O primeiro carinho

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Meara sentia os passos de Riaman-Ny e não sabia para onde a alienígena estava a levando. Na verdade, Meara nem queria saber. Teve muito medo de alguém a ver naquela situação, especialmente Sheila. Riaman-Ny e Doomdanru já tinham provado que pudor ali, entre eles, era totalmente banal. Eles expunham, sem medo algum. E Meara temeu por isso.

Percebeu pelo tom de luz que haviam entrado em um ambiente mais calmo. Havia uma luz gentil, meio azulada e um cheiro de maracujá, totalmente calmante no ar. Meara até abriu um pouco os olhos, e viu muitas decorações quase indígenas, com escudos e penas de animais coloridos. Ela queria entender, mas em seguida, senti-se sendo abaixada em um colchão macio, maior do que o normal, cobertor por um tecido branco grosso.

Compreendeu que estavam no quarto pessoal de Ny e que aquela era sua cama.

Ny deitou a menina ali, vendo ela levar as mãos nervosas e rápidas para tapar seu genital feminino e sorriu para isso. Se Meara soubesse quantas meninas haviam estado nuas naquele quarto... não faria aquilo. Aliás, Ny nem ligava para aquilo.

- Pronto, minha criança. - Ny levou as mãos até os olhos inchados e vermelhos da menina e limpou-os com seus dedos cinzas. - Agora se acalme.

Havia segurança ali, a voz dela era calmante e Meara estava protegida de olhos curiosos. O ambiente era quase quente demais, macio e lembrava quase um útero materno, no sentido mais amoroso possível.

- Vamos tirar essas calças e cuidar dessa surra.

Meara negou com a cabeça, rapidamente. A ideia de ser exposta de novo, dessa vez tão vulnerável doía em seu ego. Primeiro, Doomdanru tinha surrado ela por ter gritado com Ryan, agora, ela estava ali, sendo tratada como uma criança pequena de colo, sem vergonha alguma.

- Eu sei que não quer, minha menina dos olhos lunares, mas eu preciso tirar. - Avisou. - Não há motivos para sentir vergonha comigo. Eu já não olhei você nua?

O tom maternal deixou Meara ainda mais constrangida. Era difícil responder Riaman-Ny. E era mais difícil ainda falar para ela tudo que ela queria falar. Ela queria mesmo gritar, queria mesmo sair dali, mas não conseguia se defender agora.

- Eu sei... mas vamos tirar... - Ny segurou as calças de Meara com força, quando a menina começou a lutar.

- Não, não! NY, NÃO! EU NÃO QUERO!

Os gritos para Ny faziam parte também. Parte da destruição do ego que era necessária para o início da infância de Meara naquele novo mundo. E doía. Doía como um parto nascer de novo daquela forma, e por isso, Ny deixou a menina gritar enquanto segurava seus braços e tirava as calças dela de vez. O choro frustrado era alto, e Ny quase reconheceu o sentimento de compaixão em si mesma.

Meara apertou os olhos chorando, com as duas mãos cravadas fortemente na parte feminina, e esfregava os pés um contra os outros, envergonhada.

- Não precisa, Meara. - Ela fez um carinho no braço da menina. - Eu não quero que tenha medo.

Ny voltou sua atenção para a pequena mesinha ali e pegou um tubo de pomada já a disposição ali em cima. E começou a rolar Meara à força na cama.

- De bruços, princesa. - Ny avisou. - Vamos deixar a Ny olhar esse bumbum.

Meara chegou a reclamar, chegou a bater as pernas e descer a mão para tapar o bumbum, mas Ny segurou sua mão longe e deixou o bumbum exposto. E o que Meara ia conseguir falar?

- Eu sei que não gostam, mas tem que me mostrar... - Ny disse com a voz suave, ouvindo o choro da menina, mas começando a apertar a pomada ali, e deixar cair uma porção generosa sob as nádegas nuas dela. - Se acalme, minha criança.

- Eu não sou sua! - Meara finalmente falou em um tom furioso.

- Está bem. - Ny nem ligou para o ataque frustrado e birrento da menina. - Vou cuidar do mesmo jeito. Quem sabe um dia você não aceite ser minha?

A mão gentil de Ny começou a espalhar a pomada ali, com calma.

- Ai aiiii!!!!

Estava sensível e por isso a menina gritou e bateu as pernas enquanto os dedos de Ny espalhavam a pomada ali. Ny espalhava por tudo, cobrindo a vermelhidão com pomada gel quase transparante.

- Shhhh... eu sei, criança... shhhhh....

Ninguém nunca tinha a ninado assim enquanto a cuidava. E mesmo com seus dedos cinzas, seu rosto estranho e diferente demais, Ny conseguia ser mais mãe do que Meara jamais tinha visto na sua vida. Havia algum carinho ali, mesmo que Meara ainda fosse incapaz de perceber.

Quando os dedos de Ny deslizaram de leve entre suas nádegas, Meara chutou tão forte e tão violentamente, que conseguiu se soltar do apertão de Ny. Virou-se para ela, e olhou-a com os olhos enormes e envergonhados.

- O que pensa que está fazendo? - Meara acusou séria.

- A dobra para dentro da mucusa está vermelha, Meara. - Ny disse sem humor. - Vire-se, deixe eu terminar.

- Não. Está maluca?! Não pode ficar me tocando ali!

- E por quê não? - Quis saber, com um tom estalado maternal. - Não só vou tocar, como vou ver. - Avisou. - E não há motivos para me esconder, Meara.

- Você... não tem... o direito... - A voz de Meara começou a afundar em lágrimas, bem como seus olhos. A voz saiu como se estivesse de fato entrando em uma piscina, engolindo água depressa demais, tornando o tom deprimente.

- Venha aqui... vamos lá... venha...

Ny começou a puxar a menina semi-nua pro seu colo. À força.

- Não, me solta! EU NÃO QUERO!

E Meara lutou contra o peso enorme de Ny. E foi inútil. Meara foi sentada no colo de Ny, como estava, e Ny a envolveu com seus enormes braços, forçando-a a encostar-se no seu peito liso e quase frio.

- EU NÃO QUERO! - Meara tentou se soltar, puxando-se com força. - EU NÃO QUERO!

- Shhhh... - Ny embalou a menina, deixando ela gritar. Uma hora, ela ia cansar. - Pronto... pronto... A Ny está aqui...

A frustração era tanta que Meara voltou a chorar violentamente. E demorou sim, um minuto, ou dois, até ela perceber que não ia sair dali, e começar a afrouxar o corpo e chorar - porque era o que restava fazer.

- Isso. - Ny comemorou, puxando um cobertor grosso e cobrindo a menina no seu colo. - Pronto. Agora vamos ficar bem.

Ny recostou-se um pouco e começou a dar palmadinhas em Meara, de leve, em sua coxa coberta, ninando-a. Meara achou aquilo ridículo, mas não podia nem falar mais. Como ia falar algo?

- Feche os olhos. - Ny ordenou. - Ficarei com você um pouco. - Deu-lhe um beijo macio nos cabelos, pela primeira vez. - Minha menina.

AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora