Capítulo 21

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     Começou para eles o tempo da espera. As horas passavam e Mirtes continuava na mesma. Veio a noite e ela continuava inconsciente.
     Estela e Antônio insistiram para que Humberto fosse para casa descansar um pouco, mas ele se recusou. Estava inconformado. Parecia estar vivendo um pesadelo.
     Ninguém queria ir para o. Antônio decidiu dizendo:
     - Não podemos ficar todos aqui. Não sabemos por quanto tempo ela ficará no hospital. Teremos de nós revezar para fazer-lhe companhia. Alzira, vá para casa, tome um banho e tente dormir um pouco.
     - Eu quero ficar aqui.
     - Seu pai tem razão - tornou Estela. - Vá. Qualquer mudança na situação dela, avisaremos. Amanhã cedo eu ligo para dizer como ela está é para pedir algumas coisas de que vos precisar. - E, voltando-se para o marido: - Seria bom que  você fosse também. Eu e Humberto permaneceremos aqui. Não é preciso tanta gente. Quando ela melhorar, vai precisar de todos nós.
     - De jeito nenhum - contestou Antônio. - Eu fico. Ela pode acordar, e eu quero estar junto. Depois, Humberto está tão deprimido que , se ela precisar de alguma coisa, ele não terá condições de atender.
     Valdo levou Alzira para casa. No trajeto, insistiu para que ela se alimentasse. Pararam em um restaurante e a custo conseguiu que ela engolisse um pouco de sopa.
     Quando estavam quase chegando em casa, Alzira pediu:
     - Vamos passar na casa de Dona Isaltina e pedir ajuda.
     Isaltina atendeu-os com carinho e foi logo dizendo:
     - Entrem, vamos conversar. Eu soube o que aconteceu. Sinto muito.
     - Viemos pedir ajuda espiritual - disse Alzira depois de apresentar o noivo. - Ela foi operada esta manhã mas até agora não voltou a si. Sinto-me angustiada.
     - Compreendo como se sente. Mas você é pessoa de fé, tem conhecimento espiritual. Este é o momento e confiar em Deus. Você sabe que ele az tudo certo e não cai uma folha da árvore sem que ele permita.
     - A senhora acha que ela vai ficar boa? - indagou Alzira.
     - Claro que vai. Tudo quanto nós acontece é passageiro.
     - Ainda bem. Ela vai demorar muito para se recuperar?
     - Isso depende de como o espírito dela enfrentará a situação. Sua irmã é pessoa muito apegada ao mundo material.
     - A senhora quer dizer que ela não tem conhecimento espiritual? - desta vez foi Valdo quem perguntou.
     - Todos os desafios que a pessoa enfrenta no mundo acontecem para ensinar-lhe determinada lição. Uma vez aprendida, tudo se resolve. Mirtes valoriza mais a matéria do que o espírito. Essa é uma inversão de valores que sempre atrai sofrimento. Sua recuperação vai depender de como ela reagir a essas experiências. Nossas preces em favor dela devem ser no sentido a que ela consiga aprender o que a vida está querendo ensinar-lhe.
     - O médico diz que ela está correndo risco de vida. Desde que eu soube do caso, sinto um terrível pressentimento. Será que ela vai morrer?

     - A vida e a morte pertencem a Deus. É natural que sinta angústia. Uma violência como a de que Mirtes foi vítima nos faz sentir quanto somos vulneráveis. Você  ainda está em choque. Vamos orar juntos para que Deus nos ajude, esclareça e conforte. Não esqueça que a vida sempre faz o melhor.

     Isaltina levantou-se, colocou as mãos sobre a cabeça de Alzira, fez uma prece e começou a ministrar energias durante alguns minutos. Depois fez o mesmo com Valdo. Por fim, agradeceu aos amigos espirituais a ajuda que receberam.

     - Sente-se melhor? - indagou ela.

     - Sim - tornou Alzira. - A angústia desapareceu.

     - Vamos confiar, minha filha.

     Quando saíram, Valdo comentou:

     - Que energia boa! Eu estava tenso, com dor de cabeça. Agora estou aliviado.

     - Eu também. Parece que saiu um peso de cima do meu peito. 

     Os dois foram para casa dela. Ao entrarem, Valdo disse:

Tudo tem seu preçoOnde histórias criam vida. Descubra agora