NUNCA NA VIDA AMAREI MAIS NINGUÉM COMO EU TE AMO

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BH é logo ali, como dizem os mineiros. Algumas horas de voo e pronto já estou no aeroporto ligando para Alice. Digo a ela que estou indo para um hotel e assim que me hospedar vou em sua casa, mas minha irmã fica furiosa e exige que eu fique onde estou, pois ela virá me buscar e irei ficar em sua casa. O jeito é sentar e esperar, pois com aquela ali não tem como discutir. Assim que guardo meu celular, ele toca, penso que seja ela, meu coração dispara assim que vejo na tela que é o Thor.

– Angel – sua voz me arrepia, mesmo que esteja séria.

– Oi, Thor.

– O Erik me disse eu você viajou, pode me explicar o que está fazendo no Brasil? Se esqueceu que tínhamos uma audiência?

– Não me esqueci, não.

– Então por que não compareceu?

– Porque não quis.

– Como assim, Angel? Você está de brincadeira comigo, é?

– Eu não fui porque não quero me separar de você.

Ele fica mudo.

– Se você quer tanto se separar de mim, que se separe, mas não me peça para facilitar as coisas, pois não facilitarei. Eu não fui, pois não conseguiria assinar papel nenhum olhando para você, se para você é fácil se esquecer de tudo o que vivemos, parabéns, porque para mim é impossível. Eu sei que sou problemática, egoísta, covarde e por todo este tempo me escondi atrás dos seus problemas para você e nem eu enxergarmos que os meus problemas são bem maiores. Com a minha ausência na audiência é um ponto a seu favor, se eu não for na próxima, coisa que eu farei, o juiz irá lhe dar o tão sonhado divórcio. Então não me ligue mais, eu não suportarei te olhar e aceitar que acabou, que te perdi por conta da minha covardia, eu não irei assinar nada, diga isso ao seu advogado, ele saberá o que fazer.

Ele continua mudo.

– Eu te amo demais meu amor, nunca na vida amarei mais ninguém como eu te amo. Desculpa por ter estragado tudo, desculpa por ser tão covarde e egoísta. Mesmo que isto me doa, vou pedir a Deus para colocar em seu caminho uma mulher que possa e queira lhe dar o filho que você faz questão de ter. Adeus, Thor!

Ele continua mudo e eu desligo o telefone para que ele não me escute chorar. O telefone toca novamente, decido não atender quando vejo que é ele. Vinte minutos depois, Alice chega com Maria. Minha pequena corre para os meus braços. Me abaixo, lhe abraço forte e a carrego no colo, Alice me abraça e me apresenta o marido. Ele é alto, claro, cabelos castanhos e com lindo sorriso, minha irmã sempre teve muito bom gosto, nunca duvidei que ela tivesse casado com um homem bonito. Seu nome é Saulo, nos cumprimentamos com beijos no rosto e sorrindo ele me compara com Maria, diz que ela parece ser mais filha minha do que de Alice. Vamos para a casa e adoro o clima de família que há aqui. Maria me leva para o seu quarto e diz que eu irei dormir com ela, Alice diz que irei dormi no quarto de hospedes, mas minha pequena enfrenta a mãe e bate o pé, fala um monte de argumentos e quando diz que está morrendo de saudades de mim, desmonta a coitada da minha irmã que perde feio na teimosia para a filha. Agarro a minha ruivinha esquentadinha e digo eu irei dormir colada a ela. Alice quer conversar, quer que eu vá para a cozinha com ela, mas Maria não permite, me mostra todos os seus brinquedos e não para de falar e quando ela me pergunta por que o Thor não veio, sinto vontade de chorar, mas me seguro e digo que ele não pôde, porque está trabalhando. Duas horas depois que cheguei, Saulo pega a filha e vai dar uma volta para eu e minha irmã conversarmos um pouco.

– O que está acontecendo com você, Pimentinha? Sua cara não nega que está com algum problema.

– O Thor me pediu o divórcio.

– Mas por que? – Ela para de cortar o tomate e me olha surpresa.

– Ele quer um filho e eu não quer lhe dar?

– E por que não?

– Porque não quero ser mãe.

– Até hoje, você não conseguiu superar aquele aborto, não é?

– Não. – abaixo a cabeça e começo a chorar.

Alice me leva para o sofá e me deita em seu colo.

– Você precisa esquecer daquele dia, Pimentinha. Enfrente seus medos, dê um passo à frente, saia desse passado que tanto lhe faz mal.

– Eu não consigo. – choro mais alto.

Alice acaricia meus cabelos e pede que eu fique calma.

– Por que não tenta ir ao psicólogo.

– Eu já tentei, mas desisti. O Thor deveria aceitar que não quero ser mãe, se ele me amasse de verdade, ele aceitaria.

– No fundo você também quer, Pimentinha. Já parou para pensar em um bebê com a carinha dele ou ruivinho como você? Pare para pensar em como o seu casamento iria ficar ainda mais perfeito com uma criança correndo pela linda casa de vocês. Pensa em como o Thor iria ficar feliz correndo atrás de um molequinho a cara dele ou como ele iria tratar como uma princesa uma filhinha de sardinhas na cara.

Acabo sorrindo ao imaginar esta cena, me sento e tento limpar as lágrimas.

– Eu não tenho este direito.

– Do que você está falando?

– Se eu não fui mãe daquela criança a oito anos atrás, eu não tenho direito e nem moral para ser mãe nunca mais.

– Pimentinha, pelo amor de Deus, olha o que você está dizendo! Você tem todo o direito de ser mãe sim, de tentar novamente e de fazer tudo diferente agora. Para de se cobrar tanto, meu bem, seja feliz, dê ao seu marido um filho e o faça feliz com você. A vida é tão simples, para que você quer complica-la?

Choro em seus braços e peço para não falarmos neste assunto e minha irmã para de falar e durante os cinco dias que fico em sua casa ela não volta a me lembrar desse assunto que tanto me faz mal. Maria chora quando me despeço no aeroporto, prometo que irei voltar e a levarei comigo para minha casa.

Dê-me o que mereço e faça-me felizOnde histórias criam vida. Descubra agora