Capítulo 25 (Parte 1): A conversa

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A palavra babaca ecoa em minha cabeça enquanto eu tento assimilar a merda que fiz. PORRA! Duvidar da minha doce, meiga e corajosa Liz? Onde eu estava com o caralho da cabeça pra pensar em uma coisa dessas? Afinal, que lance foi esse? Será que tivemos o telefone clonado ou na pressa anotei o número errado? Eu já fiz merda na vida, mas acredito que dessa vez eu tenha me superado. O pior de tudo foi ver a dor nos olhos da minha anjinha.

Fodido eu sei que já estou, agora me resta tentar ter uma inspiração divina para sair dessa enrascada na qual me meti. É aí que percebo que o “El Asno” voltou com força total. Quem nasce ogro, morro ogro! CARALHO! Passo as mãos pelos cabelos já desgrenhados, como se os trancos que dou na cabeça fossem me ajudar em alguma coisa.

Chegamos à garagem do meu prédio e ela nem esperou que abríssemos a porta, saiu em disparada em direção ao elevador. Aproximei-me e sei que ela sentiu minha presença, pois estremeceu. Esperei, em vão, que ela se virasse ou olhasse para mim. Meu amor se manteve indiferente e aquilo me matou. Nem sei quantas porradas mentais eu me dei. Queria muito bater na parede para descontar parte da minha raiva, mas isso a enlouqueceria. Pelo menos nesse momento consegui ser racional.

Pegamos o elevador e subimos no mais absoluto silêncio. Eu queria tomá-la em meus braços e pedir que ela relevasse e fingisse que nada daquilo tinha acontecido. Queria arrancar a dor que sentíamos, que nos dilacerava. O pior é saber que a culpa é minha, que sou o causador disso tudo.

Quando uma nova realidade me bateu, senti minhas pernas bambearem, minha visão ficar nebulosa e tive que me encostar para não cair. Em qualquer outra ocasião me sentiria uma biba, mas não agora. E se ela terminar tudo comigo? Será que ela vai me penalizar dessa forma? Eu não sei mais viver sem ela. Deus! Não! Não! Não pode ser! Balancei a cabeça freneticamente para afastar aquele medo.

A porta do elevador se abriu, me tirando momentaneamente daquela angústia. Minha linda apenas se afastou para que eu passasse e abrisse a porta do apartamento. Eu também não fui capaz de falar nada. Pensei se a Jô já teria ido embora, eu esperava que sim.

- Au au!

Meu garotão veio todo feliz, esfregando seu corpinho enrugado nos pés e pernas da Liz, que se abaixou e o pegou. Até ele me ignorou completamente.

- Oi, TUF! – Falou com uma voz bem fraca enquanto balançava a patinha dele. - Estava com saudade de você, meu lindo!

Eu estava parado, concretado no chão ao ver que os olhos dela estavam extremamente vermelhos, assim como o nariz e as bochechas. Morri mais um pedaço. Como fui capaz de fazer isso? Que merda de homem eu sou?

Saí do transe e vi que ela estava sentada no chão, com TUF entre as pernas. Ele estava com a barriga para cima, os olhos fechados, a cabeça de lado e a boca caída como se formasse um sorriso de satisfação. Seria cômico se estivéssemos em um outro momento. Ela o acariciava com encantamento e ele ronronava extasiado.

Peguei as coisas dela e as coloquei em cima do sofá. Fui à cozinha, constatei - aliviado - que Joana já tinha ido embora, tomei um copo com água e peguei outro para Liz. Devo ter feito muito barulho, porque ela e o TUF deram um pulo quando eu me aproximei novamente.

- Desculpe. – entreguei o copo a ela.

- Obrigada. – respondeu e bebeu todo o conteúdo rapidamente.

- Você quer mais?

Ela apenas balançou a cabeça em negação.

Suspirei e deixei o copo na mesinha.

Voltei e a fitei novamente.

- Venha. – tive coragem e estiquei a mão para ajudá-la a se levantar.

Transformados pelo amor (Livro 1: Tinha que ser Você) -  disponível até 30/09Onde histórias criam vida. Descubra agora