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Tô no camarote do baile aqui nas quebrada, bebendo com os moleques e tragando um baseado, quando uma puta se aproxima querendo me dá, dispenso logo porque não tô afim.Depois de umas horas lá curtindo, me levanto e fico na parte da frente do camarote, que dá a visão inteira da quadra. Observo as minas dançando, quando uma me chama atenção. Reconheço aquele corpo de longe, já vi ele dançar algumas vezes, conheço aquelas pernas que estão muito expostas porque o vestido era curto demais.
O cabelo volumoso, cheio de cachos, ela é inconfundível. Não consigo parar de olhar, dançava com vontade e puxava o vestido pra baixo toda hora, pra não mostrar a bunda. Sinto o corpo esquentar, o tesão chegando.
Os cara ao redor dela não paravam de olhar, tinha até mina olhando ela dançar. Cerro os dentes e fecho os punhos com raiva, eu não quero ninguém olhando ela. Do nada ela para e começa a olhar ao redor, logo em seguida olha pra cima, olha todos os cantos até me encontrar.
Vejo a hora em que sua ficha cai e seus olhos se arregalam, me encara por um tempo. Outra puta vem se oferecer e se esfrega em mim.
– Vaza daqui caralho. – Cuspo sem paciência. Sai rápido sem dizer nada.
Mantenho meus olhos na mina, ela volta a dançar como se nada tivesse acontecido. TR chega do meu lado.
– Viu as mina nova patrão? – Diz e olha pra quadra.
– Daquela loirinha ali ninguém chega perto, já deixa avisado. – Falo sem me importar com o que pareceria.
– Já pegou chefe?
– Ninguém toca nela e acabou o papo. – Corto o assunto.
– Jáe, a amiga dela, o Pablo já levou pra um dos quartos. – Diz e a informação não me interessa.
– Vaza. – Digo sem paciência.
Ainda olhando pra ela, sinto o sangue subir quando um filho da puta agarrar e beijar ela. Meu sangue ferve, não penso duas vezes, praticamente corro pra onde ela está. Vejo as costas do cara, pego no ombro dele e empurro com força, jogando ele no chão, olho pra mina, que me olha assustada, volto a olhar para o cara e saco minha arma, mirando a cabeça dele.
– Qual foi patrão, fica sussa aí. – O imbecil levanta as mãos, mostrando rendição.
– Nunca mais encosta nela. – Ele assente rápido, levanta e sai correndo, dentro da multidão de gente. Puxo ela pelo braço e a levo pra fora da quadra. A mesma grita, pedindo pra me largar.
– Para de gritar caralho – Sacudo seu braço. – O que tu tá fazendo na minha favela? – Tô com muita raiva e nem sei exatamente o porquê, mas estava. Não quero ela aqui, aqui não é lugar pra ela, se alguém a fizer mal, vou ter que matar.
– Fui convidada, qual o problema? – Coloca a mão em cima da minha em seu braço, tentando fazer eu afrouxar o aperto.
– Não te quero aqui entendeu? – Solto seu braço. – Mete o pé e vaza daqui agora.
– Minha amiga me trouxe e eu só vou embora quando ela for.
Ela me olha magoada, empina o queixo me desfiando. Tenho uma paciência única com ela, não tenho vontade nenhuma de machucá-la mas ela tá me deixando mais puto a cada segundo que passa.
Os moradores olham sem conseguir disfarçar, afinal, isso nunca aconteceu. Uma mulher botar marra pra cima de mim e continuar viva. Pego sua mandíbula e aperto um pouco, trago seu rosto pra perto do meu, fazendo ela me encarar.
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AO SAIR DO MORRO (Completo)
RomansaCallie é uma jovem dançarina, dedicada fielmente a sua carreira, onde batalha diariamente para receber uma tão sonhada bolsa para estudar fora do país. Seu foco muda ao aceitar um convite, e esse convite a levará a um rosto conhecido, e mesmo que a...