Karla chegou ao barranco do bosque que dava vista para a cachoeira puxando Manoel, que já estava bufando, no exato momento em que viu Miguel e eu. Sem pensar duas vezes ela o empurrou para trás, fazendo com que ele descesse pelas pedras nas quais havia acabado de subir.
— Mas que droga Karla!— Manoel reclamou— Demorei um tempão pra subir isso e você me empurra.
— Eu não te empurrei, eu me desequilibre. E a propósito, obrigada por me ajudar a não ser eu rolando até aí embaixo.
— Então por nada, mas ainda não achamos os pombinhos.
— Acho que já foram, com o tanto que você demorou pra chegar aqui, seria estranho se tivessem permanecido né?
— EU demorei?
— Você ficou preso na sela do cavalo e quase caiu quando foi descer.
— Foi a porcaria da bota que agarrou.
— Sei... E demorou uma eternidade pra subir a pedra.
— Aquela pedra é muito ingrime e alta.
— Manoel, eu gastei menos de um minuto pra subir sem colocar a mão pra apoiar.
— Não vamos tentar encontrar culpados, não é verdade?
_ Claro que não, porque não existem CULPADOS no plural, só um. E ele se chama Manoel Soares.— Ela riu.
— Para de ser chata!— Ele fez cara de bravo, mas logo sorriu, enquanto novamente tentava subir pelas pedras.
— Mas então, o que vamos fazer agora? Já estamos aqui mesmo... Ei, por quê você tá subindo?
— Eu quero ver a cachoeira.
— Ela... Ela é a mesma de sempre ué.
— Tá me escondendo alguma coisa?
— O que acha de espionarmos a casa na árvore?
— E se a Maria e o Miguel chegarem?
— A gente fala que estava procurando eles, não vai dar em nada. No máximo vão ficar bravos.
— E nos expulsar de lá.
— Pois é, nada muito grave. Vamos.— Ela fez cara de dó.
— Sabe Karla suas emoções transparecem muito fácil, eu sempre sei no que está pensando e se está escondendo alguma coisa ou não.
— Você... Você sabe?— "Que eu não esteja transparecendo nenhum sentimento por ele, eu não posso fazer isso", era só no que ela pensava.
— Eu acho que você tá estranha e não quer que eu veja alguma coisa na cachoeira.
— Não...—Ela nunca havia se sentido tão aliviada na vida— Não tem nada que eu não quero que você veja, só não quero que suba pra depois a gente descer.
— Mas você tá aí e eu quero subir também.
— Pois eu digo que quero descer.— Ela começou a descer rapidamente, tentando parar Manoel que vinha subido, quando realmente tropeçou e os dois rolaram juntos pelas pedras, parando no chão macio, que na verdade era o meu irmão por baixo dela.
Seus rostos estavam assustadoramente próximos e Karla sentia que seu corpo a puxava mais e mais para perto daquela boca que ela tanto desejava sentir.
— O que é aquilo?— Manoel perguntou apontando para um brilho que parecia vir do lado da cachoeira.
— E-eu...— Ela rapidamente se levantou— Sei lá, parece água empoçada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apesar Da Vingança
RomanceCONCLUÍDO "Porque apesar da vingança, eu me apaixonei pelo filho do homem que destruiu meus sonhos." Olá. Me chamo Maria. Nessa história, vou lhe contar como meu mundo perfeito desmoronou, me transformando em uma mulher fria e vingativa. Depois de m...