— Quando saí daqui eu era uma menininha, mas agora cresci e percebi que fiz muitas coisas erradas no passado.
— Realmente me acusar de assassino do seu pai não foi uma atitude muito legal.
"Matar o meu pai também não, maldito desgraçado", pensei, mas mantive minha respiração constante, tentando me manter o mais calma possível, enquanto ele continuou:
— Mas também penso que também não é uma atitude normal para uma criança. Alguém comentou alguma coisa com você que te fez pensar isso de mim?— Ele se aproximava mais e mais, a voz sussurrante e intimidadora.
— Sinceramente senhor, eu vim aqui pelo seu filho, pra comemorar o seu aniversário e passar um bom momento com as pessoas que o Miguel ama.— Me levantei e fiquei de frente para ele— Se o senhor vai querer remoer o passado ao invés de pensar que aqui na sua frente existe uma mulher que ama o seu filho, acho que devo ir embora.
— Tudo bem, não foi a minha intenção ser inconveniente. Não vamos ficar pensando no passado, não é?
— Concordo plenamente, o presente é muito mais importante... E muito melhor.— Continuei com os olhos fixos nos dele.
— Você se tornou uma mulher muito bonita, sabia?
— Obrigada.
— Seus pais também foram muito bonitos na juventude.— Ele pegou o canivete que eu havia acabado de dar e começou a mexer na lâmina— Sua mãe ainda é.
"Meu pai não, porque você o matou maldito! Como eu queria fincar esse canivete na sua garganta."
— É verdade.— Foi o único que consegui dizer— Você que mudou muito desde a última vez que o vi.
— Eu era muito jovem quando os meninos nasceram, mas agora só estou parecendo um homem.
— Não parece ter mais do que 50 anos.
— Tenho 55.
— Poxa nem parece, vejo que o tempo só lhe fez bem.— Sorri, tentando parecer o mais calma possível.
— Acho que já conversamos o suficiente, não é? Podemos voltar para junto dos outros.
— Não tem mais nada o que conversar comigo?
— Não, já vi que você é uma mulher bem diferente da menina pirracenta que saiu daqui, o que é bom. E bem diferente da mimada da sua irmã, o que é melhor.
— Isso quer dizer que eu SIRVO para o seu filho?
— É exatamente o que eu quero dizer.— Ele abriu a porta e estendeu a mão para o corredor— Me acompanha?
— Claro.— Olhei com o canto do olho para a mesa do escritório, pois Fernando tinha passado rapidamente a mão em alguns papéis dentro de uma das gavetas logo que chegamos, como se escondesse algo. É claro que em outro momento eu voltaria até aquela sala para verificar — Posso lhe fazer só mais uma pergunta?
— Claro que pode.
— Você disse que a Miranda não passou no teste pra namorada do Miguel, mas ainda assim a aceitou.
— A sua irmã sabe ser persuasiva, inconveniente e, acima de tudo, discreta quando quer.
— Quer dizer que, mesmo contra sua vontade, ela e Miguel continuaram o relacionamento?
— Sim. Digamos que o resultado dessa entrevista não é uma obrigação, mas apenas um conselho.
— Você aconselhou o Miguel a não se envolver com ela, ele não lhe deu ouvidos e você não foi capaz de destruir o relacionamento pra não magoá-los.
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Apesar Da Vingança
RomanceCONCLUÍDO "Porque apesar da vingança, eu me apaixonei pelo filho do homem que destruiu meus sonhos." Olá. Me chamo Maria. Nessa história, vou lhe contar como meu mundo perfeito desmoronou, me transformando em uma mulher fria e vingativa. Depois de m...