Capítulo 3 - O Herdeiro do Casarão

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O rapaz ainda esperava por sua resposta, mas ela não conseguia pensar numa mentira que parecesse razoável. Não que a verdade parecesse muito real também....

- Por acaso está procurando isso? - O rapaz tirou do bolso um celular. O celular dela.

- Como você...? - Alice arregalou os olhos e sentiu o coração disparar. Como aquele cara estava com o celular dela? Por acaso o gato preto era dele? - Quem é você?

- Sou Keith Katzen, herdeiro desta propriedade. - E fez uma reverência que pareceu muito exagerada aos olhos dela. - E a Senhorita?

- Alice Riedel. - Ela estreitou os olhos quando o rapaz sorriu e lhe ofereceu o aparelho que segurava.

- Isso é seu, não é?

- Sim. - E tomou o celular de volta, ainda um pouco relutante. - Aquele gato é seu? Você mora aqui? Quando se mudou?

- Sim, ele é meu... amigo. Já estava por aqui quando me mudei, na semana passada. - E deu de ombros. - Aliás, a casa está infestada de gatos de rua.

- E o que pretende fazer com eles? - Os olhos dela mudaram de expressão, agora estava preocupada e prestes a chorar. - Não vai machucá-los, não é?

- Eu nunca machucaria um gatinho. - O rapaz sorriu com sinceridade e Alice sentiu algo estranho no peito. Uma sensação diferente que não parecia caber naquela situação. - Posso chamá-la de Alice?

- Pode.

- Você mora por aqui?

- Não muito longe daqui....

- Já está escurecendo, quer que a acompanhe até em casa? - A expressão em seu rosto era de preocupação.

- O que?!? Não! Eu nem conheço você! Ficou louco?

Então saiu correndo dali sem se importar com mais nada. Só queria chegar logo em casa e se ver livre daquele sujeito estranho. Se bem que era bem bonitinho... Liza ficaria enlouquecida! Parecia tão jovem para ser o herdeiro da propriedade!

Não havia ninguém em casa. Seu pai ainda estava trabalhando e sua mãe tinha saído para comprar ingredientes para o último bolo que encomendaram. Soltou um suspiro triste, não gostava de ficar sozinha.

Subiu ao quarto, tomou um banho e vestiu um pijama. Arrumou os materiais em cima da escrivaninha que ficava em frente à janela e tentou se concentrar no conteúdo. Era tanta coisa para estudar e ela estava tão cansada....

- Miau! - Um vulto preto pulou no parapeito da janela e ficou encarando-a. Dessa vez o susto foi tão grande que a deixou muda.

- Você?!? Não pode ser! - Alice encarou o bichano, que a fazia ter vontade de apertá-lo até não poder mais. Então lembrou-se que ele havia roubado seu celular e segurou o aparelho junto ao corpo com força. - Não! Roubar é errado!

- Miau? - O gatinho a encarou com expressão confusa.

- Mas... o que está fazendo aqui? Tipo, você me seguiu ou o que? - Ficaram um tempo em silêncio, apenas encarando um ao outro. - Como se o gato fosse te responder, Alice....

Colocou os materiais de lado e pegou o gatinho no colo, fazendo carinho em sua cabeça. O bichinho começou a ronronar e isso fez com que se sentisse calma e feliz. Sorriu e fechou os olhos imaginando como seria maravilhoso se seus pais a deixassem adotar um gato.

- Bom, já chega. Você precisa ir embora e eu tenho que... - O gato pulou do colo dela e correu até sua cama, pulou no colchão, deu algumas voltas em torno do mesmo lugar e deitou como se não fosse nada demais. - Eii!

Alice levantou e seguiu até a cama, tentou tirar o gato dali, mas este prendeu as garrinhas no cobertor. Ouviu um barulho vindo do andar de baixo e logo a voz da sua mãe a chamava pelo corredor.

- Você não pode ficar... - Então o gato pulou novamente do colo dela e correu até a janela aberta, desaparecendo noite a fora. - aqui?

- Alice? Filha, o que houve? Por que está olhando com essa cara para a janela? - A Sra. Riedel entrou no quarto e encarou a filha, desconfiada.

- Ahn... Nada. Eu acho que foi só um morcego que passou voando. - E deu de ombros oferecendo ajuda com as compras do mercado que sua mãe tinha ido fazer.

- Não precisa, meu amor. São poucas coisas, pode voltar a estudar. - Disse ao notar os materiais espalhados na escrivaninha e saiu do quarto em seguida para não atrapalhar os estudos da menina.

- Voltar a estudar... Claro... - Alice foi até a janela e espiou lá fora, relutante. Não havia nem sinal do gatinho preto. Ele havia realmente desaparecido na noite que acabara de cair.

Por mais que tentasse, o conteúdo parecia não querer entrar na sua cabeça e estava ficando cada vez mais desesperada. Isso nunca tinha acontecido antes, ela sempre conseguia entender a matéria com facilidade. Por que isso agora? Estava tão preocupada assim com os gatos do casarão? Deveria falar sobre isso com Liza? Talvez fosse melhor... mas a amiga entenderia?

Pegou o celular e digitou rapidamente uma mensagem para Liza, perguntando se ela estava ocupada e se poderiam conversar um pouco. A amiga Respondeu quase no mesmo instante com um áudio gritando a seguinte frase:

NÃO ME DIGA QUE VOCÊ ESQUECEU?

E assim que ouviu o áudio-grito de Liza lembrou-se imediatamente do que havia esquecido: o encontro com Julian e Sean na Ice & Cream. Liza começou a mandar milhares de mensagens e tentou ligar para ela umas dez vezes enquanto se arrumava depressa para sair. Quando pegou o celular novamente digitou apenas a seguinte mensagem:

Já estou indo. Vá na frente e diga que vou me atrasar.

Desceu correndo as escadas, já arrumada com uma maquiagem leve, calça jeans, sapatilha preta e uma blusinha simples. Avisou a mãe sem muitos detalhes sobre os garotos, mencionando apenas Liza e a sorveteria, para afastar falsas expectativas, e saiu correndo em direção à porta esperando conseguir chegar a tempo caso pegasse o ônibus das 18:45.

Não parou para raciocinar que chegaria suada de tanto correr e que com certeza Liza iria dar-lhe um sermão digno da Irmã Lúcia após o término do suposto encontro. Não estava animada para ir antes, mas agora era como se cada passo pesasse uma tonelada.

 Não estava animada para ir antes, mas agora era como se cada passo pesasse uma tonelada

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