Capítulo 17

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(Pablo na multimídia ⬆)

Callie

Estou no ponto de ônibus, em frente a DanceRio, esperando um que me levará para casa. Olho para a avenida, onde alguns carros passam, e nem sinal dele. A aula acabou agora pouco, Karen saio correndo pra encontrar o namorado.

Encosto no coluna de concreto e ponho meus fones, a musica invade meus ouvidos e volto a olhar para a avenida. O vento bate em meu rosto e juntamente com a música me faz pensar. Não gosto de pensar, porque perece que existe só um assunto e uma pessoa pra isso. Pego meu celular para trocar de música quando um carro preto para no meio fio, bem em frente a parada do ônibus.

Moço, você não pode ficar aí.

Um homem loiro sai dele, ele usa uma calça jeans preta, camiseta azul e óculos escuros. Levo um tempo para reconhecer, ele é o namorado da Karen. O que ele faz aqui? Se a Karen foi encontrar ele? Ele se aproxima de mim e tiro meus fones do ouvido.

– Tu deve ser a Callie, satisfação aí. – Ele estende a mão, me cumprimentando.

– E você deve ser o Pablo, a Karen já foi embora faz um tempinho. – Falo torcendo para ele estar aqui por causa da namorada e não por...

– É, eu sei, ela que me disse que tu estaria aqui. – Fala confirmando minhas suspeitas. Aquela piranha me paga.

– O que você quer? – Cruzo os braços e tento controlar meu tom.

– Que tu venha comigo, KR quer ter um papo contigo. – É claro que ele quer e quem sabe repetir o programa. Depois de uma semana me procura como se nada tivesse acontecido.

– Não, estou bem aqui, obrigada. – Solto sarcástica, junto a um sorriso cínico.

– Sei que ta chateada com o que rolou semana passada mas foi só um mal enten... – Levanto a mão o interrompendo.

– Olha, avisa para o seu chefe que não sou prostituta, e aquilo não vai se repetir. – Cuspo chateada e magoada por ter que lidar com isso de novo. Pablo me olha por uns segundos.

– Não foi um programa pra ele, ele sente umas parada por ti. – Não contenho a risada. Kairo sentindo algo foi ótimo. Pablo se mantém sério.

– Olha você tá enganado, ele não sente nada por mim, eu estava bêbada e me deixei levar, foi só isso, sexo. – Dou de ombros, demostrando indiferença. Ouvir a realidade doía.

– Ouve o que ele tem a dizer, não é o que tá pensando. – Ele pede.

– Já faz uma semana, não vou a lugar nenhum a não ser minha casa. – Decido.

Volto a olhar para o trânsito e nessa hora meu ônibus se aproxima. Me afasto de Pablo e dou sinal. No mesmo segundo meu celular toca, é a Karen.

– Sua traidora. – Atendo com raiva.

– Amiga, calma, escuta o que ele tem a dizer, você merece uma explicação e eu fiz o Pablo prometer que te traria a hora que você quiser. – Ao ouvir o que ela diz, penso nas possibilidades que esse encontro podia dar, não tenho nada a perder e ver o chefão do crime se explicando seria inédito. Eu vou, para fins vingativos.

– Eu te odeio. – Resmungo e em seguida desligo.

O motorista para e abre as portas do veículo mas fecha em seguida quando ver que não pretendo entrar. Espero não me arrepender.

Me aproximo de Pablo que já está com porta do passageiro aberta para mim. O trajeto é feito em silêncio e quando entramos na favela começo a ficar nervosa. Ao parar o carro em frente a casa daquele dia, meu coração já bate forte no peito.

Calma.

– Valeu. – digo para Pablo e desço do carro. Fico parada olhando a entrada da casa, que agora parece bem maior do que me lembro.

– Ele esta lá dentro, qualquer coisa vou estar aqui. – Olho para trás, Pablo diz já fora do carro. Aceno em reposta e começo a me dirigir lentamente para a porta.

A cada passo mais nervosa fico. Ao ficar de frente pra porta, fechos os olhos e respiro fundo, em busca de me acalmar. Não tem motivo para nervosismo. Seja fria, fique calma e diga a ele tudo que está engasgado...

Giro a maçaneta e abro a porta, uma rápida olhada pela sala e já o vejo, sentado na ponta do sofá, falando no rádio, ao me ver ele se levanta e seu olhar encontra o meu. Ver ele só de bermuda me lembro daquela noite, fazendo meu corpo reagir, em seguida lembro do que me trouxe aqui, e fico puta novamente.

– O que quer comigo? – Digo sem vontade e cruzo os braços. Se apega ao ódio que dá certo.

AO SAIR DO MORRO (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora