Capítulo setenta e seis

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Me sentei a frente dele, sentindo meu coração acelerado de nervosismo, não sabia nem por onde começar, a única coisa que sabia era que ainda nem havia falado e a cratera no meu peito já parecia arder em chamas de agonia. Respirei fundo novamente tentando tomar coragem, por mais difícil que fosse, eu teria que dizer, e não dava mais para adiar.

— Shawn, nós dois sabemos que muitas coisas difíceis estão acontecendo ultimamente...

— Espera Luly. – Ele interrompeu.

— O que foi?

— Antes de você dizer qualquer coisa que seja, eu posso cantar pra você? – O olhei intrigada, mas ele apenas tirou um papel dobrado em várias partes de dentro do bolso.

— Cantar para mim? – Perguntei surpresa e confusa ao mesmo tempo.

— Sim. Não diga a ele que eu te contei, mas o seu irmão me ligou esses dias e me disse algo que me deixou muito abalado, e eu só queria saber se era verdade.

— O Frederico? Por que ele tem o seu número? – Estava começando a ficar nervosa, achando que Fred havia mexido no meu celular e então lembrei que eu usei o celular dele para ligar para o Shawn. – Ele não deveria ter feito isso.

— Ele só está preocupado com você, Luly. – Eu olhei para baixo segurando as lágrimas, entendendo o que ele queria dizer. – Eu não te liguei, pois eu queria que você dissesse olhando dentro dos meus olhos. – Levantei a cabeça e ele me olhava aflito. Deus, como teria coragem de falar? Como? – Mas antes eu gostaria de poder cantar. Eu achei que ia apenas te entregar a letra, mas para a minha surpresa, você tem um violão. Então presta a atenção, pois essa música é o que eu gostaria de te dizer. – Eu assenti, sentindo um nó na garganta.

Shawn abriu o papel, o alisou e o colocou na cama entre nós dois. Então, ele começou a tocar e uma linda melodia, calma e viciante, começou a sair das cordas do violão.

Do ya, do you think about me? Do you feel the same way?

Ele me olhava nos olhos enquanto cantava, sua voz de anjo se propagando por todo o meu quarto, e entorpecendo os meus ouvidos, enquanto eu sentia meu coração bater cada vez mais rápido.

– Do remember how it felt? Cause I do, so listen to me, babe.

A cada palavra que ele dizia, a cada nota musical, meu coração apertava um pouco mais, e eu tinha a impressão de que ele saltaria para fora do meu peito.

— And I'm not tryina ruin your happiness, but darling don't you know that I'm the only one for ya.

Então todos os momentos que vivi ao lado de Shawn invadiram a minha mente. Cada gesto, cada fala, cada pequeno toque das suas mãos. Todas as vezes que ele havia me feito sorrir ou me sentir segura. Tudo passava pela minha mente como um filme, um lindo filme de amor, do qual nós éramos os protagonistas. Mas o que doía era saber que ao contrário dos filmes, a nossa história não teria um final feliz.

— Do I ever say? Oh, do I ever... Do I ever cross your mind?

Sem que eu pudesse perceber, as lágrimas já estavam rolando descontroladamente pelo meu rosto, enquanto eu tentava me manter inteira e não desmoronar com aquela música tão linda, e com a ideia de que ele talvez quisesse lutar pelo nosso amor.

Por que tinha que ser assim? Por que não podia ser tudo mais fácil? Que eu pudesse apenas dizer sim e tudo ficaria bem? Era como se algo dentro de mim se recusasse a aceitar que eu fizesse aquilo, como se eu morresse um pouquinho só em pensar em ficar sem Shawn.

Diário de uma fãOnde histórias criam vida. Descubra agora