"A importância das emoções" Por Beatrice Spinula. Dizia o livro em cima da mesinha. A porta se abriu, e um alienígena, muito maior que a fêmea que todos chamavam de Ny abriu a porta. Doomdanru era pelo menos 30 centímetros mais alto, e tinha uma expressão mais fechada. Era sério, cinza escuro, e vestia-se formalmente com calças sociais e uma camiseta quase da mesma cor dele, tornando-o muito monocromático e chato. Meara não sentiu empatia alguma ao ver o "cara", pois sabia que ele estava antes batendo em uma menina, e Meara não compreendia aquilo. Aliviou a tensão apenas quando Ny entrou atrás dele, e encostou a porta, oferecendo um meio sorriso forçado de quem não compreendia constrangimentos ou tensão.- Você deve ser Meara Ablim. - O alien alto falou, cruzando os braços na altura do peito. - Bem vinda á Provenance e bem vinda ao Habitat 32.
- Obrigada. - Meara não o olhou nos olhos, olhou diretamente para Ny, pois isso sim a deixava mais calma.
- Eu sou Doomdandu, e você já deve ter conhecido minha colega, Riaman-Ny. Imagino que você tenha muitas perguntas.
Doomdanru atravessou o curto espaço até uma das cadeiras que encarava a cadeira de Meara. Sentou-se ali, cruzando suas pernas, formalmente, sem sorrir, sem demonstrar qualquer emoção. Ny, por sua vez, ficou perto da porta, como uma defesa mutante.
- Na verdade, eu tenho algumas perguntas. - Meara não entendeu porque a tal Ny ficava na porta, como um soldado, mas resolveu não perguntar também. - Eu me inscrevi para o programa de Marte, para trabalhar.
- De fato. É verdade. - Concordou com a cabeça, guardando o livro sobre emoções de lado, e prestando atenção em Meara. - Infelizmente, Meara, você veio sem uma profissão até nós. Não se preocupe com isso, vai aprender uma aqui, porém, precisa ser paciente até que a aprenda. Não há pressa.
- Ok. - Concordou. - Eu aprendo rápido. Obrigada pela oportunidade. Doomdano, - Falou o nome errado.
- Doomdanru. -Ele a corrigiu. - Doom, se achar muito confuso.
- Doom. - Ela repetiu. - Eu sei que meus olhos são um problema, mas me falaram que aqui em Marte, isso não seria. Eu ouvi rumores de que este Habitat é uma preparação para Andromeda. Isso é verdade? Eu não me inscrevi para Andromeda, me inscrevi para Marte.
- Sua espécie ainda se prende em padrões contrários ao curso da natureza. - Ele olhou firme nos olhos de Meara, sem esboçar nada que a menina pudesse entender. - Seus olhos, a prova mais viva de que a natureza segue seu curso, criando algo tão incompreensível e belo quanto um olho azul e outro, cor de terra. É uma pena que os humanos não vejam isso como uma liberdade criativa da natureza, não acha?
- Talvez... - Ela franziu a testa, percebendo certa admiração na voz de Doomdanru. Admiração pela condição humana.
- Minha natureza não é nem de perto tão gentil quanto a sua, Meara. Veja, a mesma natureza que criou seus olhos, ou a diabetes de Lana, é a mesma natureza que permite cruzamento genético. Diversidade. E diversidade é a chave para a sobrevivência. Andromeda não foi tão gentil. - Suspirou, olhando para a colega. - Eu e Riaman-Ny, por exemplo, somos diferente entre nós, é verdade, mas temos o DNA de uma colmeia, Meara. O que significa que eu e Riaman-Ny, embora sejamos diferentes em algumas partes da nossa cabeça, somos praticamente iguais. Desenvolveremos as mesmas doenças, as mesmas fraquezas e, se um vírus ou bactéria for esperta o suficiente para matar minha colega, ela me matará também. Por isso, precisamos de vocês.
- Descobrimos há alguns décadas que o DNA humano pode ser mesclado naturalmente com o DNA do nosso povo. - Ny explicou, dando um passo para frente. - Cria diversidade. Novos padrões genéticos. Cria vida.
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Aurora
Science FictionMeara Ablim nasceu na Terra com uma rara mutação genética - Heterocromia, que fazem seus olhos terem cores diferentes - um azul e um castanho. Abandonada ainda bebê por ser "imperfeita" por culpa da revolução genética, ela viaja até "Provenance" ass...