- Babaca! - Disse dando um tapa na cara de Steve depois de empurrá-lo. - Será que não pode esperar para fazer as coisas?
- Garota namora comigo. - Ele disse colocando a mão no rosto e rindo. - Preciso mais desse beijo, foi rápido demais.
- Vai se lascar garoto. - Disse saindo furiosa.
Quando vi, todos estavam nos olhando, alguns riam, outros me olhavam torto. Talvez algumas garotas morreriam para ganhar um beijo surpresa de um guitarrista falido, e esse fosse o problema delas comigo. Sinceramente não estava interessada em saber.
Fui para a sala, peguei minhas coisas e então me dirigi para a sala da próxima aula que assistiria, Métodos Quantitativos e Estatística. Me sentei num lugar bem isolado, não queria que Steve sentasse perto de mim.
- Qual é o motivo do tapa? - Ele disse sentando na carteira na minha frente, os materiais que guardavam o lugar eram dele e eu nem notei. - Não fiz nada que você não soubesse que ia acontecer.
- Qual é a sua? - Perguntei com raiva. - Eu mal te conheço e você já vem cheio de graça. Será que não dá para ser simplesmente um amigo?
- Olha, não dá para simplesmente ser amigo de uma garota bonita como você sem tentar nada. Desculpa se me acha um babaca, mas um selinho não mata ninguém e você estava em débito comigo. Nunca brincou de verdade ou consequência, garota? Porque era como essa brincadeira , só isso.
- Tudo bem, apenas... Não sei, me deixe sozinha. - Falei ainda irritada.
- Isso ainda não acabou, duvido que não tenha gostado de me beijar.
- Talvez você tenha razão sobre isso. - Falei o encarando.
- Que gostou de me beijar?
- Não. - Eu ri. - Isso ainda não acabou, ainda vou fazer você me odiar.
- Duvido.
Uma professora entrou na sala, então ele ficou em silêncio. Ela nem quis saber nossos nomes, ou quantos anos temos, apenas deu "bom dia" e foi explicando a matéria do semestre. A mulher parecia exausta e algumas coisas que disse não fizeram muito sentido, porém ninguém a questionou.
Depois dessa aula tive mais dois horários então finalmente a aula acabou. Steve não havia falado nada nos últimos dois horários e fiquei grata por isso. Fui para a parada e acabei encontrando com Steve de novo.
- Não quero que pense que não quero ser seu amigo. - Ele tirou o capuz. - Não esperava que fosse ficar tão brava com uma brincadeira.
- Me desculpa, está bem? - Respirei fundo. - Acabei apelando com algo bobo.
- Não vou fazer mais isso, a menos que queira.
- Então nunca mais vai fazer. - Falei rude.
- É... Talvez Alexia, o tempo dirá.
Ele entrou no ônibus com um sorriso malicioso, então partiu. Fiquei na parada até que começou a chover, "mereço" pensei. Se passaram 20 minutos e nada de aparecer meu ônibus, então liguei para minha mãe e pedi que me buscasse, estava com frio.
- Não deveria sair sem um guarda-chuva. -Minha mãe disse abrindo a porta do carro. - Sabe que está numa época chuvosa.
- Nem me atentei a isso Sra. Davis, me desculpa. - Falei enquanto tentava me secar.
- Me chame de mãe mesmo quando eu tiver dando bronca Alexia. - Ela riu. - Como foi seu primeiro dia?
- Eu reencontrei um amigo, ele está na mesma sala que eu. - Falei.
- Algum colega do ensino médio? - Ela perguntou curiosa.
- Na verdade não, - Não sabia muito como contar aquilo, nem tinha certeza se ela sabia que eu tinha ido à um bar em meu aniversário - é um rapaz que conheci em outro lugar.
- Hmmm, quanto mistério. - Ela me olhou de relance enquanto dirigia. - Mas no geral, como foi?
Contei a ela como foram as aulas e o que os professores disseram de como seria o curso, ela pareceu bem interessada em tudo o que eu tinha a dizer. A verdade é que minha mãe queria que eu cursasse medicina como ela, mas nunca quis seguir essa carreira, isso de alguma forma a fazia ficar decepcionada comigo, mesmo que não tivesse culpa. Éramos só eu e ela em casa, minha mãe não sabia quem era o meu pai, ela tinha ido à uma festa e ficou com alguém que mal viu o rosto e então acabou engravidando. Me confessou que tinha sido difícil decidir se me abortaria ou não, mas acreditava que nenhuma vida deveria ser tirada sem antes ter a chance de experimentar o que é viver, e depois do meu nascimento tudo mudou, e segundo ela, para melhor. Não acreditava muito nisso, mesmo gostando de estar viva sempre me vinha a suposição de que a vida da minha mãe teria sido melhor se eu não tivesse nascido. Ela interrompeu seus estudos por minha causa, e hoje ela poderia ser uma médica mais bem vista se tivesse mais especializações, contudo, meu nascimento tomou o tempo dela até que não conseguiu mais conciliar os dois.
Algumas coisas me deixaram confusa ao longo do tempo com as explicações da minha mãe em relação a meu pai, por mais que ela me mandasse esquecer essa história, eu procurava por ele secretamente. Não estava certa de que era isso que eu deveria fazer. Ao chegarmos em casa, fui direto para o banho. A água quente me acalmava, mas acabei pensando em Steve. Menti para ele sobre não querer beijá-lo, ele é um rapaz muito atraente, porém não era do meu feitio beijar as pessoas sem sentimento. Isso parecia ser muito clichê, mas gostava de viver coisas verdadeiras e não vazias.
Meu celular vibrou então fui olhar o que era, e me impressionei ao ver que era uma mensagem de Steve. Como ele sabia meu número?
Você esqueceu seu livro comigo, me encontre hoje à noite, 20h no Pretzel Café. Te espero lá.
SteveCorri até minha bolsa e vi que o livro que tinha levado para ler no intervalo das aulas não estava lá. Não sei se achava ruim ter recebido aquele convite, mas tinha certeza que Steven pegou, tinha guardado na mochila antes de sair da sala. Ele me irritava e não sei se achava isso bom ou ruim.
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Prazer, Steven Harris
Teen FictionAlexia é uma garota aventureira que vive em Toronto, Canadá. Sua vida tem uma reviravolta quando conhece o misterioso Steven Harris num bar na véspera do ano novo. (História em desenvolvimento)