atacou.
Mia sabia que mentir em juízo era crime, mesmo assim tomou sua decisão.
- Não... Nunca vi senhora.
- Então vamos prosseguir. É verdade que a senhora teve uma visão da vítima algemada dias antes do crime acontecer?
- Protesto senhor juiz. - Irina  interviu novamente e Hilary a olhou com raiva. - Estamos em um tribunal, aqui misticismo e afins não pode ser levado em conta, muito menos anexado há um processo. Este tribunal trabalha com provas cabais, com ciência, não assuntos relacionados a espiritualidade ou religião. Além do mais, a senhora Hale afirma ter tido uma visão da acusada algemada no momento da prisão, não matando a vítima.
- Protesto aceito. - Irina e Ana  sorriram com a resposta do juiz. - Peço que a promotoria faça perguntas baseadas em fatos concretos.
- Perdão senhor, sem mais perguntas. - Strauss falou voltando para seu lugar.
- Com a palavra, a defesa.
- Obrigada senhor. - Irina levantou-se e foi até o centro do tribunal iniciar seu interrogatório.
- Senhora Kavanagh, como conheceu minha cliente?
- Conheci a Ana através do meu irmão na escola, há cinco anos. Na verdade já tinha lhe visto de longe, mas só começamos a ser amigas mesmo quando ela se tornou minha cunhada.
- Hum... E ela e Christian? Como definiria o relacionamento deles nestes cinco anos?
- Durante o namoro, noivado e casamento sempre foi ótima. Ambos sempre foram muito apaixonados um pelo outro e formaram uma família linda com meus dois sobrinhos. Claro que discutiam de vez em quando, mas eram por coisas banais, como ciúmes. - A chef respondeu e Grey olhou rapidamente para a esposa e deu um sorriso triste, lembrando-se dos bons momentos que viveram juntos e que em sua visão, jamais seriam vividos novamente.
- Durante estes cinco anos que você manteve proximidade da senhora Grey, alguma vez ela lhe confidenciou que tinha um amante?
- Não, pelo contrário. Sempre se mostrou muito apaixonada pelo meu irmão. - Mia mais uma vez, tentou ajudar a cunhada.
- E a vítima Jack? Qual sua relação com ele?
- Cresci junto com ele, mas nunca fomos muito amigos, ele sempre foi mais próximo do Christian do que de mim.
- E sobre a índole de Jack? Ele era uma boa pessoa?
- Na minha opinião, não. Jack era egoísta, só pensava em si próprio. Além do mais vivia correndo atrás de qualquer rabo de saia que aparecia, por diversas vezes o impedi de trair a Leila, minha amiga e prima da Ana. 
- Pra completar, gostaria que dissesse se acredita na culpa ou inocência da nossa ré.
- Acredito na inocência da Ana, ela é uma boa pessoa, uma boa garota, uma mãe que ama muito seus filhos. Acho que se vocês a condenarem, cometerão uma grande injustiça.
- É isso, sem mais perguntas meritíssimo. - Irina falou voltando a sentar-se, totalmente satisfeita com o primeiro depoimento.
[...]
- Vamos chamar a segunda testemunha chamada pela  acusação desta tarde, o senhor Billy Rodriguez. - O juiz anunciou e um policial entrou no tribunal empurrando a cadeira de rodas do acionista da empresa de Carrick. - Levante a mão direita. - O moreno obedeceu. - Jura dizer a verdade, somente a verdade, nada além da verdade?
- Eu juro. - Ele concordou.
- Espero mesmo que ele diga a verdade. - Ana murmurou emburrada.
- Antes de iniciar minhas perguntas gostaria de dizer a todos aqui presentes que este pobre cadeirante não é uma testemunha qualquer. É uma testemunha ocular e esse depoimento dele é muito importante por isso, senhores jurados, prestem muita atenção no que este homem tem a dizer. - Hilary disse e todos se calaram. - Qual era sua relação com a vítima, senhor Rodriguez?
- Jack era como um sobrinho para mim pois sou muito amigo do pai dele desde a adolescência, o que como podem ver já fazem muitos anos. - Sorriu. - Sempre foi um garoto bom, esforçado, se não tivesse sido morto por essa mulherzinha de quinta... - Apontou o dedo para Ana. - Teria ido muito longe na vida, não tenho dúvidas disso.
- Para de ser hipócrita, Billy! - A garota se alterou ao ouvir tais ofensas. - Você e os Lincolns são um bando de hipócritas que sempre quiseram o poder que os Greys tem. Não entendo porque você está mentindo pra me prejudicar pois nunca te fiz nada de mal, mas juro que um dia descobrirei e você vai se arrepender por isso.
- Ordem, ordem no tribunal. - O juiz mandou. - Senhorita Irina, controle sua cliente e senhor Rodriguez, evite ofensas a ré.
- Desculpe. - Billy baixou a cabeça.
- Billy, qual sua opinião sobre a acusada?
- Nunca tive nada contra essa menina, por isso fiquei muito surpreso por ela ter matado o Jack de uma forma tão cruel, foi um dos piores dias da minha vida, um dos mais tristes.
- Ah, gostaria que nos narrasse como Anastásia estava naquela noite.
- Ela parecia um tanto quanto nervosa no jantar, trocava olhares estranhos com Jack, mas jamais imaginei que  estivesse tramando a morte dele naquele momento.
- Certo... Agora nos conte o que aconteceu naquela noite, com riqueza de detalhes.
- Sim senhora. Depois do jantar, fiquei um tempo conversando com meu amigo Steve e depois, estava tentando chegar ao meu quarto quando minha cadeira de rodas deu problema então, liguei para que alguém da equipe de segurança do hotel me socorresse. Foi quando vi Anastásia entrando na suíte de Jack. Minutos depois ouvi alguns gritos ao mesmo tempo que a segurança do hotel apareceu e quando invadimos o quarto, encontramos essa mulher com as mãos cheias de sangue e o Jack morto no chão cheio de facadas, foi uma cena muito triste. Pior que a bandida se fez de santa, negando tudo mesmo estando toda ensanguentada.
- Sem mais perguntas  meritíssimo, esse homem deve estar sofrendo muito ao lembrar de tudo o que aconteceu naquela terrível madrugada. - A promotora dramatizou voltando ao seu lugar.
- A defesa tem alguma perguntar a fazer?
- Sim senhor juiz. - Irina afirmou indo para o centro do tribunal. - Senhor Rodriguez, tem certeza que não viu ninguém mais naquele corredor naquela madrugada?
- Certeza absoluta.
- Ta e quem garante que o senhor está falando a verdade? Já que estava sozinho no momento em que afirmou ter visto minha cliente entrar no quarto?
- Sou um homem íntegro e muito sofrido, senhorita. Não tenho motivos para mentir nesse tribunal, pelo contrário, tudo que  queria era que todo horror não tivesse acontecido. - Começou a chorar.
Certamente, eram lágrimas de crocodilo.
- Não tenho mais nenhuma pergunta a fazer, meritíssimo.
- A acusação tem mais testemunhas à trazer?
- Tenho muitas ainda, senhor. - Hilary afirmou segura.
[...]
Depoimento de Carrick Grey.
- Senhor Carrick, como o senhor soube do crime? - Desta vez era Phillip, advogado de acusação, quem estava fazendo as perguntas.
- Estava no cassino do hotel  quando um segurança me avisou sobre o que estava havendo no quarto de Jack. Cheguei lá em poucos minutos e ao ter certeza  que ele estava morto mesmo, mandei que chamassem a polícia. Foi tudo muito confuso, muito mesmo. Alguns no local acusavam minha nora, outros a defendiam. Lembro que peguei um lençol para cobrir o corpo de Jack, enfim, foi um dia muito cansativo, não lembro de tudo com tantos detalhes.
- Entendo. Naquela noite o senhor se lembra se a ré estava alterada ou teve algum tipo de comportamento duvidoso?
- Não e não consigo entender porque estão acusando-a desse crime. Ana é uma boa garota, sempre foi apaixonada pelo meu filho e confio nela, se ela está dizendo que é inocente é porque simplesmente é. Não entendo porque fui convocado pela acusação, afinal, a última coisa que quero é acusar essa menina. - O loiro desabafou olhando para Ana que sorriu agradecida à ele.
- A acusação não tem mais perguntas, meritíssimo. - Phillip voltou para sua cadeira.
- Mas a defesa tem. - Irina retrucou já no centro do tribunal. - Senhor Grey, nos conte um pouco sobre o que pensa a respeito de sua nora. Acha que ela seria capaz de esfaquear uma pessoa?
- Ana sempre foi muito gentil, educada, prendada, toca piano incrivelmente bem. - O empresário sorriu lembrando-se de quando ela tocava para ele. - Sempre foi muito carinhosa com todos ao seu redor, especialmente com os filhos e o marido. Apesar de jovem, sempre foi responsável, sempre prezou pela família. Não tenho dúvidas de que ela jamais faria qualquer coisa que pudesse prejudicar nossa família.
- Acho que depois disso, não há mais o que perguntar. Obrigada senhor! - Irina finalizou satisfeita.
- Faremos um recesso, senhores. Amanhã continuaremos ouvindo as testemunhas chamadas pela acusação. Tenham uma boa noite. - O juiz se despediu batendo o martelo e se levantando de sua poltrona, enquanto Anastásia respirava o fundo, preocupada com o que iria acontecer dali em diante.

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Oi meninas, como estou com pouca net a @DeiaAzevedo está postando esse capítulo pra mim e é por isso que os comentários do capítulo anterior não foram respondidos ainda
E o julgamento começou...
O que estão achando meninas?
Vai rolar muita, mas muita treta nessas audiências ai.

Espero realmente que tenham gostado, nos vemos em breve com a parte 2 do julgamento, se eu não puder postar a Andréia vai postar de novo pra mim, certo?

Passamos dos 3K de votos e não sabem o quanto estou feliz por isso, obrigada mesmo pelo apoio meninas, continuem assim ❤

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