Capítulo 32

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Callie, seis anos depois

Los Angeles, Califórnia.

Meu celular desperta pela terceira vez, suspiro pesado e o desligo. Já estou acordada faz horas fitando o teto e como sempre pelo mesmo maldito motivo. Frustrada jogo o lençol de lado e levanto, indo para o banheiro.

Deixo a água morna cair em meus ombros por alguns minutos, na tentativa de levar aquele estresse pós insônia embora. Termino o banho e me fito no espelho, esses anos de dança e sexo constante fizeram com que meu corpo ficasse mais magro e sarado, minhas tatuagens contornam ele lindamente, fazendo com que me sinta sexy e poderosa.

No guarda roupa escolho uma calça de couro e um cropped soltinho, para os pés uma botinha cano alto. Me visto, faço uma make básica para o dia, já pronta pego minha bolsa que contém tudo o que preciso para sobreviver lá fora.

Ao sair do quarto já chego na sala, meu apartamento no centro de Los Angeles não é muito grande e prefiro assim, decorado em tons de amarelo e roxo do jeito que sempre quis é um dos meus amorzinhos.

Saio do apê e solicito um elevador, olho as horas, são oito e quinze, tenho que estar no teatro as nove. O elevador chega e entro no mesmo apertando o botão para ir ao subsolo. Ao chegar me dirijo ao meu carro na vaga logo a frente, uma Mercedes Benz A200 prata, um outro amor conquistado com muito suor, literalmente.

Entro e dou partida e sou abraçada pelas ruas largas e frescas de L.A., o céu azul e sol claro te dá uma falsa sensação de calor, bom, aqui é raro quando a temperatura chegar a vinte e nove graus, coisa que era comum no Rio e custou para me acostumar com esse tempo.

Antes de ir para o teatro Showing Art, faço minha paradinha sagrada de sempre na Coffee house, nunca tomo café em casa, e cafeína é um dos meus vícios, não começo o dia sem ela, então sou cliente número um do melhor café da cidade. Ao entrar vou direto para o balcão e recebo um belo sorriso de Deric.

– Bom dia linda. – Fala em inglês e começa a preparar meu pedido, que é o mesmo de sempre.

– Bom dia anjo. – Respondo na mesma língua.

Fiz um curso de inglês relâmpago e em menos de um ano morando aqui, já falava inglês fluentemente, conviver com quem fala a língua ajudou, eu não tinha com quem falar português, só com Karen, mamãe e Lis. Minutos depois Deric me entrega o copo de trezentos mililitros cheio de capuccino, acompanhando uma sacolinha com pãezinhos de queijo quentinhos. Que delícia.

– Obrigada. – Mando beijinhos no ar e saio.

– Por nada gostosa. – Fala sorrindo e me lança uma piscadela.

Derec é o tipo de americano encantador, sorrisão mega charmoso, loiro e dos olhos claros, já transamos mas como todos os outros não foi nada sério e acabamos nos tornando amigos. Volto para o carro comendo aos poucos meus pãezinhos, dou partida voltando ao meu percurso. Chego no teatro e as estrelas do musical estão passando umas cenas com o diretor geral, entro em cena depois para fazê-los dançar perfeitamente.

Me formei com méritos na Advanced Dance School, me dedicando sem por cento ao curso desde o início, poucos meses depois de formada fui chamada para coreografar meu primeiro musical. Hoje sou coreografa chefe do espetáculo Artist Life, onde homenageamos alguns trabalhos de grandes artistas pelo mundo.

Me dirijo ao espaço destinados aos nossos pertences e sento por ali.

– Bom dia amiga. – Zoe, minha melhor amiga americana diz ao se aproximar.

– Bom dia. – Respondo sorrindo.

Zoe é a figurinista do espetáculo, uma das melhores em seu ramo, em quase todos os musicais que estou, ela está também. Ela conhece bem minha versão americana mas não minhas outras versões.

AO SAIR DO MORRO (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora