Capítulo 11

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Callie

Continuo olhando para escada, de onde ele desapareceu. Sem acreditar, que me trouxe até aqui para no fim me deixar sozinha. Que homem estranho. Olho ao redor, para a sala grande, mobiliada de um jeito bem moderno e sofisticado, totalmente o posto do dono.

Sem saber o que fazer, sento no sofá. Penso na situação no geral.

O cara estranho do terreno é um traficante poderoso. O traficante poderoso é o KR, KR é o cara que me faz sentir coisas estranhas. E toma atitudes muito esquisitas. Uma hora ele me dispensa, na outra ele me salva, uma hora ele me expulsa, na outra me trás pra casa dele. Então me pede pra escolher um quatro e simplesmente some. E nem vou comentar a cena que ele fez no baile, onde ameaçou matar o cara que me beijou.

Devagar, tiro os sapatos que estão matando meus pés. Pego meu celular para ligar para as meninas e quem sabe elas me tirem daqui. Mas está fora de área. Que maravilha.

Sem ter o que fazer, levanto e começo a olhar a casa. Quando encontro a cozinha, vou até a geladeira e bebo água, para matar a cede e quem sabe tirar um pouco do gosto de bebida da boca.

Volto para a sala e encaro as escadas, ele está ali em cima. Me pediu para subir e escolher um quarto, então subo devagar. Ao chegar no topo vejo varias portas, lentamente vou até a mais próxima, abro e o quarto está vazio, literalmente, todo vazio. Fecho e vou para a próxima, dessa vez é um quarto de casal, mobiliado, arrumado e vazio.

Na porta seguinte, também abro devagar, sem fazer barulho. E logo a frente vejo ele, parado, em frente a janela olhando para fora. Parece pensativo, usa apenas uma calça preta de moletom, sem cordões, sem boné, só a calça. Me perco olhando para ele, e nem me assusto quando ele se vira notando minha presença. E vem até mim, furioso. Porque ele ta sempre furioso?

– O que faz aqui? – Pega meu braço e me arrasta pra fora do quarto, então me encurrala com seu corpo na parede de fora.

– Não pode me trazer aqui e me deixar sozinha. – Digo frustrada e tento me livrar do seu aperto.

– Eu te disse pra você usar um dos quartos. – Larga meu braço mas não se afasta.

– Acha mesmo que vou dormir tranquilamente, vestida assim e na casa de um desconhecido? – Me atrevo a perguntar e culpo a bebida por isso.

– Se tranca na porra de um desses quartos e fica pelada, se eu quisesse te fazer mal, já teria feito. – Ele praticamente me prensa na parede, onde seu rosto está a centímetros do meu, fazendo meu corpo idiota reagir a essa aproximação. Minha parte sensata diz "corre", e como sempre, ignoro com sucesso.

Vou acabar morta por não ter medo do perigo.

– Não vou ficar pelada na casa de um cara que nem sei o nome. – Atrevida como sempre, planto verde e ele parece perceber minha intenção.

– Até parece que nunca fez isso – Ele deixa no ar a insinuação.

Não, nunca fiz. Se ele soubesse que minha vida social se resume a encontros com colegas em eventos de dança, nunca falaria isso. Nunca senti a necessidade de levar algo a diante, até agora, e não tinha situação pior que essa. É dedo podre que chama?

– Não, não fiz, e se tivesse feito, não seria da sua conta. – Minha parte cautelosa está desmaiada.

Seu rosto forma uma carranca, que na minha opinião o deixa mais sexy. Ele sustenta meu olhar e luto para não baixar a cabeça e ceder.

– Qual teu nome? – Pergunta depois de um tempo, impaciente. Ignoro minha pequena comemoração interna.

– O seu é? – Devolvo a pergunta.

– Kairo. – Bonito nome, combina com ele.

– Callie. – Ficamos em silêncio, ele me olha como se quisesse me decifrar.

– Agora que tu sabe meu nome, vai dormir. – Ordena. Será que ele só sabe fazer isso? Dar ordens.

– Há, não sou obrigada. – O empurro e consigo sair do seu acocho, desço as escadas o mais rápido que posso.

AO SAIR DO MORRO (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora