XXVI_ Medidas Desesperadas

37 1 0
                                    

— Mas a cada dia que passa o seu irmão me surpreende mais Maria!— Karla estava sentada em sua cama, abraçada a uma almofada, enquanto eu arriscava algumas notas no violão. 

— Já reparou que praticamente só falamos do Manoel a noite inteira?

— Não INTEIRA, mas uma boa parte dela você tem razão.— Rimos— Na outra, você veio com o plano B, que eu nunca imaginei que existia, sem falar na parte onde você parou pra analisar como a Miranda e o Felipe formam um casal estranho.

— Exato, eu não entendo como começaram a namorar tão rápido.

— Acha que estão fingindo algo pra causar ciúmes em você e no Miguel?

— Vindo da Miranda, eu não duvido, mas o Felipe não faria isso. Ele sabe que eu nunca senti nada por ele e eu não teria motivos para sentir ciúmes.

— Então em que está pensando?

— Acho que estão tentando fingir que tudo está bem enquanto, na verdade, estão esperando o momento certo para dar o bote.

— Mas você já disse que não sente nada pelo Felipe.

— Sim, mas pode pensar que, em um momento de fraqueza, eu poderia ceder.

— Cederia?

— Claro que não, até porque me separar do Miguel só traria consequências pra minha vingança, não pro meu coração.

— Você repete tantas vezes que não tá apaixonada pelo Miguel, que até parece que tá tentando se convencer disso.

— Para de pensar em coisas que não existem. Eu gosto do Miguel sim, ele é uma boa pessoa e não merece o que eu tô fazendo com ele.

— Mas...

— Mas o meu pai merece essa vingança, e eu tô fazendo o possível pra que tudo seja feito o mais rápido possível, evitando ao máximo o sofrimento dele.

— E depois?

— Depois nada. Vou destruir o pai dele, ele vai me odiar, talvez volte pra Miranda e eu volto pra minha vida normal.

— A sua vida normal inclui uma vingança desde os 7 anos.

— Eu vou ter que descobrir o que é uma vida normal. Agora já chega desse papo de psicóloga, prefiro que a gente continue falando do Manu.

— Você acabou de falar que tava incomodada com a minha obsessão pelo seu irmão.

— Pois é, e me arrependo, porque a sua análise sobre minha condição mental vingativa é muito mais chata. Pode continuar.

— Eu tô tentando ajudar. — Ela fingiu querer continuar no assunto da vingança, mas logo cedeu — Mas voltando ao assunto de antes, seu irmão foi pra fazenda?

— Foi Karla!— Revirei os olhos.

— Não precisa falar assim, eu só tô perguntando.

— Já perguntou duzentas vezes pelo Manoel.

— É que é bom rir de vez em quando. E ele me faz rir.

— Me responde uma coisa?— Estiquei o braço e peguei um pote de sorvete de chocolate.

— Diga.

— Tá gostando do meu irmão?— Comi uma colher de sorvete.

— E-eu?— Ela gaguejou— Claro que não!

— Eu sei que o Manoel é todo retardado, mas é bonito, é legal... Vamos começar uma sessão de terapia. Me conta o que sente por ele.

— Nós não vamos começar uma terapia, primeiro porque eu sou a psicóloga, segundo porque o que você mais precisa é de uma terapia.

Apesar Da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora