Capítulo cinquenta

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Girei o cartão na mão, era elegante, branco escrito de preto e dourado, e o passei na fechadura e ela abriu facilmente. Fiquei alguns segundos estática, impressionada com o quarto. Era menor que o do hotel em Nova Iorque, mas ainda assim três vezes maior que o meu. Mas o que me chamou a atenção não foi o seu tamanho, mas a sua beleza, ele era magnífico. Também decorado em cores claras – oscilando do creme ao vermelho vivo – com uma enorme cama encostada na única parede de cor escura a onde havia um quadro com várias flores pintadas. De cada lado da cama havia um abajur que aparentava ser de porcelana, um grande espelho na parede lateral, duas poltronas, uma mesa de quatro lugares e a porta inteira de vidros que dava para a sacada estava com as cortinas abertas.

Entrei fechando a porta, ainda olhando o resto da decoração. Vi a minha mala próxima a mesa e notei um embrulho preto em cima da cama, uma caixa de sapato e um pequeno papel branco em cima. Passei a alça da minha bolsa pelo pescoço, soltando-a na cama e peguei o papel. E na caligrafia torta e já bastante conhecida eu pude ler as seguintes palavras:

"Não é porque eu não posso te levar ao baile do colégio que não podemos fazer o nosso! Espero que goste do vestido. Te encontro as oito.

Saudades, Shawn."

Li o bilhete por três vezes quase não acreditando no que estava escrito. Fiquei alguns segundos parada sem saber o que pensar, sentia meu coração bater violentamente e minha pernas tremerem. Ele estava mesmo falando sério? Peguei o embrulho e o abri delicadamente, e perdi o ar ao notar um lindo vestido rosa nas minhas mãos. O recostei sobre meu corpo, olhando para o grande espelho na parede. Parecia que eu estava vivenciando uma cena de um filme, daqueles que te emociona do início ao fim e te faz sorrir sem ao menos perceber. O vestido era magnífico, sem alças e no estilo princesa, no busto havia algumas pedrinhas e na cintura um laço curto. Era rodado, um pouco acima do joelho e a sua saia parecia feita de tule, do tipo que você só encontra nos contos de fadas.

O virei de costas e vi que havia uma fita que transpassava toda a parte de cima, como em um espartilho. Fiquei olhando maravilhada e feliz por não ter que dizer nada, pois sabia que não conseguiria esboçar nenhuma palavra naquele momento. Coloquei o vestido com cuidado sobre a cama e abri a caixa de sapato, fazendo o meu queixo cair. Se havia ficado maravilhada ao ver o vestido, nada explicava o que senti ao ver os sapatos. Peguei um deles na mão admirando-o. Era um peep toe prateado brilhoso, como se estivesse revestido por pequeninos cristais ou diamantes, mas sua superfície era lisa como seda. Seu salto deveria ter uns doze centímetros e era preto também brilhoso, mas era um brilho diferente, como glitter.

Não resisti ao impulso de experimentá-lo. Tirei a sandália rasteira e o calcei fascinada com a sua beleza, e fiquei admirando-o no meu pé. Dizer que era lindo seria muito injusto, era magnífico. Coloquei-os de volta na caixa cuidadosamente ainda sem acreditar em tudo aquilo. Ainda que eu soubesse que era real, quando se tratava de Shawn tudo parecia um sonho. Procurei o celular na minha bolsa e digitei a mensagem.

"É algum tipo de conto de fadas? É lindo!"

E em pouco tempo ele me respondeu.

"É parecido, mas eu não sou um príncipe num cavalo branco."

"É melhor, muito melhor."

Cai para trás na cama, cobrindo o meu rosto com o travesseiro. A felicidade exalava por todos os meus poros, e eu mal conseguia me conter. Shawn podia não ter um cavalo branco, mas ele seria sempre o príncipe encantado da minha vida, o dono de todos os meus sorrisos e do meu coração, que havia me tirado da realidade e me levado para o melhor conto de fadas já escrito por Deus.

Diário de uma fãOnde histórias criam vida. Descubra agora