Capítulo 17 - Brigas

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— Pedro acorda! – Jorge tentava a qualquer custo levantar Pedro da cama, estava sendo muito difícil, pois o mesmo não queria de jeito nenhum obedecer.

— Só mais alguns minutos, meu amor... – tentou Pedro convencê-lo, mas não deu certo.

— Parece que esquece que tens empregados para supervisionar. – Jorge clareou a mente de seu namorado.

— Mas estou com sono, deita mais um pouco aqui comigo! – quase mandou, mas Jorge é duro de ser contrariado ou seja, ele não vai aceitar e vai insistir um pouco mais sobre ir cedo na loja.

— Nossa... Eu não tenho ninguém a quem pegar carona, e você ainda faz isso comigo? – Jorge jogou sua chantagem emocional, com o intuito de Pedro cair com facilidade.

— Você sabe que assim eu não resisto... – Pedro fez um baita esforço para sair da cama, até que conseguiu. Sorte que ainda era tempo de Jorge estar na loja.

Jorge não queria parecer aproveitador, não queria ser visto como "María das NOTINHAS". Se é que me entendem... Mas era preciso Pedro levar Jorge para loja.

Já dentro do carro, os dois estavam discutindo sobre família, Jorge queria acrescentar sua visão. Envés de só Pedro falar o que sabe e criticar o que não sabe.

— Pedro, não é só a família dos outros que tem problemas... A sua também tem! – soltou Jorge.

— O que quer insinuar falando isso? –

— Só queria falar que sua irmã tem distúrbio de realidade... Ela não é bruxa coisa nenhuma. – confessou Jorge. Ele já estava cansado de ouvir Pedro criticando todas as famílias que não entravam no "padrão social" que ele mesmo regi.

— Isso é picuinha da sua parte, não encha meu saco com essas coisas! – Pedro ainda falava calmamente, tirando sua ficha comportamental desde a infância.

Pode não parecer, mas Pedro era e ainda é muito "chato" quando o assunto é estas coisas.

— PICUINHA NADA, SÓ NÃO QUERO QUE CRITIQUE QUEM SE CORTA. PORQUE VOCÊ NÃO SABE NADA SOBRE ESSAS PESSOAS!! – explodiu Jorge não contendo o nervosismo cheio de trimilique, a ponto de ter um colapso.

Não acho certo da parte de Pedro descontar sua raiva em Jorge. Não é justo ficar nervoso com a Grazielly e vir descontar em alguém que não tem nada haver.
Não é justo o jeito que o mundo trata o amor, não é justo pensar que eles são injustiçados... Não é justo pensar que é justo, não é justo ser injusto.

— Calma... O assunto estava na minha irmãzinha, mas agora nem sei mais de quem falamos! – disparou Pedro calmo. Calma essa que só estressa mais Jorge.

— Não diga mais nada!!! PARA O CARRO AGORA! – mandou Jorge tentando abrir a porta, mas a mesma estava trancada.

— Não posso abrir e permitir que faça uma besteira, não saberia o que fazer comigo se você fizesse algo... – completou Pedro para bagunçar mais os sentimentos de Jorge.

Não era justo Jorge ter acordado com um resquício de realidade, de ver que a vida que esta tendo não serve para ele.

Ele até se questionou que desde quando passou a gostar de homens, nunca sentiu atração. Ele era frágil? Sim, mas isso não significa nada.

  — Não sei se quero continuar com essa palhaçada... Você já me comeu certo? Porque ainda está comigo! – suplicou pela resposta, deixando lágrimas caírem dos olhos, Jorge imaginou o pior. O término do namoro, o término da relação que estava começando.

— Porque eu te amo, simples assim... Não me deixa logo agora que não sei viver sem você Jorge! – Pedro chorou pedindo a resposta, mas estava tarde demais. Jorge já tinha decidido o futuro sozinho, sem Pedro nele... Não queria ver sua própria vida jogada no lixo. Sua mãe não o criou para isso, Kátia nunca imaginaria criar o filho para entregá-lo de mãos beijadas para um homem.

O preconceito dela fala mais alto em todos os sentidos, não tem outro jeito a não ser esse.

— Pedro para o carro! – ordenou mais uma vez Jorge.

— Eu desisto, não há outro jeito, não sendo este de deixá-lo partir... – disse Pedro parando o carro poucas quadras da loja. Não aja com cautela para aqueles que não querem suas dúvidas.

Sei que não tem sentido, mas o que é o amor se tivesse um sentido? NADA... Seria muito fácil se tivesse um sentido.

— Muito obrigado por isso... – disse Jorge saindo de dentro do carro e dando as costas para Pedro.

— E suas coisas? Suas roupas... Ainda estão lá no nosso ninho de amor. – relembrou o que Jorge já sabia.

— Eu não vou embora agora, quero ir sozinho para a loja e se me permite gostaria de trabalhar só mais um dia! – pediu Jorge sorrindo de canto.

O sorriso era apenas um desfalque para a tristeza não assumir. Não queria ver Pedro contente em vê-lo chorar.

— Entendi... Você sabe o que acho de tudo isso. – Pedro falou saindo cantando pneus de borracha. Disparou com o carro para um lugar bem longe de todos e principalmente de Jorge, esse com certeza não queria ver por hora.

Jorge foi caminhando sozinho, com a presença apenas de seus pensamentos. Chegando na loja entrou tristonho de cabeça baixa sem falar com ninguém, demorou mais do que o costume. Não era certo isso, aliás, nada estava certo. Esse caimento repentinamente de realidade em Jorge, logo agora que os dois estavam se dando mais bem do que nunca.

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Pedro se encontra em uma das famosas cachoeiras da cidadezinha, belas por sinal. Mas afastadas de todos, em difícil acesso, não só para pessoas como também para animais.

Porque logo comigo? Eu que amei mais do que minha própria vida... Não tive escolha de impor meus pensamentos verdadeiros.

Jorge volta pra mim...
Jorge volta pra mim...
Jorge volta pra mim...

Te amo Jorge!

Os pensamentos de Pedro estavam em cacos literalmente, estilhaços espalhados pelas águas que corriam correnteza abaixo. Não havia nada a mais a ser feito, a não ser esperar um empurrãozinho do destino, ou como todos chamam de futuro.

Sozinho ele vai esperar, a tempo fazia uma promessa para que um dia isso acontecesse, não iria mais amar ninguém. Ao certo congelar-ia seu coração para o mundo. Contudo tormariasse um homem frio, sem amor algum no peito.

— Porque senhor... – não era uma pergunta para si mesmo e sim para Deus, se o mesmo tivesse-o escutando. De certo sim, Deus ouve tudo e vê também.

— Aquelas coisas horríveis que Jorge disse de minha irmã, era verdade? – questionava para Deus na esperança de ter uma resposta.

— Porque não fala comigo igual com os fiéis? Quero saber senhor. – cada palavra que Pedro proferia era uma lágrima descida de seus olhos.

Já não sabia para onde ir, com o dia passando rapidamente e mudando para noite optou em ir para casa, a esperança que surgia no peito era de Jorge estar sentado no sofá para lhe pedir desculpas. Não queria perdão, pois reconheceu seu próprio erro de não ter dado atenção suficiente para Jorge. Deveria ter contado que no dia do sumiço foi correndo matar saudades de sua ex-noiva Grazielly. Sim, Pedro traiu Jorge. Isso era uma das coisas que Jorge menos esperava de Pedro, é ruim, totalmente ruim acreditar completamente em alguém que nunca lhe mereceu.

Jongens (Romance Gay) (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora