Capítulo trinta e oito

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Estava deitada com a cabeça apoiada no peito de Shawn enquanto ele mexia no meu cabelo, mas dessa vez ele não estava cantarolando. Estávamos quietos apenas aproveitando o momento, e a alegria que era ter a companhia um do outro.

— No que você está pensando? – Shawn perguntou quebrando o silêncio.

— Eu estou um pouco decepcionada comigo.

— Por quê?

— Eu estava enganada sobre algo.

— Sobre o que? É algo que eu fiz? – Ele perguntou intrigado.

— Não. – Respondi rapidamente. — Ontem à noite eu disse que não poderia estar mais feliz, e eu me enganei. Pois agora eu estou muito mais feliz que ontem. – Disse levantando a cabeça para olhá-lo. Ele sorriu e me puxou contra ele num abraço apertado.

Ficamos por mais algum tempo ali sentindo o calor dos nossos corpos unidos, e compartilhando um mesmo sentimento de felicidade e satisfação, que não era preciso ser dito em voz alta, pois tudo já havia sido entendido. Até que Shawn sugeriu que era melhor levantarmos, e mesmo não querendo deixar aquela cama, que havia se tornado o meu lugar preferido entre todos os lugares no mundo, eu concordei.

— Você pode ficar mais um pouco? Eu vou fazer o café da manhã pra gente. Ou pelo menos tentar. – Ele sorriu.

— Acho que sim. Mas eu preciso tomar um banho. – Levantei a procura das minhas roupas e devolvi a camisa ao Shawn. Enquanto eu tentava me esconder em um lençol amassado, ele se divertia com a cena. Fiz uma careta para ele, percebendo que ele não iria se virar para eu me vestir, achei que seria muito idiota pedir isso a ele à essa altura do campeonato, mas ainda assim me sentia envergonhada.

— Pode usar o banheiro, eu te levo uma toalha. – Eu assenti. Achei o meu vestido quase embaixo da cama e tentei me cobrir com ele a caminho do banheiro.

Tirei o colar de coração e coloquei junto com o vestido em cima da pia, me analisando no espelho. Eu parecia uma confusão, com a pele avermelhada e o cabelo grudado na testa. Mas havia um sorriso diferente no meu rosto, eu nunca havia me visto tão feliz. Entrei no box de vidro e me assustei ao ligar o chuveiro, pois a água estava mais quente do que eu era acostumada. Nesse momento a porta abriu, e Shawn entrou trazendo a toalha. Tentei me cobrir com as mãos e ele sorriu.

— Você sabe que não precisa ter vergonha de mim, não sabe? – Ele perguntou, enquanto colocava a toalha sobre a pia.

— Eu sei, mas é involuntário. – Respondi sem graça.

— Você conseguiu ajustar a temperatura da água?

— Acho que está um pouco quente demais.

— Eu arrumo. – Ele falou, se aproximando.

Observei enquanto ele entrava no box, se inclinando sobre mim para alcançar o chuveiro, a água respigando levemente no seu peito nu. Senti aquele fio de eletricidade passar pelo meu corpo novamente e a vontade incontrolável de tocá-lo. Afundei as unhas nas palmas das mãos para tentar me controlar, mas era inútil. Meu coração estava disparado e minha respiração falha. Ele conseguia provocar em mim reações que mais ninguém era capaz.

— Pronto. – Ele disse, e me deu um sorriso largo, daqueles que me fazia perder a razão. Eu deveria dizer alguma coisa, mas fiquei estática, apenas encarando-o. – Você precisa de mais alguma coisa?

— Talvez. – Respondi, mas abaixei a cabeça, sem graça demais pelos pensamentos que passavam pela minha mente naquele momento.

Ele pegou meu queixo e virou meu rosto novamente em sua direção. Suas mãos repousaram nos meus ombros e contornaram os meus braços que ainda cobriam o meu corpo, até tirá-los do lugar. Ele deu um beijo em cada uma das palmas e as colocou sobre o seu peito. Sem pensar duas vezes, eu fui descendo as mãos devagar, sentindo cada músculo sob a minha pele. Shawn acariciou a minha bochecha, passando o dedo sobre os meus lábios entreabertos, enquanto seus olhos me olhavam tão intenso e profundo, que parecia não existir mais nada no mundo além daquele banheiro.

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