IX_O coração está sempre certo?

73 4 0
                                    

— Não é possível! Então é verdade?— Miranda estava com os olhos cheios de lágrimas e uma gota já começava, lentamente, a rolar em seu rosto— E o Manoel ainda tem a coragem de me chamar de louca. Eu não sou louca! Eu vi o jeito que se olhavam no dia da chuva! Eu vi!

— Miranda se acalma.— Miguel ponderou.

— Não vou me acalmar!— Ela gritou— Não me peça isso sendo que acabou de beijar a minha irmã! Ela só tá te usando! Ela odeia o seu pai e quer se vingar dele usando você! Tonto! Você é um tonto por estar caindo nos encantouls dessa sereia aí! Mas te digo uma coisa: ela vai te atrair para o fundo do rio com essa cara de santinha. E quando você perceber, já não vai mais ter como voltar.

Miranda correu para fora do bosque. Miguel olhou para mim como quem diz "daqui a pouco eu volto" e correu atrás dela.

— Miranda!— Ele gritou e, logo em seguida, conseguiu segurar o braço da minha irmã.

— Me solta infeliz! Disse que me amava e agora está aí agarrado com a Maria!

— Não é o que você pensa!

— Eu não estou pensando em nada, eu simplesmente vi como você e a Maria estavam! Ninguém me contou! Eu não estou louca!

— Eu sei que não está, então me deixe explicar tudo.

— Não! Não precisa explicar! Você terminou comigo e, por mais que o meu coração se parta por dizer isso, você agora é um homem livre e pode ficar com quem quiser. Pode ficar tranquilo. Mas depois não venha chorando atrás de mim, porque a única coisa que eu vou poder fazer é falar que avisei.— Ela empurrou Miguel, que caiu, e depois correu para algum lugar, o deixando no chão, se culpando e chorando pelo que havia feito.

—Calma.— Cheguei por trás e toquei o ombro de Miguel, agachando atrás dele— É pirraça. Ela não vai fazer nenhuma loucura. Pode ficar tranquilo, você não tem culpa de nada e eu vou falar com ela.

— Eu iludi a Miranda! Ela deu tudo por mim e eu não dei nada por ela! Eu sou um lixo, um covarde!

— Se acalma por favor.

Cheguei ao seu lado e o abracei. Depois nos olhamos por vários instantes até que nos beijamos mais uma vez. Um beijo curto interrompido por mim mesma.

— O que eu estou fazendo?— Me perguntei sussurrando.

— Como assim?— Miguel ficou intrigado.

— Você acabou de terminar com a Miranda. A gente se odeia, mas ela ainda é a minha irmã. Não posso... Não posso. Me desculpe.— Me levantei e corri para a casa.

...

No estábulo, Miranda estava fora de si. Abriu os portões com um puxão e entrou batendo os pés.

— Olá dona Miranda!— Rodolfo sorriu.

— Me dá um cavalo agora.

— Agora eles não estão aqui. A única que está é a égua da dona Maria, mas...

— Pode ser.

— A dona Maria não me deu permissão para...

— Escutou o que eu disse? Me dá a égua daquela égua agora!

— Mas dona Miranda...

— Ou coloca a merda da sela na merda dessa égua agora ou está demitido nesse instante. Não me irrite, porque eu não estou com paciência.

— É uma égua selvagem!

— Te garanto que sou muito mais selvagem do que ela e a Maria juntas. Agora traz ela pra mim. Anda, imprestável!

Apesar Da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora