O NASCIMENTO DE ANDY

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Duas semanas depois estou novamente correndo para um hospital, Beta está em trabalho de parto e Dani parece que também está, pois soa como tampa de chaleira. Minha amiga não se apavora e tenta transmitir segurança aos pais do bebê. Como Dani e Erik entram com ela no bloco cirúrgico, fico do lado de fora esperando e pedindo a Deus para tudo ocorrer bem. Meu coração acelera quando Thor aponta no final do corredor, ele está nervoso passando uma mão na outra, se aproxima e me olha.

– Eles ainda estão no bloco?

Não sei se fico feliz ou triste por ele ter dirigido a palavra a mim.

– Estão sim. – respondo e abaixo a cabeça.

Ele se senta ao meu lado.

– É parto normal?

– Sim.

– O meu advogado lhe procurou?

Olho-o surpresa.

– Pensei que fosse eu sua advogada.

– Para nos separarmos você não pode ser a minha advogada.

Olho novamente para o chão.

– Ele deve lhe procurar ainda hoje.

– Tudo bem. Se é assim que você quer.

– Eu quero? Você que disse que preferia se separar.

– Você tem razão, a culpa é sempre minha.

– Você não quer se separar?

– O que você acha?

– Não sei, Angel. Às vezes acho que você quer viver um eterno namoro, não quer aceitar a responsabilidade de um casamento.

– Eu só não quero ter filhos.

– Um casal sem filhos é muito triste.

– Eu não acho, um casal pode fazer diversas coisas ao invés de ficar se preocupando com filhos.

– Não tem como ficarmos juntos, pensamos totalmente diferente.

Olhando nos olhos, ficamos em silêncio, nos aproximamos, nossos lábios se atraindo, mas antes que um beijo aconteça, Erik e Dani aparecem chorando e sorrindo e dizem que Andy nasceu. Pulo nos braços de meus amigos, Thor também abraça o irmão e o cunhado. Assim que Beta vai para o quarto, vamos atrás. Andy é carequinha como Blade, Dani acaricia o filho no colo de Erik. Thor olha apaixonado para o sobrinho, pega a criança nos braços e me olha. Abraço minha amiga e digo:

– Parabéns, meu amor! Você foi tão corajosa, tão caridosa e acima de tudo, muito amiga!

– O que estiver ao meu alcance para lhe fazer feliz, faço com prazer – ela abre os braços para mim – pois você é a pessoa mais importante na minha vida e por você eu vivo e morro!

– Ah, Beta! – choro em seus braços.

Ficamos com Beta até tarde, digo que irei embora e Thor diz que também irá. Stella, Tom e Alê chegam e perguntamos por Blade, Alê diz toda orgulhosa que o deixou com o pai. Eles entram e eu e Thor saímos, vou em silêncio para o meu carro e Thor me segue.

– Você não quer conversar? – ele me pergunta.

– Conversar sobre o que? – não entro no carro e lhe encaro.

– Sobre o nosso casamento.

– O casamento que você quer que acabe?

– Você que quer.

– Eu te amo, Thor, mas não posso e não consigo fazer o que você quer.

– Está bem, Angel. Eu desisto de nós, eu desisto de tentar salvar o nosso casamento, eu desisto!

Ele me dá as costas e vai para o seu carro do outro lado do estacionamento. Fico parada no mesmo lugar vendo ele dar a partida e sumir. Vou para casa e me afogo em meus medos, meu passado, meu presente e em minha dor, a dor de ser tão covarde e deixar ir o único homem capaz de me fazer feliz.

Dê-me o que mereço e faça-me felizOnde histórias criam vida. Descubra agora