PESADELO

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 Quando aterrisso em Rio de Janeiro, vou direto para casa de Dani. Antes de tocar a campainha, avisto Silvana virando a esquina com algumas sacolas. A empregada que mais parece ser um membro da família, sorri ao me reconhecer. Nos cumprimentamos e ela diz que Dani está sozinho, pois a mãe e os irmãos foram na casa de Júlio. Entramos conversando e nos assustamos com os berros e barulhos de coisas caindo que vem lá de cima. Parece que é uma briga, reconhecemos a voz de Daniel, o mostro está aqui. Ordeno que Silvana ligue para a polícia imediatamente e subo as escadas correndo. Pai e filho estão socando a cara um do outro. Daniel pega Dani pelo pescoço e o enforca, meu amigo lhe soca, mas parece estar perdendo as forças. Pulo nas costas do mostro e mordo sua orelha, ele solta o filho e grita, me arremessa longe e ao bater no guarda-roupa sinto uma forte dor nas costas. Daniel me olha com ódio, coloca a mão na orelha e vem para cima de mim, limpo minha boca suja de seu sangue e sinto nojo. Tento me levantar, mas com certeza suas mãos irão chegar em mim primeiro, mas antes disso, Dani lhe puxa e lhe acerta um soco na cara. Ele se desiquilibra, mas volta e acerta um soco no filho. Me levanto e pego o notebook de Dani que está sobre a cama e acerto na cabeça de Daniel. Ele tonteia e cambaleia, se apoia na parede, coloca a mão onde lhe acertei e a olha assustado com o sangue.

– Piranha desgraçada, eu vou te matar!

Ele vem para cima de mim, mas Dani lhe puxa e os dois começam a se socar novamente. Katy com uma arma em punho, aponta para Daniel, mas ele não vê, Dani se distrai com a mãe e é pego de surpresa pelo pai que curva o corpo, acerta a cabeça em seu estômago e o leva para a varanda. O choque do corpo de seu pai no seu é tão forte que Dani bate as costas na grade de proteção da varanda, mas como ela é baixa, meu amigo a atravessa e cai lá embaixo. Katy acerta um tiro nas costas do ex-marido que cai no chão no mesmo instante. Corro para a varanda passando por Daniel caído ao chão e olho lá para baixo. Dani está caído desacordado no jardim. Há uma poça de sague se formando por baixo de Daniel e ele não se mexe. Katy e eu o deixamos ali e descemos correndo para o jardim. Silvana está subindo as escadas com dois policiais, passamos por eles correndo e gritando que Dani está caído atrás da casa. Os policiais ficam perdidos, não sabem se continuam subindo ou se vêm atrás de nós. Um sobe e o outro nos acompanha. Dani está caído sobre os arbustos, sua cabeça sangra, olho para cima e percebo que ele bateu no pequeno alicerce que há ali. Grito para Silvana ligar para uma ambulância. Katy e eu estamos histéricas, choramos chamando por Dani, mas ele não abre os olhos e nem se mexe. O policial pede que não toquemos em Dani, Katy quer tirar o filho de qualquer jeito de cima dos arbustos. Tremendo como vara verde e com o coração saindo pela boca, coloco a mão no pescoço de meu amigo e tento sentir seus batimentos.

– Ele está morto, Angélica? – Katy pergunta soluçando.

– Não, Katy, ele ainda tem batimentos.

O policial fala ao telefone e exige que a ambulância chegue logo. O policial que está no quarto de Dani aparece na varanda e diz que há um homem morto lá em cima. Katy e eu nos olhamos apavoradas.

– Qual de vocês atirou no homem? – o policial pergunta depois que o seu companheiro diz que Daniel levou um tiro nas costas.

– Eu – respondemos as duas juntas.

– Como assim? – o policial pergunta.

Silvana aparece dizendo que a ambulância chegou, paramédicos entram e atrás vêm mais pessoas vestidas de branco e com eles trazem uma maca. Com cuidado tiram Dani dos arbustos e o colocam na maca. Quero ir com o meu amigo, mas o policial não deixa, fico desesperada gritando que tenho que ir com ele. O policial segura eu e Katy e diz que primeiro iremos para a delegacia, pois há um homem morto lá em cima e quem o matou terá que arcar com as consequências. Peço para Silvana ligar para o Júlio, enquanto, Katy e eu somos obrigadas a entrar na viatura. Na delegacia, o policial nos leva para o gabinete do delegado; um senhor de sessenta anos mais ou menos, alto, negro e forte. Obrigadas a sentarmos, nos sentamos de frente a ele, falamos nossos nomes e ainda não conseguimos parar de chorar, o delegado quer saber o que aconteceu e tanto eu quanto Katy pedimos para ir ao hospital, precisamos ficar ao lado de Dani.

Dê-me o que mereço e faça-me felizOnde histórias criam vida. Descubra agora