O NASCIMENTO DE BLADE

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Acordo com meu celular tocando, atendo depois de ver que é Alê.

– Alê?

– Não, Angel, é a Stella. Alê pediu para te ligar, ela quer que você venha para o hospital, sua bolsa estourou.

Dou um pulo da cama, me visto rapidamente e corro para o hospital que Stella falou. Stella e o marido estão sentados em uma sala de espera.

– Onde ela está?

– Foi levada ao bloco cirúrgico. – responde Stella – Eu não tenho condições de ver o parto.

– O Brad está com ela?

– Ele ainda não chegou, mas já está vindo pra cá.

– Ela está sozinha?

– Sim, nem eu e nem o pai dela temos condições de estar com ela neste momento.

Pergunto onde é este bloco cirúrgico e vou a procura de alguém que possa permitir minha entrada. Digo que sou sua irmã e uma enfermeira me leva até a Alê. Ela está gritando e suando, pois faz muita força como os médicos lhe pedem. Seus olhinhos brilham quando me ver, toco seu rosto e fico ao seu lado. Um dos médicos exige que ela faça mais força, Alê tranca os dentes e força seu filho sair de você. Dois pares de olhos azuis entram na sala, Alê sorri chorando quando ver Brad. Ele lhe dá um beijo e pede que ela seja forte. Minha cunhada dá um grito alto, tranca os dentes com força, de repente relaxa e um choro de bebê alegra nossos corações. Alê fica mole, Brad beija sua boca e diz eu lhe ama. Também lhe beijo e digo que estou muito orgulhosa dela. O doutor pergunta Brad se ele quer cortar o cordão umbilical de seu filho e ele aceita sem pensar duas vezes. Ainda sujinho, o pequeno Blade é colocado no peito da mão, Alê emocionada fala com a voz mansa que o ama e que para sempre irá lhe proteger. Brad limpa algumas lágrimas e toca a cabecinha sem nenhum cabelo de seu filhinho. Quando percebo também estou chorando, vivo no presente e no passado, passado que nunca vivi e por medo e egoísmo não quero viver. A enfermeira pega Blade e diz que irá limpa-lo. Alê me olha e me estende a mão. Me aproximo, seguro sua mão sorrindo e emocionada, ela me olha nos olhos e diz:

– Obrigada.

– Obrigada por que, meu bem?

– Obrigado por ter evitado que eu tivesse tirado a vida dessa criança linda.

– Obrigado você por ter sido corajosa e enfrentado seus medos.

– Se eu não tivesse você, eu não teria conseguido.

Lhe abraço e choramos.

Já deitada em um quarto só para ela e seu bebê, Alê já está mais corada e amamenta o filho. Ele está com um macacão azul, sua pele está vermelhinha e ainda não abriu os olhos. Brad não sai do lado da amada e de seu filho, os avós também estão babando no netinho e não escondem o orgulho que sentem pela filha. Depois de encher a barriguinha, Blade vai para o colo do pai, mas por pouco tempo, pois também quero tê-lo em meus braços, ele passa pelos colos dos avós e quando volta para o meu. Erik, Dani, Beta e Thor entram no quarto. Eles beijam Alê e se aproximam de mim para olhar o bebê. Passo o pequeno Blade para Erik, depois ele passa para Dani. Olho para Thor e meu coração se aperta com o seu jeito de olhar para o sobrinho. Ele sorri e diz que ele é lindo, pede para segura-lo e quando o tem nos braços me olha. Parece que me fez um pedido com o olhar, pedido que nunca serei capaz de realizar, saio do quarto e choro pelos corredores e só volto em condições de sorri, não quero que ninguém perceba o quanto sofro por não ter a coragem que Alê teve. Todos nos despedimos e apenas Brad fica, ele não quer deixar Alê e Blade, Stella diz eu irá voltar mais tarde para ele poder ir em casa tomar um banho. Saímos felizes do hospital e nos despedimos no estacionamento, todos percebem que Thor e eu não estamos conversando, mas não dizem nada, apenas nos olham preocupados. Entro em meu carro e sem me despedir dele vou para o escritório, pouco tempo depois ele entra na sala e mais uma vez se senta em sua mesa sem dirigir a palavra a mim. No dia seguinte, antes de ir para o escritório, passo no hospital e dou um beijo em Alê e Blade, Brad o pai coruja e homem apaixonado não sai do lado de seus tesouros. Dois dias depois vou a casa de Alê e Stella acaba fazendo um jantar, pois os enteados também resolveram visitar o sobrinho. Thor e eu nos pegamos as vezes nos olhando, mas sempre desviamos os olhares e não trocamos nenhuma palavra, ninguém se intromete e nem dão opiniões. 

Dê-me o que mereço e faça-me felizOnde histórias criam vida. Descubra agora