Piloto

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Me levantei, penteei meu cabelo, organizei meus materiais, escovei os dentes e me vi pronto. Pronto, no caso, por fora, porque por dentro eu nunca estava. Todas as tardes, quando chegava em casa, tinha que recarregar minhas baterias sociais para lidar com a escola e isso era difícil. Eu realmente me sentia desconfortável naquele lugar e só de pensar que tudo começaria novamente em breve e se estenderia por mais um ano escolar, já sentia calafrios.

Meu nome é Arthur, tenho 17 anos e estou no segundo ano do ensino médio. Tenho cabelos negros e olhos azuis, digamos que eles possuem um azul bem escuro. Eu acho bonito, mas você precisa olhar bem para reparar que são azuis. Minha pele é clara, mas não muito... Mentira, ela é tão clara que minhas veias são aparentes. Eu gosto dela assim, por mais que minha mãe se sinta incomodada com isso e diga que eu preciso pegar um "sol saudável". Tenho maxilares aparentes e bem definidos e talvez seja minha parte favorita de mim mesmo. Meu cabelo é bem liso, as vezes ele me irrita com isso, mas consigo fazer cortes que gosto nele. Digamos que eu não sou muito de esportes, mas faço academia.

Faço academia e tenho uma boa alimentação mais porque minha mãe é nutricionista e ela tem medo que eu perca saúde por jogar vídeo game o dia quase inteiro, sem fazer muitos esforços físicos e teme que eu não me alimente direito e acabe ficando doente. Moro com ela e com meu pai, não tenho irmãos. Pelo menos não de sangue. Infelizmente, pois queria bastante ter um irmão mais velho pra jogar a culpas das coisas que faço de errado nele. 

– Quase se atrasou hoje. – minha mãe comenta, assim que chego na cozinha, onde ela tomava seu café. 

– Não me acostumei com os horários ainda, mãe. Sabe... que tipo de pessoa vai no primeiro dia de aula que cai em uma sexta? – tento fazer drama e ela olha nos meus olhos, enquanto como o misto de queijo e presunto que ela tinha preparado pra mim.

– O tipo que tem uma mãe rigorosa com os estudos e deveria se sentir privilegiado por eu fazer de tudo por eles. – ela responde, ironicamente e eu forço um sorriso pra ela, que me manda outro, tomando mais um pouco de café. – Termina logo de comer, se não você vai se atrasar. 

– Queria conseguir me animar de voltar naquele lugar. 

– É seu penúltimo ano, se quer se livrar de lá de forma rápida e sem prejudicar o seu futuro, conseguindo no mínimo um emprego que te pague um salário mínimo daqui alguns anos, precisa fazer de tudo pra terminar o quanto antes. – ela rebate e eu respiro fundo, terminando de comer.

Quando saí de casa, comecei a andar em direção à escola, pensando durante todo o caminho como eu realmente não queria ter que ir para aquele lugar. Acredito firmemente que a escola, pra mim, é um lugar que não me ofertou muitas coisas boas, embora ela tenha, pelo menos, me dado o meu melhor amigo. 

Falando dele, inclusive, Antônio foi a primeira pessoa que vi quando cheguei naquela manhã. Sabe, ele é meu melhor amigo. Nos conhecemos quando ele se mudou para cá, há mais ou menos 6 ou 7 anos. Felizmente, ele acabou caindo na minha turma quando recém chegado e depois disso crescemos juntos, nossas famílias acabaram se conhecendo e todo mundo ficou tão íntimo, que às vezes parecemos uma família só. É aquela amizade tão antiga que até a família se gosta, fazendo, até mesmo, festas juntas. 

 Antônio tem a minha idade, é mais escuro que eu e tem cabelos mais claros, um castanho bem bonito e cacheado. Eu acho lindo aquele cabelo cheio de cachos definidos e bem curtinhos, principalmente quando o sol matinal bate e mostra o brilho que aquele cabelo provoca. Os olhos de Antônio parecem copiar a copa das árvores de tão verdes, o que sempre me deixa hipnotizado quando ele está concentrado em algo ou quando vai comer doce e as pupilas dilatam. Ele gosta muito de doce, então o olhar reage aquilo.

Hurricane (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora