Capítulo 18

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Uma semana depois, Mildred levantou-se decidida a procurar alguns amigos e tentar descobrir se havia alguma novidade com relação a Émerson e Laura.

        Tomou café e foi ao clube.

        Encontrou duas conhecidas estendidas ao lado da piscina. Aproximou-se puxou conversa. A certa altura, uma delas, olhando maliciosa para Mildred, disse:

        - Você já recebeu o convite de casamento de Émerson?

        Mildred empalideceu e procurou controlar-se:

        - Convite? Li na revista que marcaram a data.

        - Ontem à tarde recebemos o convite. Será dentro de três semanas.

        - Não, ainda não recebi.

        - Ontem à noite estive na casa de Laura e estavam felicíssimos. Compraram uma casa maravilhosa! Vocês precisam ver a decoração!

        Mildred esforçou-se para controlar-se. Pelo jeito, pai Tomé não havia conseguido nada. Fora ingênua dando-lhe dinheiro, acreditando que tivesse algum poder. Aquilo não podia ficar assim. Ele teria de devolver seu dinheiro ou ela o denunciaria. Sabia como fazer isso sem aparecer.

        Logo protestou um compromisso e saiu. As duas moças trocaram olhares maliciosos:

        - Viu como ficou descontrolada? Eu não disse que ela ainda gosta dele?

        - Vi. Saiu furiosa. Pobre de quem cruzar com ela hoje.

        - Do que Émerson se livrou! Laura é tão diferente!

        - É mesmo. Com ela ele será muito feliz.

        Mildred deixou o clube e dirigiu-se imediatamente ao terreiro de pai Tomé. Uma vez lá, tocou a campainha, mas ninguém atendeu. Bateu palmas e nada. Tentou olhar pelo buraco que havia no portão de madeira e não viu ninguém.

        Resolveu aguardar um pouco. Foi para o carro e ficou meia hora esperando, mas ninguém apareceu. Desceu e foi tocar novamente a campainha. Um rapaizinho que passava aproximou-se:

        - Moça, está procurando pai Tomé? Ele foi embora.

        - Como foi embora? Para onde?

        - Ninguém sabe, não, senhora. Ele fez a mudança à noite. Foi embora sem se despedir de ninguém.

        - Aconteceu alguma coisa?

        - Não sei. O fato é que ele estava apressado. Disse que não ia atender mais ninguém.

        - E os companheiros dele, também foram?

        - O que sei é que todos sumiram. Não vai adiantar esperar.

        Mildred voltou para o carro nervosa. Fora enganada. Nem sequer tinha como desabafar a raiva. Sentia a cabeça doendo, o estômago enjoado e um gosto amargo na boca.

        Precisava fazer alguma coisa para impedir aquele casamento. Mas o quê? Durante o trajeto de volta, tentou pensar em algo viável, mas não conseguiu.

        Uma vez em casa, decidiu aproximar-se do casal para ver se conseguia ter alguma idéia. Naquela noite, iria ao instituto a pretexto de informar-se sobre os cursos.

        Chegou lá pouco antes das oito e dirigiu-se à secretaria, olhando em volta para ver se via um dos dois que lhe interessavam.

        Naquele momento, Émerson estava em sua sala, analisando alguns documentos. De repente sentiu uma onda de energia desagradável. O rosto de Mildred surgiu em sua mente. Imediatamente ligou para a secretaria, dizendo:

Tudo tem seu preçoOnde histórias criam vida. Descubra agora