Capítulo 27

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Kairo, duas semanas depois

Testo a mira da AK-47, concentrado para a invasão que faremos daqui a pouco, é madrugada, estou na casa três e os vapor também se preparam. Juntei cinquenta homens, nem um terço da tropa mas já é o bastantes para o que tenho em mente. Os carros já estão carregados e todos os homens de colete, preparados para o conflito.

– Tudo pronto pra largar – Pablo diz quando se aproxima.

Jaé – Digo ainda focado no armamento.

– Falou com a tua mina? – Faz de novo a pergunta que me faz todo dia.

– Deixa quieto. – Digo cortando papo. Na última vez que estive com ela, percebi o quanto a amava e que se a perdesse, não aguentaria.

Estou entrando em guerra e não vou deixar ela no meio do fogo cruzado. Manter distancia agora é a melhor escolha. Não tá sendo fácil, sinto falta dela toda hora e sei que ela tá bolada mas é pro bem dela.

– Em tempos de invasão, ninguém sabe se volta vivo tá ligado? – Pablo insiste no papo.

– É sempre bom falar e se despedir.

– Não vou morrer hoje e se morrer, vai ser o melhor pra ela. – Mando o papo reto.

– Não brinca irmão, ela te ama e merece saber o que acontece contigo. – Diz sério.

– Sem neurose, vou morrer hoje não. – Tranquilizo.

– Nunca tive essa certeza toda, então já liguei pra minha morena e mandei o papo. – Sorri feito um idiota.

– Caiu apaixonado eim menor? – Digo tirando onda.

– Quem fala? – Rebate dando risada.

– Fica na moral aí. – Encerro o assunto e o puto ri mais. Fechamos os detalhes e pontos de como vai ser ao chegar no morro rival, meta da operação é chegar na surdina, acabar com a guarda e encontrar o puto, pra bater um lero com ele, naquele preço.

– Tudo pronto patrão. – Palita diz, se achegando.

Jaé, bora rodar.

Coloco uma faixa de munição atravessada no peito e duas fuzis nas costas, os oitão vão presos no colete e no cós da bermuda. Por último, testo rádio.

– Concentração rapaziada, sem vacilo. – Digo pra todos e guardo no bolso.

Dividimos a tropa em cinco carros e saímos, é meio de semana, de madrugada, as ruas estão desertas. Pouco tempo depois paramos e deixamos os carros em outros quarteirões, em lugares estratégicos perto das saídas.

Vou na frente e trago Pablo, Deco e Palito comigo, somos os melhores de mira, ando devagar me escondendo nos cantos visualizando o terreno, vejo os truta no pé do morro, fazendo a guarda. Então sento o dedo e os outros fazem o mesmo, com a guarda baixa invadimos, outros dez vem atrás e ouvimos uma sequência de tiros, alarmando a invasão. O caos começa, tiro para todos os lados.

– Circulem a área, fica cinco na entrada, o resto pode infernizar. – Falo no rádio. Me mantenho concentrado em achar a casa do puto, o x9 mapeou a favela inteira, então sei exatamente aonde ir. Saio correndo por um beco quando vejo dois mirando a frente e perco Pablo de vista.

Nego tem que ficar ligado se não leva e nem sabe de onde veio. Chego na casa grande e tem vários cobrindo o terreno, fico escondido analisando por onde começar.

– Pablo, chega aqui na casa principal, chega geral que tem muita vigilância. – Falo no rádio.

Tamo chegando Kr. – Alguém responde.

AO SAIR DO MORRO (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora