Capítulo 33 - Tarde Demais?
New York, Agosto de 2007.
Grey acabara de assumir a vice-presidência da Greys Enterprises Holding.
Estava em sua sala assinando documentos importantes, mas por mais que tentasse não estava conseguindo prestar atenção no trabalho pois as lembranças não conseguiam sair de sua mente."Eu te amo, Ana."
"Vou te proteger e sempre estarei ao seu lado."
"Jamais deixarei que mal algum aconteça a você meu amor, nem aos nossos filhos."
Essas palavras ecoavam pela mente do rapaz, provocando uma culpa enorme em seu coração.
Ele amava Anastásia.
Isso não podia negar, não para si mesmo.
Tinha lhe prometido proteção mas desde que ela fora presa, a deixou sozinha, a própria sorte.
Seria certo fazer isso?
- O senhor me chamou? - Taylor, um funcionário de confiança dos Greys perguntou entrando na sala do rapaz.
- Sim Taylor. Preciso que me faça um favor. - Respondeu, respirando fundo e tomando forças para tomar aquela decisão.
- Sou todo ouvidos. - O loiro de olhos claros disse atenciosamente.
- Quero que resolva algumas coisas para mim em Chicago. Preciso que torne a vida da minha mulher, quer dizer, ex-mulher o menos dura possível na cadeia. Quero que Anastásia tenha tudo do bom e do melhor lá dentro, na medida do possível, claro. - Explicou quando seu pai entrou na sala. - Molhe a mão de quem for necessário, mas faça com que a Ana não sofra durante sua estadia naquele lugar. Mas tem uma coisa importante, minha ex-mulher nunca poderá saber que fiz isso, okay?
- Sim senhor, com alguns telefonemas resolvo isso. - O segurança concordou fazendo sinal de positivo com a cabeça.
- Ótimo, pode ir. - O moreno esboçou um pequeno sorriso e o homem o obedeceu, retirando-se dali.
- Você vai ajudar mesmo a Anastásia? Por que fará isso?
- Porque acima de tudo, ela ainda é mãe dos meus filhos e precisa manter sua integridade, não? Só por isso mesmo. - Desviou o olhar e deu de ombros.
- Confessa Christian. Você está fazendo isso porque está se dando conta do quanto errou a deixando sozinha nessa história toda. Coloca pra fora, vai te fazer bem. Sou seu pai, comigo você pode desabafar.
- Ta bom. - Afrouxou o nó de sua gravata pois se sentia sufocado. - Quer saber a verdade mesmo? Pois bem, admito. Fiz tudo errado, tudo mesmo. Deveria ter confiado na Ana, se ela disse que não me traiu, tinha que ter acreditado nela, mas não consegui, não sei se consigo. Tudo está contra ela, as digitais, o testemunho da Mia sobre aquele maldito beijo, o comportamento dela com o Jack! Anos atrás ela olhou nos meus olhos pai e negou, jurou que não tinha acontecido nada na nossa viagem a Grécia, daí no julgamento ela diz que foi assediada pelo Jack?! Se ela mentiu olhando nos meus olhos aquele dia, como posso confiar nela? Como posso acreditar que está falando a verdade agora? Isso tudo está me deixando louco pai. - Passou a mão por seus cabelos.
~*~
[Chicago]
- Pode sair garota. - A carcereira avisou abrindo a porta da solitária para Ana que estava jogada no chão, exausta e com fome, já que mal conseguia comer a comida da cadeia por ser muito ruim.
- Pensei que tivesse esquecido de mim. - A morena ironizou se levantando e caminhando para fora do lugar.
- Quase esquecemos, mas ao que parece a senhorita tem as costas quentes. - A carcereira respondeu fechando a porta.
Anastásia piscou os olhos várias vezes tentando se acostumar com tanta luz, já que a solitária era escura, especialmente a noite. Ajeitou os cabelos no caminho de volta até sua cela e estranhou quando viu que apenas Jéssica estava lá.
- Oi... - A garota a cumprimentou guardando algo em seu sutiã.
- Oi. - Ana respondeu sentando-se em seu colchão. - Cadê a outra garota?
- A Jane teve que mudar de cela. Ou você tem muita sorte ou tem as costas quentes. - Jessica brincou enquanto via a cela sendo trancada.
- Engraçado, você é a segunda pessoa que me diz isso hoje. - Ana franziu o cenho dando um meio sorriso.
- É difícil a solitária, né? Quando cheguei aqui também fui colocada lá por uns dias. Foi bem tenso no começo, mas logo você se acostuma.
- Não queria me acostumar com tudo isso. - Ana disse dando um sorriso triste. - Ah, por que está presa? Acabei não perguntando aquele dia.
- Fui presa por tentativa de assassinato do meu ex-namorado. Ele me batia todos os dias até que não aguentei e atirei no abdomên dele. Ele não morreu, mas me denunciou e cá estou. Mas me arrependo do que fiz. Ao invés de ter feito aquilo deveria tê-lo denunciado a polícia simplesmente. E você?
- Homicídio, na verdade fui vítima de uma grande armação. Algum desgraçado armou pra mim... - Fechou os punhos de raiva. - Mas sou inocente, sua colega não acreditou em mim mas juro que sou.
- Eu acredito em você. - Jessica sorriu para ela.
- Obrigada Jessica. - Ana sorriu de volta.
- Me chame apenas de Jess. - A menina pediu piscando para sua nova amiga.
~*~
- Filho, esquece tudo que os outros disseram ou insinuaram. Olhe para dentro de você, para seu coração. Você acreditou na sua mulher quando ela disse que não te traiu e que não matou o James? O que seu coração lhe diz? - Carrick indagou analisando o filho.
- Que ela é inocente. Mas não dizem que o coração sempre nos dá uma rasteira? Não posso me deixar levar por ele somente, tenho que usar a cabeça, a lógica e se eu os usa-los não dá para acreditar 100% na Anastásia e é isso que me mata.
- Mas preste atenção, você está entrando em um caminho sem volta. A mentira que contou para meus netos quase partiu meu coração, como acha que Ana vai se sentir quando sair e descobrir a mentira horrível que você inventou? - O CEO questionou sentando-se na cadeira.
- Sei que a atitude que tive de inventar a morte da Ana é monstruosa, não pense que me orgulho disso, pelo contrário sinto nojo de mim, mas se eu não fizesse isso o que seria dos meus filhos? Agora que são pequenos visitariam a mãe e ficaria tudo bem pois não entenderiam a situação. Quando já tivessem 8, 9 anos começariam a entender o porque Ana está presa. E na adolescência? Imagina o preconceito que sofreriam dos coleguinhas por terem uma mãe acusada e condenada por homicídio? Quando entendesse o que é um crime, o que é matar alguém a facadas e o quanto isso é cruel? O que seria da cabeçinha deles? Eles sofreriam mais ainda. É muito fácil falarem que o que tô fazendo é podre e realmente é, mas poucos entendem que só estou querendo poupar meus filhos de uma dor que sempre vou sentir aqui dentro pois apaguei a Ana da vida deles, mas nunca vou apagar da minha, mesmo que tente. - Desabafou se levantando e começando a andar por sua sala. - Desde que ela foi presa tudo aqui se escureceu. - Apontou para o coração. - Perdi minha base, porque ela era tudo pra mim. Eu tinha bom coração, sentia tanto amor, mas agora tenho uma raiva, uma vontade de sumir da face da terra que não sei explicar, é como se a vida tivesse acabado pra mim. A Ana está presa fisicamente, mas eu estou preso dentro de mim mesmo, dentro dessa criatura amargurada que me tornei, não quero ser assim pai, me ajuda a não virar um monstro. - Se desesperou, começando a chorar deliberadamente.
- Calma Chris. - Carrick o puxou para um forte abraço.
- Sabe o que queria pai? Voltar no tempo, isso! - Afastou-se, - Queria poder ter feito tudo diferente no dia em que soube da morte do Jack, queria ter defendido minha mulher, deveria ter contratado o melhor advogado de defesa do mundo pra cuidar do caso e ter ficado com ela, mesmo se fosse culpada mesmo, deveria ter lhe perdoado e apoiado. Se tivesse feito isso estaria com a consciência limpa e quem sabe, ainda seria feliz?
- Então por que não o faz? Por quê não liga pra Isabella e diz tudo que está sentindo? Filho, ainda dá tempo de reconstruir sua vida com ela, é só querer. - Encorajou-o.
- Ela não vai me perdoar, nos dissemos coisas pesadas, coisas horríveis em todas as poucas vezes que nos vimos durante esses meses.
- Tente!
- Tentar? Será que ainda temos uma chance? Se eu disser que estou disposto a esquecer tudo que houve e pedir perdão, será que Ana voltaria pra mim? - Perguntou esboçando um sorriso. - Não ia ser fácil ficarmos juntos por conta dessa maldita prisão, ainda mais por tanto tempo mas posso visita-la sempre, posso levar as crianças, quem sabe até nos mudar pra Chicago se necessário e assim, poderemos voltar a ser uma família. Não como antes, mas estando juntos é o que importa, não? - Começou a fazer planos esperançoso.
- Faça isso Christian, ainda dá tempo sim! Anda! - O loiro bateu palmas apressando-o.
- Ta certo! - O moreno foi até o telefone e respirou fundo. - Ângela, quero que ligue imediatamente para o presídio feminino de Chicago e procure pela detenta Isabella Cullen, diga que quero falar com ela e depois, tranfira a ligação para mim. Obrigado. - E pôs o telefone no gancho. - Pai, se der tudo certo, vou ser feliz de novo! - Exclamou sorrindo sem parar.
[...]
Alguns minutos depois...
- Ana, aqui é o Christian. - Ele disse assim que ela atendeu seu telefonema.
- Como teve coragem de me ligar seu desgraçado?! - Ana rosnou, cheia de raiva.
- Precisamos conversar sobre nosso divórcio. - Sentou-se na poltrona e respirou fundo.
- Não temos nada a falar sobre isso, nossos advogados é que vão resolver, mas se pensa que vai me fazer abrir mão de alguma coisa, está muito enganado. Quero todo o dinheiro que é meu por direito, nem um centavo a menos.
- Não, não é sobre dinheiro que quero falar contigo.
- Nós dois não temos nada a falar, Grey. Aliás, só de ouvir sua voz já sinto um ódio. Você é um monstro, uma das piores pessoas que já conheci na vida e quero você o mais longe possível de mim.
- Me deixa falar, Anastásia, por favor.
- Não, vou avisar o pessoal daqui que não quero receber mais nenhuma ligação sua.
- Se não me deixar falar, vou viajar pra Chicago para falar pessoalmente com você.
- Pode vir, mas saiba que vou me recusar a te receber, esse direito ninguém pode me tirar, sabia? Eu decido com quem quero falar e na bos, não quero mais te ver, muito menos falar com você , será que não entende que te detesto?!
- Me detesta a ponto de me odiar?
- Se te odeio? - A morena engoliu em seco. - Mas é claro que sim, te odeio com todas as minhas forças, Christian. E um dia, pode demorar mas vou me vingar de você, acabando com sua vida. Agora faça o favor de não me procurar nunca mais, vá para o quinto dos infernos e me deixe em paz! - Gritou desligando bruscamente o telefone na cara dele.
- É, me enganei Carrick. - Christian murmurou com a voz embargada e os olhos lacrimejando. - Ana me odeia, não há mais solução pra nós dois, me dei conta do meu erro tarde demais e agora estou condenado a ser infeliz para o resto da vida por ter sido um idiota com o amor da minha vida.
- Não sabe o quanto lamento, filho. - Foi até ele e acariciou seus cabelos. - Mas e ai, o que pretende fazer?
- Sei lá, nada mais importa agora. - Deu de ombros desanimado. - Vou deixar tudo como está e vou aguardar o dia em que como ela disse, vai acabar com a minha vida de uma vez, porque se ela fazer isso vai até ser bom pra mim, assim acaba com meu sofrimento de uma vez.
~*~
- Você deveria ter ao menos ouvido o que seu marido tinha a dizer, será que não era algo importante? - Jessica questionou a garota quando ela voltou a cela.
- Nada, ele deve ter ligado pra me humilhar, pra rir do meu sofrimento. Não deixei ele falar mesmo, não estou com saco pra ouvir asneiras agora. - Sentou-se no canto da cela e suspirou. - Ele me perguntou se eu o odiava e afirmei que sim. - Mordeu o lábio, nervosa.
- E você o odeia?
- Não sei se toda essa mágoa e raiva que sinto por ele realmente é ódio, mas estava tão nervosa na hora que falei sem pensar. Só que é estranho porque assim que coloquei aquele telefone no gancho, senti uma coisa estranha. Uma sensação como se eu tivesse deixado algo passar, sabe? Tipo aquela intuição de que se eu tivesse agido diferente, minha vida teria mudado completamente. Mas já passou, deixa isso pra lá. - Se manteve firme. - Tenho coisas mais importantes para pensar e me preocupar agora.
- Tipo o quê?
- O futuro. Daqui a pouco vou pedir para ligarem pra minha advogada e pedirei pra que ela apresse logo esse divórcio e tire quanta grana puder do Christian. Também direi para que cuide pessoalmente das minhas ações e que sempre que possível, participe das reuniões da diretoria e concorde com todas as decisões que Grey e Carrick tomarem.
- Espera, ele te ferra e mesmo assim pretende apoia-lo?
- Mas é claro que não, essas ações me serão úteis lá na frente, quando finalmente sair daqui, mas conversaremos sobre isso em outro momento, Jess.
- Hum... Certo. Ah, enquanto você estava ausente a carcereira te trouxe essa carta. - Foi até ela, estendeu a mão e entregou-lhe o envelope.
- Obrigada! Ah, é da minha cunhada, Mia, quer dizer, ex-cunhada. - Abriu o envelope, pegou a carta e a leu em silêncio."Olá Ana, tudo bom? É, acho que não começei a carta do jeito certo, afinal, já sei a resposta. Você não está bem, quem estaria vivendo nesse lugar horrível, né? Demorei pra te escrever porque estou muito abalada ainda com os últimos acontecimentos e me sentindo culpada por algumas coisas que não vem ao caso neste momento. Enfim, quero que saiba que apesar de tudo estou e sempre estarei aqui, do seu lado, te apoiando o máximo que puder. Não puderei te visitar sempre, mas se e quando estiver se sentindo sozinha, escreva para mim para desabafar e saiba que sempre, sempre mesmo estarei aqui torcendo por você amiga. Beijos, Mia."
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Tentei postar ontem, mas o app não deixou :(Curiosa pra saber o que acharam do capítulo, então comentem e não deixem de votar ❤
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A Madrasta
FanfictionDez anos. Já imaginou como seria se você perdesse dez anos da sua vida trancafiada em uma cadeia por um crime que não cometeu? Foi exatamente isso que aconteceu com Anastásia Steele, que tinha uma vida perfeita ao lado do marido, Christian Grey, e...