Capítulo 51

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Kairo

 
Acho que estamos na quinquagésima foto quando sinto Callie ceder em meus braços.

– Ei, o que foi? – Pergunto preocupado.

– Nada, só uma tontura boba.

– Comeu bem hoje? – Continuo sondando, ela anda bem sobrecarregada esses dias e sensível.

– Sim, deve ser felicidade em excesso. – Sorri e me beija.

Falamos com os convidados e tiramos fotos com os mesmos e dessa vez Callie desmaia nos meus braços.

– Amor, Callie. – A balanço de leve mas ela não acorda.

Todos ao meu redor ficam preocupados, coloco ela nos braços e corro para fora do local, o pai dela me ajuda abrindo a porta da limusine, entro com ela em meu colo e Guto já está no volante dando partida. Bato de leve em seu rosto mas ela continua desacordada, tento não entrar em desespero. Vinte minutos depois estou entrando na emergência do hospital mais próximo.

– Por favor, ajudem. – Grito quando entro.

Um enfermeiro ouvi e trás uma maca, coloco ela em cima e sigo eles até onde posso. Ao entrarem numa certa sala dizem que não posso entrar, fico esperando do lado de fora, torcendo pra que não seja nada grave. Minutos depois, Karen, Elisa, Dona Laura e outras pessoas chegam no hospital chamando atenção de todos pelos trajes.

– Como minha filha está? – Dona Laura pergunta ao seu marido que esteve comigo o tempo todo, preencheu a ficha da filha recepção, dando entrada no hospital.

– Está em atendimento, não temos notícias. – Guto abraça Karen que chora baixinho.

Passo a mão pelos cabelos, ela parecia bem esses últimos dias, só reclamava de muito cansaço e dor de cabeça, até tentei fazer ela desacelerar mas a teimosa não me ouvia. Como pude deixar passar o fato de ter algo errado com ela? Tiro o paletó e afrouxo o nó da gravata na tentativa de tirar o aperto do peito. Não funciona muito. Pouco mais de uma hora depois, uma mulher de jaleco vem em nossa direção.

– Parentes de Callie Almeida. – Me levando do chão no ato.

– Eu, sou marido. – Digo e me aproximo da mulher.

– Ela está bem, não é nada grave, só teve uma queda de pressão, o senhor pode me acompanhar, o restante podem vê-la depois. – Diz olhando os outros que estão ali e todos respiram aliviados. Sigo a doutora até uma das salas.

– Ela está lá dentro, está acordada e pediu para falar com você, vou deixá-los um pouco a sós e depois volto para levá-la para outros exames. – Concordo assentindo e entro na sala, minha mulher está sem o vestido, veste uma bata hospitalar mas continua linda. Seus olhos abrem quando sente minha presença e sorri quanto me aproximo. Pego sua mão que está fria e me inclino para beijar sua testa.

– Você está bem, sente alguma coisa? – Pergunto baixo.

– Estou bem, foi só um desmaio. – Coloca sua mão em meu rosto e alisa minha barba tentando me tranquilizar.

– Eu disse pra desacelerar um pouco. – A repreendo suavemente.

– Iria acontecer de qualquer jeito. – Ela diz convicta e seus olhos se enchem de lágrimas.

– O que você quer dizer? O que você tem Callie? – A preocupação me toma, me fazendo tencionar. Ela morde os lábios, parece medir suas palavras, me olha com os olhos cheios de lágrimas. Começo a sentir o pânico me tomar.

– Amor?

– Estou grávida – Acho que não entendi direito.

– Como? – Inclino meus ouvidos para o caso de não ter ouvido direito.

– Estou grávida. – Ela abre um sorriso lindo. – Vamos ter um bebê. – Ela completa, sorrindo e chorando. Vou ser pai. Me casei e descubro que vou ser pai no mesmo dia.

– Tem certeza? – Questiono novamente, só para reafirmar o tamanho da minha sorte. Vou ser pai. Vou ter um filho da mulher que amo.

– A médica já passou aqui e falou comigo, a pilha dos últimos dias me deixaram meio nervosa, por isso o desmaio, foquei tanto no casamento que não percebi os sintomas.

Sim, vou ser pai, um sentimento diferente surge dentro de mim naquele instante, forte e irreversível pela criança que estava sendo gerada dentro da minha mulher. A preocupação abre espaço para lugar a felicidade plena. Pego em sua nuca e a beijo, tentando transmitir para ela o que sinto naquele momento.

– Vou ser pai? – Pergunto de novo.

– Sim – Outro sorriso lindo. Naquele momento podia afirmar com certeza, sou o homem mais feliz do mundo.

◆◆◆

– Não mesmo. – Digo mesmo com minha esposa fazendo carinha de cachorro que caiu da mudança. – Você precisa descansar. – Tento manter a firmeza na voz.

– Preciso é voltar para minha festa, a doutora permitiu amor, disse que estava tudo bem, que é só não me esforçar muito. – Diz emburrada com um bico lindo formado na boca.

Todos já sabem da grande notícia, a doutora já levou Callie para outras exames, que acompanhei de perto, ela está com um mês e meio de gestação, já tomou medicamento e teve alta. A festa estava parada e ninguém lá no local sabia o que fazer mas continuaram lá, esperando notícias.

– E se acontecer de você desmaiar de novo? – Lanço um olhar desconfiado.

– Não vai acontecer, estou bem, pode me levar no colo e depois me colocar sentada lá na festa que não me levanto por nada, só quero aproveitar nosso dia, temos muito que comemorar. – Ela junta as mãos em uma prece. – Por favor, eu juro, esposo mais lindo desse planeta. – Bufo derrotado.

– Promete que vai me falar se sentir qualquer coisa.

– Prometo. – Beija os dedos cruzados.

– Ok, vamos voltar então. – Ela bate palmas, e abre os braços me chamando para um abraço. Que vou na hora. Ajudo ela na colocação do vestido de noiva.

Todos aplaudem quando nos veem entrar na festa novamente, trago ela no colo e a coloco numa das tendas perto do buffet, sentada confortavelmente. Então damos continuidade a festa. A banda ao vivo volta a tocar músicas suaves, enquanto começam a servir as bebidas e comidas.

 Consigo relaxar quando a vejo sorrir, toda vez que fala do nosso filho, a mulher mudou minha vida desde que entrou nela, sem pedir licença e não encontro palavras ou atos suficientes que possam agradecer o que ela fez por mim.

A vida pode ser bastante filha da puta com a gente às vezes mas nos dá oportunidade de sermos felizes, claro que não foi fácil ficar preso por anos, não foi a melhor experiência da minha vida abrir mão dela por anos foi a decisão mais difícil que tomei mas no fundo sabia que valeria a pena. Que bom que estava certo.

AO SAIR DO MORRO (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora