Christina já estava me esperando no carro, então entrei rapidamente, colocando a mala no banco de trás.
— Está ansiosa? – Ela perguntou assim que o carro começou a andar.
— Não. – Menti, mas meu tom de voz me traiu e ela me lançou um olhar descrente. – Só um pouco.
— Tem certeza? – Respirei fundo e então falei sem nem pensar.
— Não. Eu estou... tão ansiosa que mal consigo respirar. – Admiti envergonhada.
— Eu sabia. Você não para quieta. – Sorri. – Como é vê-lo de pertinho? – Olhei pela janela a procura de alguma resposta para dar a ela, mas as casas passando lentamente não me ajudavam a encontrar as palavras. A verdade era que nada que eu dissesse conseguiria descrever com perfeição como era estar na presença de Shawn. Eu poderia dizer que era maravilhoso, mas não seria suficiente.
— É... mágico! – Disse por fim. Foi o máximo que conseguir dizer, pois só de pensar em Shawn, em vê-lo de perto, já sentia um nó na garganta que me incapacitava de falar. Ela não fez mais perguntas durante o caminho e eu fiquei agradecida por isso. Em vez disso ela começou a tagarelar alguma coisa sobre o Frederico e a faculdade, enquanto eu apenas sorria e balançava a cabeça. Mas meus pensamentos já estavam muito longe dali. Assim que o carro parou no caminho de pedras que ficava do lado de fora do hangar, eu agradeci a ela e abri a porta do carro.
— Toma. – Ela disse me estendendo seus óculos escuros.
— Não precisa, Chris.
— Coloca logo, Luiza.
— Obrigada. – Disse abraçando-a brevemente e saindo do carro.
— Divirta-se. – Ela disse um pouco antes de eu fechar a porta ao pegar a mala e eu apenas acenei enquanto observava ela sair com o carro. Coloquei os óculos escuros como se fosse uma armadura e me encaminhei para o escritório que havia lá carregando a mala nas mãos até chegar no concreto. Não era bem um escritório, eram duas salas antigas dividas ao meio por um corredor que dava acesso a pista. As paredes eram de um branco descascado e havia alguns bancos no corredor. Parei em frente ao grande vidro que havia em uma das salas, a onde estavam dois homens de meia idade conversando. Um deles mexia em um velho computador e o outro comia em outra mesa. Eles me olharam assim que parei.
— Boa tarde. Eu estou procurando o John. – Disse assim como Shawn havia me instruído. Ele me fez repetir todo o esquema três vezes para ter certeza de que eu não iria esquecer. Eu deveria procurar o John assim que chegasse à pista de pouso. Iria seguir de avião até o aeroporto de Vancouver e lá o Brice estaria me esperando para me levar até o hotel em Vancouver, a onde eu deveria procurar a Heather. Já estava tudo memorizado.
— Você é a Luiza? – O homem que estava comendo perguntou ao se levantar. Reparei que ele vestia camisa social e gravata. Eu assenti um pouco surpresa por ele saber meu nome, mas eu já deveria esperar por isso. – Eu sou o George, piloto do jato. Se quiser já ir para a pista, o John está lá. – Ele disse e seus olhos caíram automaticamente para a minha camiseta. Tentei analisar a sua expressão, parecia surpreso com uma leve pontada de curiosidade, mas logo voltou a prestar atenção no prato descartável a sua frente.
— Ah, vou sim. – Eu disse ao sair. Seria melhor do que ficar encarando-os, e isso me daria mais tempo para pensar. Não podia negar que me sentia feliz em ter acertado na escolha da camiseta, mas não entendia por que isso havia me preocupado. Talvez por que quisesse ser aceita pelas pessoas que cercavam Shawn, não sabia dizer, tudo aquilo era muito novo para mim. Mas de certa forma havia causado uma impressão melhor do que se tivesse aparecido com a minha camiseta do Mickey. É claro que todo mundo conhecia os Beatles. Pelo que via na TV e pelo que minha mãe me contava, o sucesso da Beatlemania era algo indiscutível, e vem se propagando até hoje, mais de quarenta anos após a sua dissolução. Eles me lembravam muito Shawn. O sucesso assustador, a euforia que causavam, levando milhares de fãs ao delírio por onde quer que passassem. Era exatamente isso que acontecia com o meu ídolo. Shawn era um verdadeiro fenômeno. Suas músicas estavam em todas as rádios e seu rosto estampado na parede de milhares de quartos espalhados por todos os lugares do mundo. Alguns o chamavam de febre, mas eu preferia chamá-lo de paixão. Pois febre é algo que dá e passa, e paixão é um sentimento que te envolve, te domina, capaz de se concretizar em algo tão sublime como o amor. E o meu ídolo estava provando a cada dia que seu talento e seu carisma existiam para se tornar permanentes em nossas vidas. Não havia nenhum lugar a onde não conhecessem o seu nome, ou que sua música não estivesse na ponta da língua. Há centenas de artistas que surgem e em um piscar de olhos e desaparecem da mídia sem deixar rastro. Mas Shawn era diferente, e não era preciso um conhecimento musical buscado em anos de estudos para compreender isso. A cada dia que passava ele conquistava uma multidão de pessoas com a sua voz, assim fixando cada vez mais o seu nome na história da música em todos os cantos do mundo. Não era exagero, nem mesmo otimismo, era algo destinado.
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Diário de uma fã
FanfictionEla era uma garota comum, ele um ídolo internacional. Ela o amava mais que qualquer coisa, ele não sabia da sua existência. O universo conspirou a favor dos dois, eles se conheceram. Ela realizou seu sonho, ele descobriu o amor. Ela se tornou o s...