Capítulo 24

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"...Eu que nunca acreditei em amor em primeira vista
Até te ver a primeira vez
Sério, juro, não tô afim nem de pensar no fim
Como alguém tão boa assim se apaixonou por mim Nunca me entreguei tanto pra alguém assim
Nunca tive alguém tão entregue assim, pra mim
É que ela paga de louca, me xinga e beija minha boca
Existe outra como ela mas como ela não existe outras..."
(Primeira Vista - Noventa)

Callie

Abro meus olhos devagar, me acostumando com a escuridão do quarto, iluminado apenas pelas luzes da favela que entram pela janela. Viro-me e tateio o restante da cama e novamente estou sozinha. Sento devagar e fico olhando para a porta, me perguntando porque ele sempre me deixa sozinha.

Levanto e vou até o raque e pego meu celular, vendo que são oito horas da noite. Tem várias ligações da minha mãe, mensagens no WhatsApp e um SMS. Chamo o número da minha mãe para tranquilizá-la, ela atende no segundo toque.

- Onde você está Callie? - Diz, preocupada como sempre.

- Estou bem mãe, estou na trindade, na casa de um amigo. - Digo parte da verdade.

- Que amigo Callie, está se envolvendo com algum marginal minha filha? - Ela pergunta meio histérica e penso se falo a verdade ou não.

- Mãe, ele é um cara legal. - Não nego e deixo no ar.

- Não vai se envolver com ninguém dessa favela entendeu? Aí está muito perigoso, venha para casa. - Ordena chateada.

Não queria em nenhum momento decepcioná-la, mas não tenho mais idade para ficar mentindo e isso demanda uma energia muito grande. Eu amo o Kairo e quero estar com ele.

- Mãe, sou maior de idade, eu sei me cuidar, confie em mim. - Mantenho meu tom baixo.

- Enquanto morar de baixo do meu teto não irá se envolver com marginais entendeu? - Ele fala e está bem brava.

- Não pode me privar de ficar com quem eu amo mãe, sabe disso, então não me ameace, a senhora não me quer longe. - Falo lamentando por estarmos discutindo.

- Vai se arrepender do caminho que está tomando. - Fala com ressentimento e depois desliga na minha cara. Suspiro por ouvir isso dela.

Minha mãe sempre me deu apoio mas nunca aceitaria um relacionamento como o meu e no fundo sabia disso por isso meu receio em contar. Mas foi bom ela saber a verdade.

Abro as mensagens e respondo rapidamente depois vejo que o SMS é do Kairo.

Preciso resolver umas parada séria, volto já. (18:39 da noite)

Volto a me sentar na cama e instantes depois a porta se abre revelando ele. Que não está com uma cara boa, se desfaz do boné e blusa, depois deposita o celular e rádio no raque.

Então fica parado me olhando, passa seus olhos por meu corpo nu e vejo seu rosto suavizar. Levanto e devagar vou até ele, coloco meus braços ao redor do seu pescoço e fico na ponta dos pés, beijando seu lábios.

Sinto o toque suave de suas mãos em minhas costas e minha pele se arrepia, ele desce devagar e alisa minha bunda me colando mais a ele. Os pelos do seu peito roçam em meus seios me trazendo sensações que me excitam. Beijo sua boca lentamente enquanto encaro seus olhos, que se inflamam quando mordo seu lábio.

Depois passo meu rosto por sua barba, sentindo seu cheiro, que é tão particular dele. Tudo nele me fazia amá-lo, independente do que ele seja, esqueço disso quando estamos juntos, onde ele mostra o homem que é, que por trás dos traumas e crimes existe alguém que ama e quer ser amado. E esse homem me prendeu, desde o primeiro momento, naquele terreno abandonado, sem dizer uma palavra, eu já era dele.

AO SAIR DO MORRO (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora