- Deve desculpar Doomdanru, Meara. - Ny falou para a menina, andando pelos corredores. - O senso de humor dele está precisando de treino. Não nascemos com um senso de humor, na verdade.- Ele foi bem, considerando a cara de tacho que ele tem. - Meara brincou, andando atrás da alien. - Vocês tem emoções básicas, apenas?
- Sentimos medo em situações extremas, algum nojo, e tristeza e alegria. Nada tão complexo quanto vocês. A maior parte do nosso cérebro, a mesma porção que em humanos se especializou em socialização complexa e emoções, se especializou em lógica e raciocínio.
- Interessante.
- Nossa taxa de abandono materno-infantil é alta. - Ny comentou de forma casual. - Não investimos em crianças quando o cálculo não vale a pena. Humanos não, eles morrem por suas crias. É contra-intuitivo, mas, incrivelmente, funciona melhor do que parece.
- Obrigada. - Meara sorriu. - Não funcionou com meus pais.
- A revolução genética foi, de fato, um movimento burro. - Concordou abrindo a porta do tal banheiro coletivo. - Espero que vocês reconheçam isso logo.
A porta abriu-se para um banheiro branco, de uns 10 metros quadrados. Ali, haviam, três chuveiros simples, enfileirados um do lado do outro, atrás de um vidro transparente, sem privacidade alguma. Dois vasos sanitários, exposto, do outro lado do banheiro, com nada para tapar nada, além de algumas pias e espelhos, no meio do banheiro, enfileirados também. Tudo era branco, estéril, e sem paredes de proteção. Meara perguntou-se se o orçamento havia acabado, mas não ia falar em voz alta.
- É sempre uma reação confusa, quando as crianças vêem pela primeira vez. - Riaman-Ny olhou a expressão de Meara.
- Isso aqui é um banheiro bem coletivo mesmo. - Meara deu uma olhada ao redor. - Tem um banheiro no meu quarto. Com porta.
- Aquele deve ser usado apenas em emergências. - Comentou a alien. - Um xixi noturno. Quando passar mal... coisas assim. Do contrário, pedirei que use este.
- Esse é o banheiro das meninas. - Quis saber Meara, já afirmando.
- É o banheiro de todos. - Respondeu Ny.
- Você sabe que não tem privacidade alguma aqui?
Riaman-Ny achou curioso o comentário e as bochechas vermelhas de Meara e tentou adivinhar.
- Isso é pudor, certo? - A alienígena perguntou, cruzando os braços.
- É. Claro que é! - Apontou pro banheiro. - Eu não sei em Andromeda, mas na Terra, há algumas coisas que meninas fazem em privado, Ny!
- Eu compreendo. Quando receber seu período, pode usar seu banheiro pessoal. - Prometeu Ny.
- Quando é que começamos a falar do meu período? - Ficou mais vermelha ainda, encolhendo os ombros. - Meu Deus, isso é um pesadelo!
- Você vai se acostumar, com o tempo. - Prometeu. - Vamos lá, retire sua roupa. - Pediu Ny, andando pelo banheiro em direção ao chuveiro.
- Aqui?! - Perguntou pasma. - No meio desse banheiro?
- Sim, Meara, não pode se banhar vestida.
- Ny, olha só... - Meara abraçou os braços ao redor do corpo, ficando preocupada quando viu Ny abrir o chuveiro morno que começou a formar uma fumaça leve perto da alien. - Ok... precisamos falar de emoções, certo? Acontece que eu sou tímida. Sabe o que isso significa?
- Não há motivos para timidez aqui. Especialmente não comigo. - Ofereceu um sorriso ensaiado para Meara. - Eu ajudo todos no banho, assim como Doomdanru. Não vai ser a primeira menina que vamos ver sem roupas, e certamente não será a última.
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Aurora
Science FictionMeara Ablim nasceu na Terra com uma rara mutação genética - Heterocromia, que fazem seus olhos terem cores diferentes - um azul e um castanho. Abandonada ainda bebê por ser "imperfeita" por culpa da revolução genética, ela viaja até "Provenance" ass...