Capítulo 7

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Kairo

Ando puto até minha moto mas antes de ir resolvo esperar ela sair, afinal já está tarde e é perigoso. Sinto a raiva me dominar, não pela mina ter vindo falar comigo e sim por eu ter gostado da coragem dela, do interesse pra cima de mim.

Fiquei a semana inteira pensando nela e vinha aqui sempre que podia pra vê-la, depois dela ter me visto com a arma, esperava que ela se distanciasse e fugisse de mim, por isso não estranhei quando não vi ela lá, na hora que cheguei. Mas aí depois ela chega, senta do meu lado cheia de marra e me permito olhar ela de perto, aquele cabelo e olhos que me encantam, tudo nela brilhava, e aquele corpo que me deixava louco, ela me faz querer beijar aquela boca até machucar e sentir aquele perfume cítrico direto do pescoço dela.

Tentei afasta-la dizendo a verdade, pra ela ver que não sou pra ela.

Saio dos meus pensamentos quando escuto gritos dela, vindo lá do terreno. Sem pensar muito corro até lá e vejo um filho da puta agarrando ela a força, já tava puto antes, agora tô é com ódio.

Ela chorando, ferida e se debatendo enquanto o desgraçado toca nela me faz ver sangue. Sem pensar muito tiro minha arma da cintura, miro na cabeça do desgraçado e atiro. Vejo ele cair, ela olha pra mim e para o cadáver, então entra em pânico. Vou até ela e tento acalmá-la.

shiiii, para de gritar. – Tento fazer com que ela veja que sou eu, se é que isso é um consolo. Me encara e por uns segundo, parece se acalmar mas logo o pânico toma conta de seu rosto novamente.

– Você... matou ele? Você matou ele. – Os olhos azuis me olham assustados.

O que ela queria, que eu deixasse o merda vivo, depois de machucar e tocar ela?

– Queria que eu deixasse ele te estuprar? – Cuspo estressado, ela começa a chorar de novo, não sei o que fazer com isso.

– Olha, já passou, ele ta morto, não vai te fazer mal. – Falo tentando consolar de alguma forma. – Levanta, eu te levo pra casa.

Ela franze o cenho e já sei que vai falar algo atrevido.

– Você acabou de matar um homem na minha frente e acha que eu vou pra casa com você? – Se levanta com dificuldade. A boca inchada pela as agressões e as roupa rasgadas me incomodam. Preciso saber que ela ficará segura.

– Não vou te deixar sozinha aqui, você vai comigo agora. – Meu tom é indiscutível. Ela me olha e depois cede, tenta ajeitar as roupas mas não dá muito certo, então andamos em silêncio até minha moto.

Monto e espero ela fazer o mesmo. Ligo e aqueço o motor, sinto os braços ao meu redor, ela se encosta em mim. Nunca tive esse tipo de contato, nunca levei ninguém na minha garupa, mas a garota tá me fazendo ceder aos poucos.

– Onde mora ? – Pergunto baixo, para não assustar ela.

– São Conrado, a sete quadras daqui, é só seguir reto. – Sussurra sem sair da posição que está.

Leva apenas alguns minutos para chegar. Ignoro a vontade de mantê-la onde está.

– Desce. – Falo baixo.

Ela obedece, vira as costas para atravessar a pista e ir para casa mas a impeço, pegando seu braço e trazendo ela pra mim. Ainda tem lágrimas nos olhos, não sei o porque, mas não gosto de ver essa garota chorando.

tem que passar uns dias sem ir naquele lugar, vou mandar uns homens limparem a área. – Ela tenta se distanciar mas não deixo e a puxo pra mais perto. – Lá é perigoso pra tu tá sozinha. – Me olha por um tempo, franze o cenho e a resposta vem em seguida.

– Tá bom, vou dá um tempo, agradeço por me salvar e você tem razão, você não é homem pra mim e espero não te ver nunca mais. – Ela fala firme, mas as lágrimas continuam descendo.

– Beleza. – Digo e solto seu braço, dou partida e arranco, voltando pro morro.

Chego no barraco, me jogo no sofá e penso nela. Em tudo que aconteceu, se não tivesse ido hoje, ela podia estar morta, e a ideia faz meu peito pesar, igual quando vi seus machucados, ela não pode voltar lá e se arriscar assim.

A vontade de mantê-la perto e segura é grande mas deixei ela me afastar. É melhor assim. Sou mais perigoso pra ela do que um terreno abandonado. Preciso esquecer essa garota. Subo, tomo banho e ligo pra um das putas, chego no barraco e foco no corpo que posso ter, tentando apagar a todo custo o que não posso ter.

AO SAIR DO MORRO (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora