Como prometido Shawn me ligou assim que chegou em Toronto, me garantindo que estava bem, e só então eu consegui dormir. A semana começou conturbada com as notas das provas bimestrais, eu não havia sido um sucesso em nenhuma, mas até então estava tudo normal. Na quarta-feira o professor Bortolotto começou a distribuir as provas no fim da aula, enquanto eu terminava de copiar a matéria da lousa.
— Srta. Villar, vem aqui um instante. – Ele chamou. Me levantei e fui até a mesa dele de má vontade.
— Sim, professor.
— As suas notas estão muito ruins, se a senhorita não melhorar, eu serei obrigado a falar para a sua mãe te deixar sem internet.
— Fazer o que? – As palavras dele não estavam fazendo muito sentido.
— Você passa muito tempo atrás daquele cantorzinho e deixa de estudar.
— Isso não é da sua conta, e o senhor que não ouse colocar isso na cabeça da minha mãe! – Eu estava completamente alterada, ele não tinha esse direito sobre mim.
— Se está prejudicando suas notas é preciso cortar. – O tom de voz dele continuava calmo e contido, o que me tirava ainda mais do sério. Quem era Bortolotto para dizer o que eu devia ou não fazer? Ele não tinha o direito de julgar se Shawn atrapalhava ou não meus estudos. Eu não tolerava nem que Frederico que é meu irmão falasse algo de Shawn, quanto mais alguém que eu mal conheço e já não suporto.
— Não se mete na minha vida. Você é o namorado da minha mãe, mas você não é o meu pai! – Ele nunca iria chegar nem aos pés do meu pai, e o fato de ele querer substituí-lo me irritava completamente.
— O que está acontecendo aqui? – A orientadora perguntou aparecendo na porta, e só então eu percebi que estava gritando.
— Nada, Sra. Goulart. – Disse Bortolotto, e eu voltei para o meu lugar ainda indignada.
Estava no meu quarto quando minha mãe chegou na quinta-feira balançando uma folha na minha frente, que rapidamente reconheci ser minha prova de história. Ouvi horas de sermão enquanto desejava matar Bortolotto lentamente. Contei para Shawn assim que ele me ligou, e ele me disse para ter um pouco mais de paciência que logo as coisas se ajeitariam. É fácil para ele pedir paciência, não era ele que tinha que lidar com seu professor de história insuportável enfiado na sua casa todos os dias.
Estava sentada no sofá no sábado, rabiscando a última folha do caderno da escola. Bortolotto estava assistindo ao jogo de futebol, e eu queria poder tirar o controle remoto da mão dele. Mas provavelmente minha mãe gritaria comigo, e eu ouviria mais uma hora de sermão. Ela havia retirado a minha internet, alegando que eu estava ficando louca por causa do Shawn. Mal sabe ela que a internet é o que menos importa agora. Não posso culpá-la por pensar assim, pois ela não sabe o que está se passando. Mas ela deveria saber que meu amor pelo Shawn não é influenciável por falta de internet. Não é algo que ela, nem eu mesma possa mudar. Porém eu já estou acostumada com as pessoas me criticando, e não estou falando somente de Frederico. Algumas pessoas criticam o meu modo de olhar meu ídolo, dizem que é errado tratar um ser humano com tanta devoção, e não entendem o amor de uma fã que é capaz de chorar pelo seu ídolo. Eu não sei dizer se isso é errado, e também desconheço a razão. Mas o meu amor pelo meu ídolo é algo que vai além do entendimento e palavra nenhuma consegue explicar. E por mais que tentem, esse é um sentimento que ninguém nunca vai conseguir tirar de mim.
A porta da sala se abriu, e Frederico entrou, mas ele não estava sozinho. Sendo puxada pela mão, logo atrás dele, estava uma moça de cabelos compridos, olhos grandes e sorriso bonito. Eu estranhei a cena, afinal, ela nunca havia acontecido antes. Eu me lembro quando trouxe Matheus em casa, e Frederico fez um escândalo. Me pergunto se trouxesse o Shawn aqui o que ele faria.
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Diário de uma fã
FanfictionEla era uma garota comum, ele um ídolo internacional. Ela o amava mais que qualquer coisa, ele não sabia da sua existência. O universo conspirou a favor dos dois, eles se conheceram. Ela realizou seu sonho, ele descobriu o amor. Ela se tornou o s...