Chegando à casa de Karla, ela e Manoel trataram de ver se tudo estava no lugar para quando os tios chegassem. Depois de tudo conferido, eles se assentaram na varanda dos fundos da casa, que dava à área onde havia uma pequena piscina e uma churrasqueira, além de um caminho com jardim dos dois lados que levava ao jardim da frente.
— Sua casa é muito bonita.
— Obrigada, mas tudo aqui foi escolhido pelos meus tios.
— Lá em casa foi tudo escolhido pelas mulheres, afinal, eu sou a minoria.
— Tudo lá tem a cara da Miranda.
— Tivemos que ceder um pouco pra deixar ela feliz.
— Acho que conseguiram, porque ela parece gostar muito da casa.
— Pois é... Tudo para que aquela maldita depressão não volte.
— Não é só ceder à vontade dela, vocês precisam ajudá-la a entender que ela precisa procurar uma ajuda profissional pra tentar superar a doença. Se quiser eu posso te passar uns contatos.
— Eu adoraria. A única coisa que quero é que a minha menina fique bem.
— Acho tão lindo esse carinho que tem por ela.
— Eu a criei desde menina.
— E muito bem.
— Nem tanto, se tivesse criado bem ela não seria mimada desse jeito.
— Você fez o melhor que pôde, só deu amor demais. Isso acontece, com certeza não fez por mal.
— Você entende bem a cabeça das pessoas. É psicóloga?
— É tão a minha cara?— Sorriu.
— Acertei?
— Sim. Todos sempre me disseram que eu daria uma excelente psicóloga, então resolvi seguir carreira.
— E é feliz assim?
— Digamos que às vezes é bom pensar que as pessoas têm mais problemas do que eu, e que posso ajudar de alguma forma.
— É um gesto muito nobre. Mas me conta: que problemas você tem?
— Então, quase nenhum. Exceto que sou órfã desde muito pequena e tive que aprender a me virar sem a presença dos pais. Meus tios me criaram com muito amor, mas nunca foram obrigados a ficar me paparicando.
— Mas te paparicam?
— Atualmente não tanto mas, desde pequena, sempre me criaram como uma menininha. Até hoje eu me considero um pouco a infantil por isso.
— Como assim?
— Tipo assim: quando eu estava na faculdade, as minhas amigas me chamavam para ir em festas, mas eu não gostava muito de ir porque não queria conhecer homens, se é que me entende.
— Tem medo de relacionamentos?
— Exato. Até a Maria, que é toda fechada, ia pras festas, de vez em quando ficava com um. Mas eu ficava lá, só olhando. E quando um chegava perto de mim eu simplesmente me virava e fugia.— Riu— Sei lá, às vezes acho que tenho Síndrome de Peter Pan, mas não sei como melhorar nesse sentido.
— Nunca namorou?
— Namorar?— Riu com vergonha— Eu tenho 25 anos e posso contar nos dedos quantas vezes já beijei na boca.
— Então somos dois.— Riu— Eu sou muito sonso, as mulheres não gostam de mim.— Levantou e caminhou pela varanda.
— Você não é tão sonso assim...— Manoel tropeçou no tapete e, por pouco, não caiu em cima de Karla— É, talvez um pouco, mas não vejo como um motivo pra que as mulheres tenham medo ou percam o interesse .
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Apesar Da Vingança
RomanceCONCLUÍDO "Porque apesar da vingança, eu me apaixonei pelo filho do homem que destruiu meus sonhos." Olá. Me chamo Maria. Nessa história, vou lhe contar como meu mundo perfeito desmoronou, me transformando em uma mulher fria e vingativa. Depois de m...