Capítulo 41

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Karen, meses antes

Estou em frente a uma lanchonete da cidade, sentada em uma das mesas destinadas aos clientes ainda sem acreditar em quem me ligou, e que também estou esperando no momento. De primeira não quis levar isso a diante mas então ele comentou sobre a Callie, que me fez querer ouvir o que ele tem a dizer. Saio dos meus pensamentos quando Kairo, melhor amigo do meu antigo e único amor aparece na minha frente.

– Oi – Ele cumprimenta.

– Senta aí. – Respondo reparando em como suas roupas estão diferentes do que costumava ver antigamente.

– Como está Karen? – Me pergunta assim que senta.

– Estou bem. – Respondo sem expor minha realidade atual.

– O que te fez voltar depois de expulsar ela a anos atrás? – Vou direto ao ponto, sem muita simpatia, ao relembrar o que minha amiga passou por esse cara. Ele me conta tudo que aconteceu, o que fez e onde esteve todos esses anos, me surpreendendo.

– Sabe que não será fácil convencê-la a tentar de novo. – Ele assente. – Ou talvez nem consiga. – Afirmo baseada na realidade, sabendo a mulher foda e decidida que Callie se tornou. E que não me fala mas que sofre até hoje pela decisão tomada por ele.

– Eu a amo e não vou desistir da gente de novo. – Dessa vez é minha vez de assentir.

– Então boa sorte. – Digo, dando a ele o endereço do teatro que ela trabalha atualmente. – E se fazê-la sofrer de novo. – O encaro sem o menor receio por ser ex-presidiário. – Quem vai ser presa sou eu, porque eu acabo com você.

◆◆◆ 

Dias depois
(Guto na multimídia)

Ouço a sirene da escola tocar e instantes depois a multidão de crianças sai pelos portões do prédio, avisto meu menino de longe já me buscando com os olhos e quando me vê corre sorrindo em minha direção, fazendo meu coração aquecer, preenchido de amor.

– Mamãe – Ele diz alegre e se joga em meus braços.

– Oi meu amor, como foi a aula? – Coloco ele no chão depois de aperta-lo bastante.

– Brinquei com tinta. – Diz mostrando as mãos ainda manchada por varias cores de tinta.

– É mesmo? Imagino que tenha sido divertido. – Pego sua mão e guio ele até o carro.

– Foi sim, muito. – Responde empolgado. 

Ele vai fazer sete anos e é a cara do pai, e assim como ele é falante e simpático. Ele tem o pai como herói, já que sempre que pergunta sobre ele digo que foi um homem bom, forte e corajoso, foi tão importante que Deus precisou dele lá em cima com ele. Nos aproximamos do carro e tarde demais vejo um homem desconhecido dentro dele, a única reação que tenho é a de gritar.

– Ei, esse é meu carro. – O cara não responde, arranca e sai em alta velocidade. Fico olhando meu carro se distanciar, sem acreditar no que acabou de acontecer. Só pode estar de brincadeira.

Pego Dilan no colo e ando depressa até a delegacia que felizmente, fica a duas quadras dali. Chego lá ainda atordoada e perdida, sem saber com quem falar ou procurar então vejo um homem ali perto falando no celular e vou até ele.

– Moço, por favor, levaram meu carro. – Digo para ele assim que me aproximo.

O homem vira e fixa seus olhos em mim, fico sem reação ao notar o quanto ele é lindo, seu olhar compenetrado suaviza ao olhar para nós, o rosto fino mostra um breve sorriso espontâneo, me dando vontade de vê-lo sorrir mais, os olhos são como um mar negro expressivo, o cabelo penteado de lado com uns fios caídos em sua testa lhe dá um ar jovial, de garoto atrevido e malino, sua barba rala faz minha mão querer passear por ali, desço o olhar rapidamente por seu corpo, que mesmo por trás daquele paletó posso ver que é forte, os músculos se destacam nas áreas certas através da roupa social, deixando bem claro que é um homem muito bem desenvolvido.

AO SAIR DO MORRO (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora