Bônus Rafael

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Meu nome é Rafael Herrera, tenho 30 anos. Sou o filho mais velho da D. Marta e do Sr. Raul; irmão do Rico e da Ella; cunhado do Murilo; tio da Nina e do Lorenzo; namorado da Liz. Por favor não pensem que eu a deixei por último, foi uma exposição em ordem de acontecimentos.

Sr. Raul é um espanhol que foi para o Brasil em busca de um futuro melhor. Fora de seu país, percebeu que a vida não é um conto de fadas, mas conheceu a mulher de sua vida e se apaixonaram à primeira vista. Eu sempre achei isso demasiadamente piegas, mas... “língua fala, língua paga”. Eu sempre falei para eles que isso não existia e caí com um só golpe.

Em pouco tempo, eles se casaram e mamãe engravidou de mim. Sem perspectivas de ascensão no Brasil, meu pai resolveu que a levaria para Barcelona, mas por problemas na gravidez, tivemos que permanecer em São Paulo. Depois de muito repouso e cuidados, nasci no tempo certo.  A mudança para a Espanha foi feita assim que tivemos o aval médico.

Rico nasceu quando eu tinha 2 anos e Antonella, minha princesa, antes que eu completasse 5. Foi um momento muito conturbado, já que quase perdemos as duas no parto. Mamãe teve eclâmpsia e todos os problemas relacionados à doença. Por isso Ella é nosso xodó, nossa pequena.

Meu pai sempre trabalhou duro e nos mostrou a importância disso. Ele não nasceu em berço de ouro, como já deu para perceber. Começou com uma pequena mercearia e hoje é dono de uma grande rede de supermercados com filiais em todo o país.

Vivemos uma infância feliz, cercada por muito amor, apesar de o meu pai ser casca-grossa. Viram como é a genética?

D. Marta abdicou de tudo por nós. Sempre foi mãe e esposa com todas as letras. Nunca foi de passar a mão na cabeça de nenhum de nós ou se fazer de desentendida quando estávamos errados. Fomos cobrados e castigados, mas também sempre fomos valorizados e amados.

Sempre nos dividimos entre os estudos e os esportes. Todos nós praticamos atividade física a vida toda - esportes tradicionais, musculação e lutas. Foi aí que tudo começou. Fui me envolvendo nesse mundo que se tornou o meu mundo. Comecei a participar de campeonatos locais e acabei chegando aos mundiais. Foi tudo muito louco: tive que dividir meu tempo entre treinamentos, a carreira de modelo, os estudos – sou formado em Administração, assim como o Rico, mas meu MBA foi em Marketing Esportivo – e as viagens para competir, desfilar e fazer campanhas (para bancar meu sonho).

Como os desafios na vida são muitos, pasmem: sofri Bullying! Todo mundo está acostumado a ver lutadores feios e deformados, então, quando chegava para competir, ninguém dava credibilidade. Tive que mostrar que eu não era apenas um rostinho bonito.  Para piorar, os caras sempre me achavam em revistas com campanhas de cuecas, moda praia e vestuário e me detonavam nos bastidores das lutas, querendo tentar me desestabilizar. Eles só não imaginavam o quão focado e disciplinado sempre fui.

Após uma dessas lutas, o locutor fez uma correlação maluca entre a Espanha (corridas de touros) e a força com qual lutava e me apelidou de “El Toro”, que passei a usar desde então. Depois disso, passei a ser respeitado e não mais julgado apenas pela aparência. O ser humano tem uma mania idiota de julgar por julgar, né?

Conheci o George há alguns anos. Ele se tornou meu empresário e amigo, assim como sua então esposa (hoje ex) e o casal de filhos deles. Foi George quem me apresentou ao Otto. Ottão é um excelente técnico e dizem ter sido um bom lutador na adolescência. Infelizmente ele sofreu um acidente - nunca soube de que tipo ou quando ocorreu - que o impossibilitou de voltar a lutar e o impediu de ser profissional.

Em uma dessas competições, após ser consagrado campeão de mais um torneio, recebi o convite mais esperado da minha vida: para integrar o seleto grupo do MMA – Artes Marciais Mistas. Comecei com lutas do Card Preliminar – lutas que antecedem o Card Principal, no qual ocorrem as lutas principais da noite. Mesmo como coadjuvante, fui ganhando as lutas até chegar ao título. Sou o detentor do cinturão da categoria Peso Médio  (de 77.1 kg até 83.9 kg) do UFC.

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