Capítulo 12

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Callie


Assim que coloco meus pés no chão da sala, sou puxada e colido direto no peito dele, tento reprimir o grito de surpresa, sem sucesso. Kairo pega meus pulsos e mantém minhas mãos presas em minhas costas. Fico totalmente colada nele. Apesar dos meus devaneios em relação a ele, minha mente falhou em reproduzir como seria esse tipo de contato.

Consigo sentir ele por inteiro, a tensão, a rigidez, o calor, a ereção e a força da pegada.

Tudo isso faz com que minha pessoa se resuma a um poço de sensações, me tirando o foco da real situação. Ele, tentando me dar ordens.

– Não vai sair dessa casa, entendeu? – Ele parece bravo.

Parece estar se controlando, o que devia me assustar, porque afinal de contas ele é um criminoso e matou uma pessoa na minha frente. Mas esse não é o caso, estou é chateada. Por ele não me ouvir, por ter me tirado do baile sem meu consentimento, por ter me trazido para cá e depois ignorar minha existência. Por achar que manda em mim, por achar que devo obedece-lo.

– Pode até mandar nessa favela inteira, mas não manda em mim, entendeu? – Enfatizo a última palavra, igual a ele.

Seus olhos escurecem, ele me prende com mais força. Parece a ponto de explodir, mas não ligo, estou na mesma situação, com raiva e querendo beija-lo ao mesmo tempo. Apesar do seu charme e do poder que tem sobre mim, não admito ser tratada como mercadoria.

– Tu não tem medo do perigo, Callie.

Tenho sim, na verdade costumo ser bem medrosa. Só que isso não se aplica a ele. Vejo em seus olhos que não pretende e nem quer me fazer mal. Como ele mesmo disse, se tivesse de fazer, já teria feito.

– Sei que é perigoso, que é traficante, sei que pode fazer muita maldade mas também sei que não me fará mal, por isso não tenho medo de você. – Falo honestamente.

Estou cansada de joguinhos, quero colocar as cartas na mesa, ele não teria feito tudo que fez por mim, se não se importasse.

– Deveria ter, não sou um cara legal. – Sinto seu aperto afrouxar um pouco.

– Um cara que me salva duas vezes, inclusive de um estupro e não me deixa sozinha no meio da rua a noite, é um cara legal – Antes que responda, emendo. – Há, e quase atira em um cara só porque estava me beijando, não que isso seja bom mas é um pouco suspeito. – Destaco, me divertindo com a cara que ele faz.

– Não me importo contigo, garota. – Mentiroso.

– Então vou embora.

Forço minhas mãos e consigo me soltar, mas só porque ele parece permitir, acredito eu. Porque entre a força dele e a minha, perco feio.

Vou até minhas coisas e as recolho, ando lentamente até a porta.

– Não... saia. – Ele fala pausadamente, seu tom ameaçador só alimenta minha audácia.

– Me impeça. – Desafio a ele.

Meu corpo vibra com o acúmulo de adrenalina, me sinto mais viva e corajosa. Ele tem esse poder sobre mim.

Antes que possa alcançar a porta, ele me alcança. E então sou girada e prensada na porta por seu corpo grande. Mal consigo assimilar quando sou erguida por ele, por reflexo minhas pernas contornam sua cintura. E então ele me beija sem aviso.

Nosso primeiro beijo e encaixa tão bem. Um beijo ávido, intenso, que não tenho problema em corresponder. Me causa arrepios em toda parte. Levo minhas mãos até sua nuca e puxo os fios curtos, na intenção de tê-lo mais perto, como se fosse possível, já que estamos colados um no outro.

AO SAIR DO MORRO (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora