XXXVI - Enlouquecida

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Após longos minutos desabafando com Karla e Manoel, decidi ir falar com Miranda.

— Tá ficando louca de entrar no quarto dos outros assim?— Ela perguntou logo que abri bruscamente a porta e entrei.

— Acho que você não tá com tanta moral pra falar o que é certo, então cala a boca e me escuta.

— Me desculpa se o Miguel percebeu que você não o merece e que só tava querendo se vingar da família dele.

— Você é podre.

— Não mais do que você: a mulher que dorme com o filho do maior inimigo. E pior, pensando em que mal pode fazer a eles.

— Você não sabe o que fala!

— Sei sim, só não sei como você tem estômago pra dormir com o filho do cara que você acredita ter matado o nosso pai.

— Há muito tempo, parei de pensar na vingança quando eu estava com o Miguel.

— Por que será que eu não acredito?

— Não quero te provar nada! Só queria que você soubesse que destruiu a minha felicidade, a do Miguel, e a de uma criança que não tem culpa de nada.

— Do que você tá falando?

— Vou te deixar pensar porque você não é tão burra a ponto de não entender o que eu te disse.

Me virei e saí. No corredor, minha mãe estava acompanhada de um homem não muito mais velho que ela ou que Fernando. Ao lado deles estavam Karla e Manoel.

— Oi Maria!— Minha mãe correu para me abraçar— Não sabe como a notícia que o seu irmão acabou de me dar me alegrou.

— Ele também já falou do que o Miguel e a Miranda estavam fazendo quando eu fui dar a notícia pra ele?

— Infelizmente sim. E eu vou ter que falar seriamente com ela porque aquela garota já passou dos limites!

— Isso não vai resolver.— Olhei para o homem que estava ao lado dela e sorri, como em cumprimento.

— Ah, nem lembrei de apresentar.— Minha mãe se aproximou dele— Esse é o Cláudio, um amigo que acaba de se mudar para a cidade.

— É um prazer te conhecer Cláudio!— Eu o abracei.

— O prazer é meu. Bem, vejo que não é um bom momento para estar aqui, já que vocês têm assuntos familiares para tratar.

— Eu sinto muito por essa situação.— Minha mãe disse.

— Eu entendo perfeitamente. Resolva a situação com a sua filha e, se precisar de alguma coisa, me ligue. Até mais, foi um prazer conhecê-los.

— Eu te acompanho até a porta.— Me ofereci e fui acompanhá -lo.

— E eu vou falar com a minha filha, se é que eu ainda vou poder chamá-la assim sem sentir vergonha depois do que aquela garota fez.— Ela foi para o quarto de Miranda.

— E mais uma vez estamos nós dois aqui, sem poder fazer nada, enquanto o barraco acontece.— Manoel falou.

— Vamos pra outro lugar.— Karla segurou em sua mão— Não é legal você ficar aqui enquanto a sua mãe discute com a Miranda.— Eles foram para o jardim.

...

— Não entendo qual a dificuldade que o povo dessa casa tem de bater na porta e fechar com educação quando entra.— Miranda falou com voz de deboche depois que minha mãe entrou no quarto e bateu a porta.

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