- Sheila, quero te ver na sala especial. - A voz de Doomdanru chamou no refeitório, onde todos estavam sentados.
O silêncio cortou todos, inclusive Meara, que olhou para Sheila parar de comer envergonhada. Não era mais segredo ali que Ryan tinha tomado uma surra enorme. As paredes tinham relevado inclusive o conteúdo da briga - nada mais ali seria como antes.
Doomdanru saiu do refeitório e Sheila olhou para os colegas que mal conseguiam sustentar o olhar para ela. Ela estava humilhada, derrotada. Queria chorar mas não iria fazer aquilo ali. Ela queria para Andromeda e esquecer o Habitat 32. Maldita hora que ela tinha ido para Marte.
- Pode rir o quanto quiserem! - Ela já acusou de boca cheia, com vontade de chorar. Ryan tinha caído e agora... era a vez dela.
- Ninguém está rindo, Sheila. - Melvino disse, respondendo pelo pequeno grupo ali. - E você pode ser um pé no saco mas todo mundo aqui sabe o que é apanhar deles e te entende.
- Ninguém vai rir. - Meara garantiu. - Embora você mereça, não somos como você.
- Meara. - Melvino a repreendeu de leve.
- Ela tem razão, Mel. - Chiara falou olhando para o amigo. - Não somos como ela e por isso mesmo, não vamos rir. E na boa, Sheila... se isso vai te ensinar a não sacanear mais a gente...
- Oh, Chiara! - Kennedy chamou a amiga que estava destilando raiva também.
- Deixe ela falar. - Sheila interrompeu o menino. - Eu sei que eu mereço, mas eu só queria sair daqui. Agora... sei lá quando isso vai acontecer.
- É melhor você ir. - Tyrone disse. - Doomdanru não gosta quando atrasamos.
- Vamos estar aqui, quando sair. - Melvino garantiu. - Se quiser... fazer as pazes.
- Tanto faz.
Sheila não parecia ouvir muito agora. Ela saiu da mesa, e andou para fora do refeitório em silêncio. Os comentários não faziam nada agora por ela. Ela queria só ficar na dela. Ela sabia que haveria uma surra - ela não era tão burra assim. Seus colegas ouviriam tudo. Não havia dignidade no Habitat 32.
Quando ela abriu a porta do quarto especial, que conhecia tão bem, ela viu Doomdanru sentado já em uma cadeira. Seria ali, ela compreendeu vestida em seu uniforme idiota. Ali tudo acabaria para ela.
- Sheila. Entre e encoste a porta, por favor.
Sheila obedeceu, pois pelo menos podia manter parte da surra - a visual - privada.
- Sabe porquê está aqui, eu suponho. - Ele comentou de forma casual, cruzando seus enormes dedos longos no colo.
- Sei. - Ela foi direta. Parou na frente de Doomdanru, mantendo a pose.
- Eu estou decepcionado, Sheila. Não só pela sua atitude perante aos outros, mas perante sua atitude comigo também.
- Eu me esforcei, e você sabe disso. - Ela rebateu com uma pose forte demais.
- Sabe o que você é para mim, Sheila? Uma criança. E uma bem mimada. - Ele comentou. - Acha que eu não ia descobrir? Eu percebi o sexo entre você e Ryan, Sheila. Suas assaduras.
Sheila ficou vermelha de vergonha.
- Não foi forçado. - Ela respondeu.
- Eu sei que não. Se fosse, eu já teria intervindo. - Suspirou, um tanto cansado. - Eu não quero tirar mais pontos de você, porque eu sei que seus dias não foram fáceis, mas eu estou tirando, Sheila. 15 pontos.
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Aurora
Science FictionMeara Ablim nasceu na Terra com uma rara mutação genética - Heterocromia, que fazem seus olhos terem cores diferentes - um azul e um castanho. Abandonada ainda bebê por ser "imperfeita" por culpa da revolução genética, ela viaja até "Provenance" ass...