XII_Quero tentar

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— Maria!— Deu um sorriso largo — Vejo que está diferente daquela garotinha que saiu daqui. Devo ter medo de você?

— Não, não tenha medo. Aquela garotinha não existe mais. Ela morreu há anos.

— Sendo assim, é um prazer conhecê-la.— Ele segurou minha mão e deu nela um beijo suave.

— E o que faz aqui?— Minha mãe perguntou, com um olhar não muito amigável.

—  Vim visitar a Miranda. Ela foi parte da família por muitos anos e eu ainda a considero como tal. Está melhor?

— Está sim.— Minha mãe respondeu.

— Fico muito feliz. Sendo assim, vou voltar para a fazenda. Vocês vêm comigo, garotos?— Perguntou para Miguel e Felipe.

— Eu não Papai.— Miguel respondeu—  A Miranda acabou de acordar e pode ter um chilique se eu não estiver aqui.

— Se é o que quer... E você, Felipe?

— Vou sim. Época de colheita, tenho que vigiar os empregados.— Deu um sorrisinho.

— As empregadas, você quer dizer.— Miguel olhou com uma cara de quem diz "você não engana ninguém".

— Me conhece muito bem meu irmãozinho.— Sorriu— Vamos Papai?

— Vamos!— Fernando sorriu como que parabenizando o filho e os dois se viraram— Até breve!— Sorriu para nós e saíram.

— Vou tomar um café.— Falei e saí em direção à cafeteria.

Sentei em uma das mesas e logo um garçom veio me atender. Antes que ele pudesse falar, Miguel sentou-se ao meu lado.

— Estamos adiando essa conversa.

— Que conversa?— Perguntei com cara de desinteressada, enquanto olhava o cardápio e indicava o que queria para o garçom.

— Eu quero o mesmo.— Miguel disse ao garçom, que saiu— Estamos adiando a conversa sobre NÓS.— Segurou minha mão.

— E desde quando o NÓS existe?— Soltei sua mão.

— Desde que nos beijamos.

— Olha Miguel, foi um erro aquele beijo. De verdade. Não sei por que aconteceu mas não vai se repetir.

— Por quê?

— Porque a Miranda está nessa situação por nossa culpa e, de verdade, não acho que daríamos certo.

— Fala isso antes mesmo de tentar?

— Falo porque sei que é assim.

— Pois eu discordo. Acho que nos parecemos em muitos aspectos. Mais do que a Miranda e eu.

— Tá aí o seu principal erro: me comparar com a Miranda o tempo inteiro.

— Não estou comparando!

— Está! E vou te falar mais uma vez: para! Não é porque somos irmãs que somos iguais.

— Não são iguais! Já te disse que você é diferente. Parece até melhor.

— Outra coisa que me irrita: para de cuspir no prato que comeu, porque sei que foi muito feliz com a Miranda.

— Mas acabou e ela tem que entender. Ela tem que seguir a vida dela e eu a minha, você não concorda?

— Claro que concordo, mas não tem que seguir a sua vida comigo.

— Por que não?

— Porque eu não que...— Antes que eu pudesse terminar minha frase, Miguel se aproximou e me beijou. Correspondi.

Apesar Da VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora